Bom dia/ boa noite pessoal!
No último post eu parei quando eu e o Matt começamos a
namorar depois que eu o pedi em namoro...rs. E foi isso mesmo. Depois disso eu
expliquei pro Matt o conceito de “chaveco” e falei pra ele que eu que o
chavequei....kkkk. Aí virou piada. Ele sempre brinca: “Gringo: no chaveco?” e
eu falo: “no baby, gringo, no chaveco!!”...kkkk
Depois de dez anos esperando meu José eu não podia correr o
risco de vê-lo embora... valeu muito a pena ter feito isso. Quanto ao tempo (10
anos esperando) muita gente, especialmente amigas e amigos que também estão
rezando para encontrar suas almas-gêmeas, me falam: “ah Elisa, mas 10 anos é
muito tempo! Deus não pode demorar tanto assim comigo”. Eu entendo perfeitamente
e sei que muitas vezes não é nada fácil esperar o tempo de Deus. Mas é necessário.
Porque Deus sabe muito, muito melhor que nós qual é o melhor tempo pra tudo.
Falar que Deus “demora” é como dizer que um pai e uma mãe estão demorando pra
dar uma bicicleta a um filho que ainda engatinha... não faz sentido.
No meu caso, eu posso dizer que Deus foi, como sempre, muito
perfeito em me deixar esperando todos esses anos. Por milhares de motivos. Só
pra citar alguns: primeiro que eu passei vários anos, como já disse em outros
posts, numa pindaíba danada. Se eu tivesse conhecido o Matt naquela época eu
não teria um tostão furado nem pra ir encontrá-lo em Sertãozinho. E depois,
Deus foi preparando os nossos corações, mentes e almas pra encontrar um ao outro
e viver essa nova fase.
Não da pra saber qual a pedagogia que Deus utiliza com a
gente quando “demora” pra nos mandar algo que pedimos muito mas eu gosto de
pensar que ele muitas vezes está nos preparando. No filme “Ray” sobre a vida do
maravilhoso Ray Charles, há uma cena tocante que me faz pensar muito sobre como
Deus age conosco.
Explicando: a cena se passa quando o Ray tinha uns sete anos
e começou a ficar cego. Ele vivia com a
mãe e os irmãos em uma casa muito pobre. Nesta cena, o Ray menino vem correndo
pra dentro de casa chamando a mãe e tropeça (já era a cegueira em estágio
evoluído). Ele cai no chão gritando pela mãe e ela quando vê o menino tem um
primeiro impulso de pegá-lo, como faria qualquer mãe. Mas ela recua num gesto
ao mesmo tempo lindo e muito sofrido. Ela recua porque sabia muito bem que o
filho precisava aprender a “andar” sem ela, quase que literalmente. Ela sabia
que o processo de cegueira estava evoluindo e não teria volta e o mais difícil
de tudo: ela não estaria com ele todo o tempo. Ele vai tateando o chão e
finalmente fala: “mãe, você está aí”. A cena é maravilhosa e é difícil segurar
o choro. Muitos anos mais tarde, o Ray Charles fez uma música
linda em homenagem à mãe dele que diz assim: “my mother told me, before she
passed away, she said: son, when I´m gone, don´t forget to pray, cause there
will be hard times, hard times...oh yeah, who knows, better than I?”
O que eu penso sobre isso é que Deus age exatamente assim
conosco: muitas vezes Ele parece recuar, parece não ouvir quando nós caímos e
chamamos por Ele. Mas Ele está ouvindo e
está fazendo ou pelo menos permitindo isso pro nosso próprio bem, para que essa
espera dê muitos frutos...
Mas então, continuando: eu e o Matt começamos a namorar no
domingo de carnaval, depois de eu fazer o pedido solene...kkkk. Naquele mesmo
dia, nós fomos à nossa primeira missa juntos e eu a ofereci em ação de graças
por aquele favor imenso que eu tanto pedi a Deus...
O primeiro presente que o Matt me deu e que ele trouxe da
Australia aquela semana foi um terço. Então, no dia seguinte nós combinamos de
no final da tarde rezarmos também o terço juntos, que é uma devoção mariana que
eu e ele temos há muito tempo. Nós sentamos na parte de fora do hotel em um
sofasinho e começamos a rezar. Como todos os dias, estava tendo bloquinho.
Várias pessoas passavam com cerveja na mão, dançando e pulando e algumas
olhavam pra nós dois ali em pleno carnaval do Rio de Janeiro rezando o terço na
varanda do hotel e eu acho que elas pensavam: “acho que eu bebi
demais...”..kkkkkk
Eu rezei infinitos terços antes de conhecer o Matt pedindo a
intercessão de Nossa Senhora pra que eu encontrasse meu José. No dia do meu
casamento eu entrei na igreja com esse mesmo terço pendurado no meu pulso e foi
como se Nossa Senhora estivesse me conduzindo pela mão até meu marido.
Bom, o resto da semana foi maravilhoso, sem palavras. Eu e o
Matt nos divertimos muito, eu o levei pra conhecer as outras praias famosas:
Ipanema, Leblon, Copacabana, o Cristo Redentor e claro: apresentei a
maravilhosa culinária brasileira pra ele!!
Estava tudo indo muito bem mas eu também tinha em mente uma
coisa: como nós vamos fazer pra isso dar certo? Porque é claro que sabendo que
seu namorado vai embora pro outro lado do mundo, várias coisas passam pela sua
cabeça...
Então foi que aconteceu o que eu considero o mais lindo
episódio do nosso amor. Pelo menos até agora.
No sábado, praticamente o nosso ultimo dia no Rio, porque nós
iríamos embora no domingo, nós fomos à praia e estávamos conversando e bebendo
uma caipirinha de boa. Foi quando sem querer, ou por querer, nós começamos um
papo sobre casamento, filhos, vocação ao matrimônio, várias coisas. Aí foi a vez do Matt me surpreender com uma
pergunta.
Ele olhou pra mim e perguntou: “quantos filhos você quer
ter?”
Uiiiiiiiii. Aí eu parei um momento... vou explicar: há vários
anos, quando eu comecei o meu processo de conversão, como expliquei nos posts
anteriores, eu comecei a ler muito, meditar e tentar entender o que era o plano
de Deus para os casais e a famosa abertura à vida, que a Igreja tanto defende.
Foi um processo, mas a essa altura do campeonato eu já entendia muito bem esse
aspecto tão importante da vida daqueles que Deus chama ao matrimônio. Porém, muitas
vezes é difícil fazer as pessoas compreenderem essa dimensão da vida cristã, em
especial no mundo de hoje onde é mais “fácil” apelar pra tantos subterfúgios. E pra completar, eu sempre ouvia de algumas
pessoas que eu estava solteira porque os homens se assustavam com a minha ideia
de “abertura à vida e generosidade no número de filhos”.
Então naquela hora eu pensei: “putz, e agora? Não está meio
cedo pra essa pergunta?”. Mas não estava...mal sabia eu que eu podia até ser firme
na fé mas eu estava diante do homem que Deus preparou pra mim e ele é tão ou
mais convicto que eu.
Eu confesso que durante toda minha vida eu neguei minha fé
várias vezes, por preguiça, por vergonha ou por pura falta de fortaleza mesmo. Mas
eu não queria mais negar.... eu sabia qual era a resposta certa. Na bíblia diz
que quando João Batista estava batizando a todos, os fariseus e doutores da lei
se recusaram e então “frustraram os desígnios de Deus a respeito deles”. Fiquei
pensando quantas vezes em que eu me fechei à graça e fiz o mesmo: frustrei os
planos de Deus pra minha vida.
Naquele momento passou a vida de São Pedro na minha cabeça.
Pedro foi um apóstolo muito querido do Mestre. Testemunhou inúmeros milagres
bem como a infinita bondade e divindade de Jesus. Isso, entretanto, não o
impediu de negar Jesus três vezes um pouco antes da paixão. Então, quando Jesus
queria delegar a ele o comando da Igreja nascente, Nosso Senhor faz uma
pergunta a ele: “Pedro, tu me amas?”. E ele responde: “Sim, Senhor, eu te amo”.
E Jesus torna a perguntar: “Tu me amas? Ao que ele responde novamente: “sim
Senhor, eu te amo”. E então Jesus pergunta pela terceira vez e Pedro se
entristece, mas dá uma resposta que é uma das profissões de fé mais lindas das
Sagradas Escrituras. Pedro diz: “Senhor, tu sabes tudo. Tu sabes que eu te
amo”. Ah que lindo! Pedi então a São Pedro que me desse essa força, e que me ajudasse a não negar mais o que eu tinha bem claro no meu coração.
Então naquele momento que o Matt me perguntou eu disse:
“Matt, eu quero ter tantos filhos quantos Deus quiser que eu
tenha”....
E aí sabe o que ele falou?????
“Resposta certa! Quer casar comigo???”
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
E foi assim, em plena Barra da Tijuca, na frente daquele marzão
imenso na cidade maravilhosa que o amor da minha vida me pediu em casamento e
confirmou o que eu já sabia: “ Deus não perde batalhas”.
Então pessoal, o nosso milagre aconteceu e continua
acontecendo, não só na minha vida e na do Matt mas na de todos os que se
confiam a Deus.
Teoricamente a história que eu queria contar acaba aqui.
Porém, eu decidi continuar com o blog por mais algum tempo, pelo menos mais
alguns meses antes do menininho lindo, fruto maior desse milagre, chegar.
Porque como eu disse lá no primeiro post, a nossa história de amor é apenas o
pano de fundo do propósito desse blog, cuja maior intenção é falar de fé e de
tudo que concerne a isso. Por isso, ficarei mais um tempo.
Espero que vocês tenham gostado e se de todas as pessoas que
leram um ou mais ou todos os posts se decidirem a seguir a Deus mais de perto, já
vai ter valido a pena. Porque afinal de contas:
“Meu coração foi feito por Ti e não descansará enquanto não
repousar em Ti”. Santo Agostinho
Mil beijos e fiquem com Deus!