sábado, 21 de maio de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!
Hoje o capítulo se chama: “Abertura à vida”.

Resolvi falar sobre esse tema por vários motivos mas principalmente, porque além de ser um tema importantíssimo, há muita dúvida em relação a ele, inclusive por parte dos católicos.

Essa história de “abertura à vida” na minha vida (rs) começou há muitos anos quando minha mãe teve meus dois irmãos caçulas e nós viramos cinco irmãos. Eu era simplesmente a única pessoa na escola com mais de dois irmãos. Eu acho que todo mundo que passa pela infância/adolescência sabe que a única coisa que você quer é ser igual, ou pelo menos, não tão diferente.  Mas a essa altura, eu ainda não entendia muito bem esse negócio de generosidade no número de filhos, abertura à vida, etc.

Quando eu fiquei mais velha e comecei a entender, e entrar na minha fase “revolts”, eu questionava: “mas se hoje existem tantos métodos pra barrar artificialmente uma gravidez: pílulas anticoncepcionais, camisinha, DIU, até as cirurgias de esterilidade permanente, por que não fazê-lo?”.

Somente muitos anos mais tarde, quando começou meu processo de conversão (do qual já falei bastante nos outros posts) é que eu comecei a ler exaustivamente sobre isso e a entender direito. Felizmente, Deus me deu todas as graças necessárias pra entender o porquê, Ele, que é o autor da vida, quer que nós não nos oponhamos à ela, em nenhuma circunstância. Porém, a forma como Deus me fez entender foi muito além das palavras e dos sábios argumentos que eu encontrei em diversos autores e teólogos. Ele me deu o imenso privilégio de conhecer inúmeras famílias numerosas, que pra minha surpresa, tinham muito mais que “apenas” quatro irmãos, como eu..rs. Essas famílias, e algumas delas estão nas fotos logo abaixo, me deixaram intrigada. Observando-as eu pude ver características muito claras nelas, que eu poderia citar: a união, a alegria, o espírito de serviço, a fé, o companheirismos dos irmãos, a incrível sintonia dos pais... mas pra falar a verdade, o que era mais característico dessas famílias é algo que não se pode dizer com palavras. É como olhar uma obra-prima: a Pietá de Michelangelo ou a Capela Sistina no Vaticano, por exemplo, e alguém te perguntar o que você acha. Não da pra dizer exatamente. Então resumindo, essas famílias me fizeram entender o ditado: “a palavra comove, mas o exemplo arrasta”. Ver o exemplo dessas famílias foi o argumento mais irrefutável a favor da vida.

Então, continuando: a abertura à vida tem vários aspectos e nuances mas acho que pode ser bem resumida como a abertura de todos nós que recebemos a vocação para o sagrado matrimônio à fecundidade que essa vocação supõe. Pela sua própria natureza, o sagrado matrimônio e o amor conjugal estão ordenados à procriação e educação dos filhos, que são o ponto alto da missão dos esposos e também nosso maior presente. Deus ama a vida e Ele ama de paixão. Ele quis preservar a vida de tal modo que instituiu para isso o sagrado matrimônio, para que dentro desse sacramento, solidamente contraído e vivido pelos esposos, fossem geradas novas criaturas. Pode- se dizer então que cada novo filho é como o amor entre os casais que transbordou.

A abertura à vida é, portanto não se opor à essa dádiva divina. Barrar essa fecundidade de forma artificial seria ir contra o valor mais sublime e indissociável do matrimônio: o amor. Segundo Kimberly Hahn: “um amor que seja voluntariamente estéril, não é amor”. (aqui um breve comentário- acho que toda mulher deveria ler esse livro: “Amor que dá a vida”).
Mas então vou falar sobre isso de forma mais prática e ao mesmo tempo misturando com a doutrina da Igreja para ficar mais fácil.

Para isso vou tentar enumerar alguns “mitos e lendas” que ouço sempre à respeito da abertura à vida.
1)    Ser aberto à vida e usar dos métodos permitidos pela Igreja Católica para espaçar gravidezes significa que eu vou ter que ter muitos filhos.
Não. Embora Deus peça aos esposos que sejam generosos, ser aberto à vida não significa necessariamente ter uma família numerosa. Para cada casal Ele tem um plano diferente. Para alguns, ele quer poucos filhos, para outros vários, para outros nenhum. O importante é não se fechar ao que Deus espera de nós e não tomarmos decisões em relação ao número de filhos baseadas apenas em questões puramente humanas ou ainda segundo nosso egoísmo.

2)    Ter que usar da continência distancia o casal e complica o relacionamento bem como ter filhos logo quando se casa.
Nada mais errado e não condizente com a realidade. O casal italiano Angelo e Conceta Filardo, que há trinta anos se dedica a propagar os métodos naturais, diz que Deus colocou no corpo da mulher todos os sinais perfeitos de fertilidade que falam por si para servirem de guia para o planejamento natural.

Portanto, dizer que o uso desses métodos pelos casais atrapalharia o próprio relacionamento entre eles é como dizer que Deus estivesse nos falando: “olha, eu coloquei esse mandamento para vocês -maridos e esposas- mas, é só para atrapalhar vocês, o casamento, o futuro dos filhos, etc”. Não faz o menor sentido! E é muito ao contrário: se assim Deus o quer, é porque Ele, mais que ninguém, mais do que nós mesmos, quer a nossa felicidade e sabe que esse é o caminho.
Para corroborar com esse argumento, basta olhar alguns dados: as taxas de divórcio entre os casais que utilizam o “Planejamento Familiar Natural” é, segundo o relatório JF Kiplling, menor que 5%. Apenas a título de comparação, a taxa de divórcio no Brasil está em alarmantes (e tristes) 50%.

Finalmente, há inúmeros depoimentos de casais que utilizam os métodos de Planejamento Familiar Natural (PFN) que atestam que eles aumentam a intimidade entre os casais, favorece o companheirismo e o diálogo. Segundo a encíclica  Humanae Vitae “mas, esta disciplina, própria da natureza dos esposos, longe de ser nociva ao amor conjugal, confere-lhe pelo contrário um valor humano bem mais elevado. Requer um esforço contínuo, mas, graças ao seu benéfico influxo, os cônjuges desenvolvem integralmente a sua personalidade, enriquecendo-se de valores espirituais: ela acarreta à vida familiar frutos de serenidade e de paz e facilita a solução de outros problemas; favorece as atenções dos cônjuges, um para com o outro, ajuda-os a extirpar o egoísmo, inimigo do verdadeiro amor e enraíza-os no seu sentido de responsabilidade no cumprimento de seus deveres”.

3)    Não vou conseguir dar o melhor para os meus filhos se eu tiver uma família numerosa
Aqui novamente reside um erro. Aquilo que nós sempre ouvimos que “o melhor presente pra um filho é um irmão” é a mais pura verdade. São infinitos os benefícios, desde poder compartilhar as experiências da vida com aqueles que vão ser sempre seus melhores amigos, até saber repartir, pensar nos outros, ter alguém para te defender, e finalmente a alegria da casa mais cheia!

Agora uma história minha, que tenho a imensa felicidade e o privilégio de ter quatro irmãos maravilhosos. Em 2007 eu me mudei pra São Paulo pra trabalhar. Aos fins de semana eu voltava pra Ribeirão e pegava carona com amigos diferentes. Tinha uns meninos que de vez em quando me davam carona que eram umas figuras. Nós íamos batendo papo e dando risada o caminho inteiro. Numa dessas voltas pra SP de domingo a noite, eles passaram em casa pra me buscar, eu entrei no carro e um deles me perguntou: “e aí, foi pra balada esse fim de semana?”. E eu falei: “não”. Aí ele falou: “cinema?”. Eu falei: “também não”. E ele novamente: “bar?” “também não”. Aí finalmente ele falou: “mas então o que você fez esse fim de semana?”. Aí eu fiquei pensando: “Nossa, é mesmo, não sai de casa!!!”. Muitas vezes eu realmente nem saia de casa simplesmente porque a minha casa pra mim era a maior balada de Ribeirão. De todas as coisas que eu tenho saudades do Brasil- e eu tenho muita- com certeza a que eu mais sinto falta é de todo mundo reunido antes dos almoços de sábado e domingo e outras ocasiões. Era simplesmente uma festa. Todo mundo ia chegando, tomando uns aperitivos, batendo papo, dando risada...que saudade!

4)    “Não vou dar conta de tantos filhos”
Se tem uma coisa que nós podemos ter certeza absoluta é a de que o casal que se abre generosamente aos filhos e os acolhe com alegria, Deus dá TODAS as graças- físicas, materiais, espirituais e psicológicas- para cria-los e educa-los.

Isso quer dizer que eu vou ter recursos para fazer festinhas de arromba a cada aniversário, comprar as roupinhas e os presentes mais caros, viajar ao exterior todo ano? Não. E muito provavelmente isso nem seria o melhor para os filhos. Apenas quer dizer que Deus munirá o casal de todas as forças necessárias para criar um lar saudável, luminoso e alegre.
Além do mais, é uma besteira muito grande nós pensarmos que o que fazemos é mérito nosso, ou pelo menos, exclusivamente nosso. Tudo é graça de Deus.

Quando eu e o Matt ficamos noivos, várias pessoas me perguntavam: “mas você não está com medo?” afinal de contas, nossa história é bem sui generis e teria “humanamente falando” vários motivos pra eu ficar receosa. Mas eu sempre respondia a mesma coisa: que não. E não era só porque eu sabia que o Matt era o homem mais virtuoso e maravilhoso que eu já havia conhecido e nem por causa da certeza do amor dele por mim e do meu por ele. Isso já seria muito mas não o suficiente pra me dar tanta paz e tranquilidade. A minha segurança vinha do apoio que eu e ele temos de Deus, e das infinitas graças que nós recebemos, especialmente dos sacramentos- da comunhão diária e da confissão frequente- que nos fortalece e nos prepara para os inúmeros obstáculos da vida matrimonial. Quantos casais lindos e apaixonados que nós conhecemos que depois de um tempo se separam porque confiaram apenas nas suas pobres e limitadas forças? Quantas famílias lindas que desabaram?  A vida é muito longa e os obstáculos muito numerosos para nós nos apoiarmos somente em nós. A Bíblia diz: “infeliz do homem que coloca sua esperança no homem” e “bendito o homem que deposita sua confiança no Senhor”.

5)    Hoje em dia é impossível viver o que a Igreja nos pede em relação à abertura a vida.
Isso também não é verdade e a prova cabal contra esse argumento são as inúmeras famílias que vivem de acordo com a moral cristã no mundo inteiro. Não quer dizer que seja fácil, e que não vai exigir por vezes sacrifícios heroicos por parte das famílias. Só quer dizer que dificuldades sempre existiram. Se hoje ao receber uma nova criança, os pais passam por dificuldades como o medo da falta de segurança, os custos de educação e saúde, a falta de tempo, entre outras, antigamente havia outras inúmeras dificuldades: várias doenças infantis ainda não haviam sido erradicadas, não havia antibióticos, hospitais de primeira linha, os filhos nasciam de parteiras e as vezes em condições muito precárias, as fraldas não eram descartáveis (aliás, até há bem pouco tempo), entre outras tantas.

Viver segundo a fé e os mandamentos que Cristo nos deixou realmente não é fácil. Mas nunca foi. Basta lembrarmo-nos de como Jesus causou escândalo quando falou da indissolubilidade do matrimônio. Os apóstolos ficaram tão chocados inicialmente que alguns disseram: “Se é assim, é melhor não se casar”. Mas Jesus não mudou uma vírgula de sua pregação.

A abertura à vida, portanto requer sacrifício, doação e um “sim” constante da nossa parte. Mas traz consigo uma alegria que o mundo não pode nos dar. Pensemos no “sim” de Maria. Pela sua aceitação irrevogável da vontade do Pai, a humanidade saiu das trevas e conheceu o Salvador. Quantas coisas maravilhosas nós também não faremos se dissermos “sim” aos planos de Deus pras nossas vidas e pras nossas famílias? Jesus disse: “em verdade vos digo, que se acreditares em mim e guardarem a minha palavra, farão coisas ainda maiores que essas”. Vale a pena!

Algumas fotos das famílias que mencionei: Os Yacoub- 6 filhos, os Iorio de Moraes- 11 filhos, os Genovez Braga- 7 filhos e os Soares de Almeida Marin- 5 filhos!
Acho que não precisa de legendas...rs
Mil beijos e fiquem com Deus!







quarta-feira, 11 de maio de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!
Conforme prometido: o blog segue em frente! Uhuuuu

Muito, muito obrigada por todas as mensagens e feedbacks maravilhosos! Vibro com cada um e com certeza me ajudaram a continuar.

Eu pensei muito sobre o que falar nos próximos posts e cheguei à conclusão dos temas, em especial desse tema de hoje, porque ele também é relacionado diretamente com o “nosso milagre” e também porque falar do milagre é falar do processo que levou a ele, em tudo que eu recebi de ensinamentos de pessoas maravilhosas, de livros, de retiros, convívios, romarias, etc. Porque finalmente, como diz o título de um dos livros do Scott Hahn: “todos os caminhos levam a Roma”.

Então, cada post a partir de agora vai ter um tema, tipo um capítulo.
O capítulo de hoje se chama: “Meu temperamento: meu caminho de santificação”

Essa história começou há muitos e muitos anos quando minha família inteira, meus pais, meus quatro irmãos e eu fazíamos direção espiritual com o mesmo sacerdote: o famoso padre Zé Lino.

O meu pai e o padre Zé Lino se davam muito bem provavelmente porque tinham duas coisas em comum: a descendência espanhola e o temperamento forte.  Um dia conversando com meu pai, o padre Zé Lino falou: “Betão, nosso temperamento é nosso caminho de santificação”.

O meu pai nesse dia chegou em casa contando essa história mas na época eu não entendi muito bem. Muitos anos depois, quando eu comecei a me aprofundar na direção espiritual e descobrir meus próprios defeitos, e quem diria, o temperamento parecido com o do meu pai, eu comecei a entender porque o padre Zé Lino havia falado isso.

Explicando: as vezes para nós de temperamento forte, é muito, muito difícil conter a impetuosidade, a resposta brusca e até mesmo a falta de educação. Por isso o padre Zé Lino falou que pra quem tem esse tipo de temperamento, ele é o próprio caminho de santificação: porque é um esforço diário e as vezes bem grande melhorar e não faltar com a caridade com o próximo e não azedar o ambiente. O meu pai é um homem maravilhoso e admirável, extremamente virtuoso, trabalhador e generoso, mas é também um espanholsão osso duro de roer...

Então agora vou contar duas histórias sobre ele e depois vou explicar por que as contei: a primeira aconteceu no ano passado, um pouco antes do meu casamento.

Meu pai não gosta de comprar roupa e nem adianta dar de presente porque ele também não usa. Ele tem apenas um terno, cinza (rs), que segundo o namorado da minha irmã, é tão velho que já voltou até a ser moda...kkkk (deve ter no mínimo uns 20 anos, chutando baixo). Então, um pouco antes do meu casamento, lá em casa nós começamos a conjecturar se meu pai ia comprar um terno novo. Claro que a gente achava que sim. Um dia, uma das minhas irmãs perguntou no almoço como quem não quer nada: “pai, você já comprou um terno para o casamento da Elisa?”. E ele respondeu na maior: “terno? Mas eu tenho meu super terno cinza!!”...kkkkk. Resumo da ópera: ele foi ao meu casamento com o famoso terno cinza e entrou na igreja se achando!!

A segunda história é de quando nós éramos pequenos. Meu pai não deixava a gente assistir novela porque ele falava, e com toda razão, que novela só tem coisa ruim e é moralmente péssimo, especialmente pra crianças e adolescentes. Além de uma terrível perda de tempo. Acontece que eu, a Vi e a Lu minhas irmãs éramos adolescentes, crianças que adoravam uma novelinha escondida. Então, as vezes, quando meus pais não estavam em casa, nós assistíamos. Num desses dias, era uma sexta-feira a noite e estava no ar uma novela chamada “A próxima vítima” (quem tem mais de 30 anos vai se lembrar). E a rede Globo fez a maior propaganda pra saber quem era o assassino. O último capítulo ia ser na sexta-feira como sempre e nós esquematizamos tudo pra assistir porque meus pais iam sair pra jantar (kkk). Assim que eles chamaram o elevador nós já corremos pra tv. Mas a gente acha que consegue enganar pai e mãe! Que ingenuidade! De repente, nós estávamos lá assistindo e começamos a escutar os passos do meu pai no corredor. Ferrou! Uma olhou pra cara da outra em desespero total, tipo assim: agora a gente vai pra guilhotina!! kkkkkk Resumindo: meu pai pegou a gente no pulo! O que ele fez no dia seguinte? Aposto que ninguém ia adivinhar: tirou TODAS as televisões de casa! Não sobrou nem uma única pra ele assistir o palmeiras amado.

Por que eu contei essas duas histórias? Porque na minha opinião, uma delas mostra um lado negativo do temperamento forte porém a outra mostra um lado positivo. Ser teimoso e não comprar um terno novo pro meu casamento não causou nenhum estrago, mas as vezes, essa teimosia de quem tem um temperamento muito forte e opiniões muito arraigadas, pode ser problemático, em especial no convívio familiar (mas também no convívio social, profissional, etc)

A segunda história, a meu ver, mostra o lado positivo de quem tem um temperamento forte e é muito decidido nas suas opiniões. Ter tirado as televisões de casa e nos proibido de assistir o lixo moral que são as novelas foi algo maravilhoso que meu pai fez por nós. Muita gente acha que meu pai é radical. Até meu finado vô Pedrão, o próprio pai dele falava: “o Betão? O Betão é radicar”...KKK. Mas uma coisa ninguém pode falar: que ele não foi coerente com os valores que ele e minha mãe estavam tentando nos passar. E, além disso, eu devo ao meu pai todas as horas a mais que eu passei brincando, lendo, conversando com a minha família e amigos porque eu não estava assistindo novela.

Mas então continuando: o padre Francisco Faus, maravilhoso, em seu site fala sobre isso.  "Existem iras com razão?" Sim.  As vezes nos indignamos com toda razão perante um ato cruel, uma injustiça, uma mentira deslavada, uma ofensa a Deus ou à sua Igreja, uma série de crimes impunes... Essa indignação é boa. A indiferença diante desses males seria uma indecorosa falta de solidariedade com os injustiçados e de senso moral". E cita São João Crisóstomo: "Quem não se indigna, quando há motivo, peca". a falta de indignação ante o mal semeia vícios, alimenta a negligência e facilita que não só os maus, como também os bons, pratiquem o mal".

Eu comecei a meditar sobre isso quando percebi que queria de verdade um dia ser esposa e mãe e comecei a analisar as famílias e os lares que eu admirava. As mães, e entre elas especialmente a minha,  tinham algo em comum: eram, embora mulheres fortes e de valores muito bem definidos, também muito amáveis, tinham grande inteligência emocional, e sabiam sempre perdoar, sorrir, ouvir e calar (essa última característica tão em desuso na nossa sociedade moderna que acha que se calar é sinônimo de fraqueza quando na verdade demonstra uma fortaleza muito grande de quem o faz). Todas essas características- saber perdoar, sorrir, ouvir, calar- são próprias de quem tem a virtude da mansidão, a virtude contrária ao defeito do temperamento forte e irascível.

Então eu comecei a pensar no meu temperamento e nas minhas atitudes. Como já diziam os gregos há muitos e muitos séculos: “Conhece-te a ti mesmo”. É sempre bom nos analisarmos e vermos onde nós erramos mais frequentemente e por fim, qual a virtude, oposta a esse defeito, que eu devo melhorar. Dando exemplos de outros defeitos: se eu sou preguiçosa, preciso melhorar na virtude da diligência, se eu sou egoísta, preciso melhorar na generosidade, e assim por diante. E eu cheguei a conclusão, há muitos anos que se eu quisesse um dia não só ser esposa e mãe, mas também ser uma boa esposa e mãe, eu teria que melhorar urgentemente meu temperamento. Caso contrário, eu só causaria sofrimento a mim e à minha família.

O Scott Hahn, que eu citei acima,  diz em seu livro “Signs of life”: “nada machuca mais os nossos relacionamentos e a nossa saúde mental tanto quanto o fardo do pecado e da nossa culpa”. Isso é muito verdadeiro. Se analisarmos os núcleos familiares, chegaremos facilmente a conclusão de que as brigas, desavenças e em casos mais graves, as separações, são geralmente fruto de que as pessoas desse lar deveriam melhorar nas virtudes. "Tudo depende do coração, do amor, da bondade e das virtudes que nele se enraÍzam. Boas virtudes são geradoras de paz. Defeitos habituais, não corrigidos, são provocadores de guerra."  diz Francisco Faus.

Mas pra quem está pensando: mas e eu que não tenho um temperamento forte mas sou obrigada a conviver diariamente com uma pessoa que tem? (marido, esposa, irmãos, pais, colegas de trabalho..). Então, pra todas essas pessoas, a primeira coisa a ter em mente é a seguinte: se pra quem tem temperamento forte, o próprio gênio é o caminho de santificação, o de vocês é a pessoa com quem vocês convivem. É na paciência, no saber relevar, no saber perdoar as pessoas de gênio difícil que convivem conosco que Deus nos espera para o imitarmos. Disse Jesus: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.

E finalmente pra quem pensa: “mas eu convivo com essa pessoa há tanto tempo e ela parece nunca melhorar”!! Bom, esse é o tipo de luta pra uma vida inteira. São Josemaria Escrivá falava muito sabiamente que nós convivemos com nossos maiores defeitos/pecados até o fim da vida porque caso contrário, se nós nos livrássemos deles, perderíamos a humildade.

É isso por hoje.
Domingo celebraremos o Pentecostes, uma ótima ocasião para pedirmos ao Espírito Santo o dom da mansidão para nós e para todos que convivem conosco!

Mil beijos, fiquem com Deus! E a pedidos, fotinhos do casamento!

Sites de referência:
Fransciso Faus: “fé, verdade e caridade”
http://www.padrefaus.org/