Bom
dia/ boa noite pessoal!
Hoje
o capítulo se chama: “Abertura à vida”.
Resolvi
falar sobre esse tema por vários motivos mas principalmente, porque além de ser
um tema importantíssimo, há muita dúvida em relação a ele, inclusive por parte
dos católicos.
Essa
história de “abertura à vida” na minha vida (rs) começou há muitos anos quando
minha mãe teve meus dois irmãos caçulas e nós viramos cinco irmãos. Eu era
simplesmente a única pessoa na escola com mais de dois irmãos. Eu acho que todo
mundo que passa pela infância/adolescência sabe que a única coisa que você quer
é ser igual, ou pelo menos, não tão diferente.
Mas a essa altura, eu ainda não entendia muito bem esse negócio de
generosidade no número de filhos, abertura à vida, etc.
Quando
eu fiquei mais velha e comecei a entender, e entrar na minha fase “revolts”, eu
questionava: “mas se hoje existem tantos métodos pra barrar artificialmente uma
gravidez: pílulas anticoncepcionais, camisinha, DIU, até as cirurgias de
esterilidade permanente, por que não fazê-lo?”.
Somente
muitos anos mais tarde, quando começou meu processo de conversão (do qual já
falei bastante nos outros posts) é que eu comecei a ler exaustivamente sobre
isso e a entender direito. Felizmente, Deus me deu todas as graças necessárias
pra entender o porquê, Ele, que é o autor da vida, quer que nós não nos oponhamos
à ela, em nenhuma circunstância. Porém, a forma como Deus me fez entender foi
muito além das palavras e dos sábios argumentos que eu encontrei em diversos
autores e teólogos. Ele me deu o imenso privilégio de conhecer inúmeras
famílias numerosas, que pra minha surpresa, tinham muito mais que “apenas”
quatro irmãos, como eu..rs. Essas famílias, e algumas delas estão nas fotos
logo abaixo, me deixaram intrigada. Observando-as eu pude ver características
muito claras nelas, que eu poderia citar: a união, a alegria, o espírito de
serviço, a fé, o companheirismos dos irmãos, a incrível sintonia dos pais...
mas pra falar a verdade, o que era mais característico dessas famílias é algo
que não se pode dizer com palavras. É como olhar uma obra-prima: a Pietá de
Michelangelo ou a Capela Sistina no Vaticano, por exemplo, e alguém te
perguntar o que você acha. Não da pra dizer exatamente. Então resumindo, essas
famílias me fizeram entender o ditado: “a palavra comove, mas o exemplo
arrasta”. Ver o exemplo dessas famílias foi o argumento mais irrefutável a
favor da vida.
Então,
continuando: a abertura à vida tem vários aspectos e nuances mas acho que pode
ser bem resumida como a abertura de todos nós que recebemos a vocação para o
sagrado matrimônio à fecundidade que essa vocação supõe. Pela sua própria
natureza, o sagrado matrimônio e o amor conjugal estão ordenados à procriação e
educação dos filhos, que são o ponto alto da missão dos esposos e também nosso
maior presente. Deus ama a vida e Ele ama de paixão. Ele quis preservar a vida
de tal modo que instituiu para isso o sagrado matrimônio, para que dentro desse
sacramento, solidamente contraído e vivido pelos esposos, fossem geradas novas
criaturas. Pode- se dizer então que cada novo filho é como o amor entre os
casais que transbordou.
A
abertura à vida é, portanto não se opor à essa dádiva divina. Barrar essa
fecundidade de forma artificial seria ir contra o valor mais sublime e
indissociável do matrimônio: o amor. Segundo Kimberly Hahn: “um amor que seja
voluntariamente estéril, não é amor”. (aqui um breve comentário- acho que toda
mulher deveria ler esse livro: “Amor que dá a vida”).
Mas
então vou falar sobre isso de forma mais prática e ao mesmo tempo misturando
com a doutrina da Igreja para ficar mais fácil.
Para
isso vou tentar enumerar alguns “mitos e lendas” que ouço sempre à respeito da
abertura à vida.
1) Ser aberto à vida e usar dos métodos
permitidos pela Igreja Católica para espaçar gravidezes significa que eu vou
ter que ter muitos filhos.
Não.
Embora Deus peça aos esposos que sejam generosos, ser aberto à vida não
significa necessariamente ter uma família numerosa. Para cada casal Ele tem um
plano diferente. Para alguns, ele quer poucos filhos, para outros vários, para
outros nenhum. O importante é não se fechar ao que Deus espera de nós e não tomarmos
decisões em relação ao número de filhos baseadas apenas em questões puramente
humanas ou ainda segundo nosso egoísmo.
2) Ter que usar da continência distancia
o casal e complica o relacionamento bem como ter filhos logo quando se casa.
Nada
mais errado e não condizente com a realidade. O casal italiano Angelo e Conceta
Filardo, que há trinta anos se dedica a propagar os métodos naturais, diz que Deus
colocou no corpo da mulher todos os sinais perfeitos de fertilidade que falam
por si para servirem de guia para o planejamento natural.
Portanto,
dizer que o uso desses métodos pelos casais atrapalharia o próprio
relacionamento entre eles é como dizer que Deus estivesse nos falando: “olha,
eu coloquei esse mandamento para vocês -maridos e esposas- mas, é só para
atrapalhar vocês, o casamento, o futuro dos filhos, etc”. Não faz o menor
sentido! E é muito ao contrário: se assim Deus o quer, é porque Ele, mais que
ninguém, mais do que nós mesmos, quer a nossa felicidade e sabe que esse é o
caminho.
Para
corroborar com esse argumento, basta olhar alguns dados: as taxas de divórcio
entre os casais que utilizam o “Planejamento Familiar Natural” é, segundo o
relatório JF Kiplling, menor que 5%. Apenas a título de comparação, a taxa de
divórcio no Brasil está em alarmantes (e tristes) 50%.
Finalmente,
há inúmeros depoimentos de casais que utilizam os métodos de Planejamento
Familiar Natural (PFN) que atestam que eles aumentam a intimidade entre os casais,
favorece o companheirismo e o diálogo. Segundo a encíclica Humanae
Vitae “mas, esta disciplina, própria da natureza dos esposos, longe de ser
nociva ao amor conjugal, confere-lhe pelo contrário um valor humano bem mais
elevado. Requer um esforço contínuo, mas, graças ao seu benéfico influxo, os
cônjuges desenvolvem integralmente a sua personalidade, enriquecendo-se de
valores espirituais: ela acarreta à vida familiar frutos de serenidade e de paz
e facilita a solução de outros problemas; favorece as atenções dos cônjuges, um
para com o outro, ajuda-os a extirpar o egoísmo, inimigo do verdadeiro amor e
enraíza-os no seu sentido de responsabilidade no cumprimento de seus deveres”.
3) Não vou conseguir dar o melhor para os
meus filhos se eu tiver uma família numerosa
Aqui
novamente reside um erro. Aquilo que nós sempre ouvimos que “o melhor presente
pra um filho é um irmão” é a mais pura verdade. São infinitos os benefícios,
desde poder compartilhar as experiências da vida com aqueles que vão ser sempre
seus melhores amigos, até saber repartir, pensar nos outros, ter alguém para te
defender, e finalmente a alegria da casa mais cheia!
Agora
uma história minha, que tenho a imensa felicidade e o privilégio de ter quatro
irmãos maravilhosos. Em 2007 eu me mudei pra São Paulo pra trabalhar. Aos fins
de semana eu voltava pra Ribeirão e pegava carona com amigos diferentes. Tinha
uns meninos que de vez em quando me davam carona que eram umas figuras. Nós
íamos batendo papo e dando risada o caminho inteiro. Numa dessas voltas pra SP
de domingo a noite, eles passaram em casa pra me buscar, eu entrei no carro e
um deles me perguntou: “e aí, foi pra balada esse fim de semana?”. E eu falei:
“não”. Aí ele falou: “cinema?”. Eu falei: “também não”. E ele novamente: “bar?”
“também não”. Aí finalmente ele falou: “mas então o que você fez esse fim de
semana?”. Aí eu fiquei pensando: “Nossa, é mesmo, não sai de casa!!!”. Muitas
vezes eu realmente nem saia de casa simplesmente porque a minha casa pra mim
era a maior balada de Ribeirão. De todas as coisas que eu tenho saudades do
Brasil- e eu tenho muita- com certeza a que eu mais sinto falta é de todo mundo
reunido antes dos almoços de sábado e domingo e outras ocasiões. Era simplesmente
uma festa. Todo mundo ia chegando, tomando uns aperitivos, batendo papo, dando
risada...que saudade!
4) “Não vou dar conta de tantos filhos”
Se
tem uma coisa que nós podemos ter certeza absoluta é a de que o casal que se
abre generosamente aos filhos e os acolhe com alegria, Deus dá TODAS as graças-
físicas, materiais, espirituais e psicológicas- para cria-los e educa-los.
Isso
quer dizer que eu vou ter recursos para fazer festinhas de arromba a cada
aniversário, comprar as roupinhas e os presentes mais caros, viajar ao exterior
todo ano? Não. E muito provavelmente isso nem seria o melhor para os filhos.
Apenas quer dizer que Deus munirá o casal de todas as forças necessárias para
criar um lar saudável, luminoso e alegre.
Além
do mais, é uma besteira muito grande nós pensarmos que o que fazemos é mérito
nosso, ou pelo menos, exclusivamente nosso. Tudo é graça de Deus.
Quando
eu e o Matt ficamos noivos, várias pessoas me perguntavam: “mas você não está
com medo?” afinal de contas, nossa história é bem sui generis e teria “humanamente falando” vários motivos pra eu
ficar receosa. Mas eu sempre respondia a mesma coisa: que não. E não era só
porque eu sabia que o Matt era o homem mais virtuoso e maravilhoso que eu já
havia conhecido e nem por causa da certeza do amor dele por mim e do meu por
ele. Isso já seria muito mas não o suficiente pra me dar tanta paz e
tranquilidade. A minha segurança vinha do apoio que eu e ele temos de Deus, e das
infinitas graças que nós recebemos, especialmente dos sacramentos- da comunhão
diária e da confissão frequente- que nos fortalece e nos prepara para os
inúmeros obstáculos da vida matrimonial. Quantos casais lindos e apaixonados
que nós conhecemos que depois de um tempo se separam porque confiaram apenas
nas suas pobres e limitadas forças? Quantas famílias lindas que desabaram? A vida é muito longa e os obstáculos muito
numerosos para nós nos apoiarmos somente em nós. A Bíblia diz: “infeliz do
homem que coloca sua esperança no homem” e “bendito o homem que deposita sua confiança
no Senhor”.
5) Hoje em dia é impossível viver o que a
Igreja nos pede em relação à abertura a vida.
Isso
também não é verdade e a prova cabal contra esse argumento são as inúmeras
famílias que vivem de acordo com a moral cristã no mundo inteiro. Não quer
dizer que seja fácil, e que não vai exigir por vezes sacrifícios heroicos por
parte das famílias. Só quer dizer que dificuldades sempre existiram. Se hoje ao
receber uma nova criança, os pais passam por dificuldades como o medo da falta
de segurança, os custos de educação e saúde, a falta de tempo, entre outras,
antigamente havia outras inúmeras dificuldades: várias doenças infantis ainda
não haviam sido erradicadas, não havia antibióticos, hospitais de primeira
linha, os filhos nasciam de parteiras e as vezes em condições muito precárias, as
fraldas não eram descartáveis (aliás, até há bem pouco tempo), entre outras
tantas.
Viver
segundo a fé e os mandamentos que Cristo nos deixou realmente não é fácil. Mas
nunca foi. Basta lembrarmo-nos de como Jesus causou escândalo quando falou da
indissolubilidade do matrimônio. Os apóstolos ficaram tão chocados inicialmente
que alguns disseram: “Se é assim, é melhor não se casar”. Mas Jesus não mudou
uma vírgula de sua pregação.
A
abertura à vida, portanto requer sacrifício, doação e um “sim” constante da
nossa parte. Mas traz consigo uma alegria que o mundo não pode nos dar.
Pensemos no “sim” de Maria. Pela sua aceitação irrevogável da vontade do Pai, a
humanidade saiu das trevas e conheceu o Salvador. Quantas coisas maravilhosas
nós também não faremos se dissermos “sim” aos planos de Deus pras nossas vidas
e pras nossas famílias? Jesus disse: “em verdade vos digo, que se acreditares
em mim e guardarem a minha palavra, farão coisas ainda maiores que essas”. Vale
a pena!
Algumas fotos das famílias que mencionei: Os Yacoub- 6 filhos, os Iorio de Moraes- 11 filhos, os Genovez Braga- 7 filhos e os Soares de Almeida Marin- 5 filhos!
Acho que não precisa de legendas...rs
Mil beijos e fiquem com Deus!





