domingo, 23 de outubro de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!

Esse é provavelmente o último post do ano antes de umas merecidas férias no Brasil e como o ano foi indiscutivelmente marcado pelo nascimento do meu Timolino, fiz esse post sobre as coisas que aprendi com a maternidade e são todas, claro, relacionadas à fé.

Então segue:

1-      “Ninguém é feliz nessa vida até decidir a não sê-lo”. Essa frase de São Josemaria Escrivá mostra um dos maiores- talvez o maior- paradoxo do cristianismo e também da maternidade: é preciso aniquilar-se, esquecer-se de si próprio para ser feliz. A Bíblia diz que “se o grão de trigo não morre, fica só”. E Jesus completa o raciocínio: “Quem não toma sua cruz e me segue, não é digno de mim”

Peter Zewald, um dos autores que já citei aqui, fala que seu irmão, um ateu convicto, diz que há muitos paradoxos no cristianismo. E ele emenda: “meu irmão está totalmente certo”.
E ter filhos é isso: esquecer-se de ser feliz para fazer outro feliz e assim ganha-se a maior felicidade-humanamente falado- que se pode ter.

E quem tem filhos, não aniquila-se apenas por eles mas também, e antes destes, pelo esposo/esposa. “Amar é servir, servir é reinar”. Não é fácil, mas é o Caminho.

E sobre isso, uma história: eu tenho uma amiga muito santa que é casada com um homem também muito santo e eles têm uma família linda. Só tem um problema: ele tem um gênio do cão! Kkkkk. É verdade, ele é um cara muito legal e virtuoso mas daqueles que quando ficam bravos, sai de baixo. Nós tivemos o mesmo diretor espiritual durante uma época: o padre Saldanha, um sacerdote indiano muito santo e que sabia muito sobre família. Um dia essa minha amiga disse que foi desabafar e pedir conselhos ao padre Saldanha dizendo: “poxa padre Saldanha, meu marido geralmente está errado e eu sempre que tenho que procurá-lo pra fazer as pazes e ainda por cima pedir desculpas (geralmente ela estava mais certa que ele). Ao que ele respondeu: “Eu te entendo filha, não é fácil, mas você está muito mais perto de Deus que ele”. (ahhh que lindo!). O padre Saldanha estava muito certo: embora não seja fácil engolir nosso orgulho, nossos ressentimentos e nossas mágoas, quando nós o fazemos, estamos muito perto de Deus, que ama os humildes. E pra completar, essa minha amiga me disse: “hoje, depois de anos de casadas e vendo meu marido, meus filhos, minha família unida, eu vejo que valeu a pena.”

Todo sacrifício que fazemos pela nossa família, em especial os que fazemos livremente, valem a pena. Outra coisa que podemos fazer nesse sentido para nos ajudar a levar nosso casamento e nossa família em frente são as mortificações voluntárias (já falei sobre elas em algum post anterior) São pequenos sacrifícios que oferecemos a Deus e em troca pedimos por essas intenções, em especial por nossas famílias. São por exemplo: comer um pouquinho mais do que gostamos menos e um pouquinho menos do que gostamos mais, subir um lance de escadas em vez de pegar o elevador, sorrir para os inoportunos, etc

Então sobre isso mais uma história: depois que o Lucas nasceu, eu tive que parar de comer um monte de coisas por causa das cólicas dele. Eu comia todos os dias basicamente a mesma coisa. Então uma sexta-feira, que é um dia em que a Igreja pede uma especial atenção para as mortificações, eu pensei em fazer uma mortificação pequena mas aí pensei: “ah, não vou fazer, né? Já estou me privando de tanta coisa...”. aí me lembrei da história de Bosco Gutierrez. Ele é um mexicano, católico piedoso, pai de oito filhos que foi sequestrado na década de 80 ou 90 (não lembro). Ele conta que passou nove meses em cativeiro e quando já fazia vários meses que ele estava lá, um dos seus algozes disse que ele podia escolher algo de especial, já que era dia de uma grande festa no México. Ele pensou e pediu então um copo de uísque que ele adora. Quando os algozes lhe trouxeram o copo, ele disse que ouviu de Deus: “Me dê esse uísque!”. Ele disse que então começou uma batalha com Deus: “como pode o Senhor me pedir isso? Já estou privado de ver minha família, amigos, da minha liberdade...”. e Deus diz a ele: “Mas isso tudo não depende de ti. Me dê algo livremente, algo que dependa de ti”. Ele diz então que após uma grande batalha, foi no canto do quarto onde estava preso e jogou o uísque fora. Após aquilo, ele diz que sentiu uma enorme liberdade e que percebeu que nada poderia tirar a alegria dele....então nesse dia, percebi que Deus quer que O ofereçamos não só as penas e contrariedades que nos acontecem sem que nós queiramos, mas também pequenos (ou grandes) sacrifícios feitos livremente por amor a Ele.

2-       “Catarina, cuida das minhas coisas que eu cuido das suas”.
Depois que o Lucas nasceu eu fiquei meio perdida para fazer meu plano de vida- as normas de piedade das quais já falei aqui que faço todos os dias: missa, terço, oração, etc. Aí um dia eu estava mega conturbada com as coisas do Lucas e da casa e pensei em deixar uma das normas de lado e me lembrei de quando li essa frase de Santa Catarina de Sena (uma das minhas três santas preferidas, junto com Santa Tersa D`avila e Santa Terseinha do menino Jesus).

Santa Catarina conta que um dia super tumultuada com suas  tarefas pensou em abandonar também uma de suas normas de oração falando pra Deus: “Senhor, não tenho tempo hoje, preciso cuidar de tal coisa, e outra, e outra...” e Jesus diz a ela: “Catarina, cuida das minhas coisas que Eu cuido das suas”. E convenhamos: nada melhor que ter o Todo Poderoso cuidando das nossas coisas...

3-      É ter completa responsabilidade pela vida de outra pessoa.

E isso não é apenas em sentido literal- como nós mães que alimentamos os nossos bebês, mas mais ainda no sentido do exemplo para a construção do caráter e das virtudes dos filhos. No livro: “Deus e os filhos” o autor Jesus Urteaga fala: “o professor por antonomásia é tu, pai, e tu, mãe, a melhor professora que Deus deu aos teus filhos”.
E para que os filhos aprendam de nós, e a coisa mais importante para um casal cristão é que os filhos aprendam a rezar e ter uma vida piedosa, nós temos que lembrar que os filhos são como um espelho de nós mesmos (“a palavra comove, o exemplo arrasta”). E se nós os ensinamos não apenas rezar mas a ter uma atitude otimista e feliz perante a vida, mostrar a importância da caridade, do trabalho, etc, é muito mais provável que eles o terão...

4-      É confiar e abandonar-se totalmente em Deus.
Uma grande amiga da minha mãe, católica piedosa, disse um dia pra mim que quando os filhos dela iam pra balada ou pra qualquer lugar que ela sabia ser perigoso (e não só para o corpo mas também e principalmente para a alma) ela dizia pra Nossa Senhora: “Maria, vai com eles aonde eu não posso ir”. Essa confiança em Deus e em Nossa Senhora é imprescindível para quem tem filhos, já que nas palavras de um amigo meu: ter filhos é passar uma procuração assinada em branco para outra pessoa... só tendo fé é que se consegue ter paz nesse caso..

Santa Teresa d´Avila conta que um dia, já velha e cansada, pensou em desistir de duas das fundações que ela havia se proposto a começar. Fazendo oração, ela escutou de Jesus: “Por que temes Teresa? Quando te faltei eu?”. Isso é uma grande lição para todos nós, pais ou não, que estejamos preocupados e mesmo fatigados, desesperançados, achando que o caminhar está muito difícil e que as vezes não temos mais de onde tirar força . Talvez seja a hora de nos colocarmos em oração para ouvir do Mestre: “quando te faltei eu??”


Por hoje é só.

Mil beijos e fiquem com Deus!