quinta-feira, 25 de maio de 2017

PRIORIDADES

Quando eu era criança, na véspera do meu aniversário meu pai, que sempre foi um piadista,  falou pra mim: “Filha, amanhã é seu aniversário. Eu vou te dar um abraço de presente, ta bom?” e eu respondi:  “Ta bom, mas eu quero embrulhado”....

Eu comecei o post com essa história bobinha porque eu quero falar sobre “prioridades”. Tenho certeza que não só eu, como a maioria das pessoas hoje, independente da profissão e vocação, concordam que os dias são muito corridos e é cada vez mais difícil saber, em cada momento do dia e mais ainda, da vida, qual é a prioridade, o que nós devemos fazer em detrimento de outras atividades,  de outros encontros, etc

Desde que Lucas nasceu, nunca mais (nunca!) eu dormi com a sensação de que fiz tudo que “achava que devia ter feito”. E eu escrevi propositalmente o verbo “achar” porque as vezes nós achamos que deveríamos ter feito um número infindável de outras coisas mas que na verdade, elas eram todas desnecessárias, e o contrário também infelizmente é verdade: muitas vezes deixamos de fazer coisas que eram essenciais..

Edith Stein, uma judia convertida ao catolicismo que morreu em Auchwitz, fala sobre isso: ela recomenda às mulheres que se possível, assistam à Missa todas as manhãs e perguntem a Jesus, depois de recebê-lo na Eucaristia, como quer que passem o dia. Com o passar das horas e o acúmulo de novas preocupações e problemas, devemos fazer uma pausa na hora do almoço para nos religarmos a Deus. O trabalho e os problemas, continuarão, diz ela, mas permaneceremos em paz.
Cresci com meu pai falando sobre esse pensamento que já reinava na Grécia  Antiga: a ordem que devemos fazer pra nos guiar nos nossos afazeres:  “essencial, importante, supérfluo, nocivo”.

Graças a Deus nós temos um guia, Nosso Senhor, que através do Espirito Santo nos comunica, em nossa alma em graça, o que devemos fazer a cada momento. Jesus disse: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais vos será acrescentado”. Já falei sobre isso aqui mas acho que nunca é demais relembrar: como eu aprendi com meus ex diretores espirituais do Opus Dei: o “amor ordenado” nos leva a priorizar não só as atividades, mas as pessoas que nós devemos priorizar. Como uma mulher casada, eu sei que depois de Deus, o Matt é a pessoa logo em seguida que deve mais ocupar meus pensamentos e energias nas jornadas  que se iniciam a cada manhã...

E hoje em dia eu penso que devo ser também esperta pra notar o que é essencial pra ele, o que ele espera de mim como sua esposa, melhor amiga, confidente, mão do nosso filho, etc. São muitas facetas e as vezes pode ser um desafio, muito gostoso de viver, mas ainda assim um desafio. Esses dias nós estávamos jantando e eu comentei com o Matt sobre o filme “Jackie” e que eu gostaria que nós assistíssemos. Aí começamos a falar do assassinato do Kenedy nos EUA. Aí, como eu sei que o Matt é uma enciclopédia ambulante, eu pedi pra ele me explicar mais sobre o assassinato, a guerra do Vietnã, o fato de ele ter sido um dos únicos presidentes católicos dos EUA, etc. Lá pelas tantas,  ele falou: “mas mataram o cara que matou o Kennedy”. Aí eu falei: “quem era?”. Aí ele me disse um nome e eu achei que era o assassino do Kennedy quando na verdade era o cara que matou o cara que matou o Kennedy...kkkk. Bom, acho que ficou meio confuso mas tudo isso é pra falar do meu momento de epifania aquele dia. Eu pensei: “Elisa, você nunca poderá se dar ao luxo de se alienar das questões do mundo”...rs

Sobre isso tem um filme que eu amo de paixão e que na minha opinião é um dos melhores romances ever e que tem uma cena que eu AMO e que mostra um pouco sobre isso que eu estou falando. É o filme: “O espelho tem duas faces”. Nele, o maravilhoso Jeff Bridges interpreta um professor de matemática meio coroa mas mega charmosão e com nenhum “social skills”...kkkk.  Ele pula de namorada em namorada porque seus romances sempre são superficiais e se apoiam basicamente na atração física. Por outro lado, a sensacional Barbra Streisand  interpreta uma professora de Literatura super querida mas sem muita autoestima e também sem muita esperança de encontrar um amor...eles acabam se conhecendo por uma espécie de “blind date” armado pela irmã dela e vão a um jantar. Aí se desenrola uma cena fenomenal: eles estão no meio da refeição quando ele começa a explicar sobre um problema matemático super específico (e que devia ser chatíssimo de ouvir...rs). quando ele termina de falar, ela, pra total surpresa dele, da um feedback super inteligente! Pronto!! A partir de então ele começa a ver nela uma possível companheira...

Por que eu falei sobre essa cena? Porque ela mostra o que realmente importa em cada situação, e também, em cada relacionamento.  

Hoje em dia quando eu vou para o Brasil de férias, eu noto uma tendência cada vez mais presente e também meio triste: a obsessão das mulheres pela aparência física. Infelizmente quando o relacionamento começa a balançar, as mulheres começam a tentar mapear o que está errado com a aparência delas, com a ideia- muitas vezes errada- de que o problema reside ali. Isso me faz lembrar também da minha época de solteira, os dez anos a procura do meu José, e como a cada final de relacionamento frustrante, eu buscava justificar na minha aparência uma possível causa do insucesso no amor...

 É claro que eu acho importante, pra não dizer essencial, que nossos cônjuges nos achem atraentes mas muitas vezes a água começa a escapar por outro ralo... Penso que nesses casos seria muito mais importante investir no diálogo, na mudança da rotina e também e principalmente na oração. Fico pensando se de todos esses casais que brigam e que se separam, se quando a coisa começasse a ficar difícil eles redobrassem o cuidado com a oração,  o resultado  não seria muito diferente....Recorrer a Nossa Senhora, que foi mãe e esposa, e que é “vida, doçura e esperança nossa”, é sempre um ótimo caminho. Se diz, com toda razão, que ninguém volta de mãos vazias quando recorre a nossa mãesinha do céu...

É isso.

Um bom resto de semana a todos e fiquem com Deus!