sábado, 19 de março de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!
Esse é nosso oitavo post!!!

No último eu terminei na hora em que eu conheci o Martin e a Janet (o casal de australianos que estava na beatificação).

Então, quando nós estávamos no metrô, o Martin pegou meu email e tirou uma foto minha, da Janet e da Joan, uma outra senhora  que estava com eles também. Finalmente, no final da tarde nós conseguimos um taxi que nos levou de volta onde nós estávamos hospedados. Eu me despedi deles e fiquei com aquela impressão: “que casal mais maravilhoso que eu acabei de conhecer”.
De Madri eu fui passar três dias em Barcelona para conhecer a cidade.  E então, depois de Barcelona acabou minha viagem e eu retornei ao Brasil.

Quando eu já estava de volta a Ribeirão, abri meus e-mails e vi um email de quem??? Do Martin! Ele dizia mais ou menos assim: “aqui é o Martin, eu estou te mandando um artigo que escrevi sobre namoro cristão e castidade e que eu estou submetendo ao melhor jornal católico da Australia, cujo editor chefe é meu amigo Matt que tem 35 anos (ele tinha 37, mas ok...rs) e que está procurando uma esposa santa também! E gostaria de saber se posso dar a ele seus contatos... Ahhhhh, fala sério???
Então, pra explicar um pouco dessa parte do artigo, é o seguinte: eu, o Martin e a Janet conversamos muito sobre os relacionamentos de hoje em dia, de como é difícil encontrar pessoas que queiram viver um namoro santo, casto e também por outro lado de como isso tudo (um relacionamento puro) é lindo e agrada a Deus.

Como nós vivemos em um mundo extremamente hedonista, imediatista, sexualizado, muita gente não consegue enxergar a beleza da pureza e da castidade, do amor sacrificado, da  doação  e aí  vem aquela ladainha: namoro sem sexo? Em pleno século XXI? Sim! Há inúmeras formas de discorrer sobre isso mas não vou entrar em muitos detalhes. O que posso dizer é que Deus não segue o caminho de Shumpeter, um dos teóricos do marketing que cunhou a expressão “destruição criativa”, onde uma invenção destrói a imediatamente anterior, gerando assim uma evolução. Com as leis e os planos de Deus, não há destruição criativa. Há dois mil anos, o caminho para se chegar a Deus não mudou e pode ser bem resumido por: oração, trabalho, penitência e por fim, seguir os mandamentos... e pra quem não sabe, esse é o 6º mandamento.

Mas não pensem que é fácil entendê-lo. Eu mesma, como já disse, passei anos longe de Deus e “fabricando” meus próprios mandamentos, inclusive e principalmente sobre a castidade.  Eu levei anos pra entendê-la e várias coisas me ajudaram a compreender esse lado da fé, entre elas o fato de que as pessoas mais felizes, genuinamente felizes que eu conheço, vivem a castidade.

O papa Francisco, em seu maravilhoso novo livro “The name of God is mercy” (não sei como traduziram para o português, mas ao pé da letra é: “O nome de Deus é misericórdia”, fala sobre o romance de Bruce Marshall “To every man a penny” em que o protagonista da história, o padre Gaston está ouvindo a confissão de um jovem soldado alemão que os franceses estão para matar. Então o soldado relata os inúmeros casos amorosos que ele teve. O padre então diz a ele que ele tem que se arrepender para obter o perdão e a absolvição da confissão. Mas ele diz : “como eu vou me arrepender se foi uma coisa que me trouxe muito prazer? E que se eu pudesse faria de novo?” Então o padre Gaston que queria absolver o soldado, tem uma inspiração e diz: “Mas você sente muito por não sentir muito? (are you sorry that you are not sorry?). Então o soldado diz que sim, que ele sente muito por não sentir muito...

Por que eu estou contando isso? Porque acho que nessa época em que eu comecei a voltar para Deus e ainda não entendia a vontade dEle para os homens em relação à castidade, eu dizia, mesmo que em outras palavras, a mesma coisa que esse soldado: “I´m sorry that I´m not sorry”. E acho que essa contrição do meu coração, ainda que imperfeita, mas sincera, foi fazendo Deus agir, pela ação do Espírito Santo na minha alma.

Uma das coisas que eu lembro bem da minha fase de namoro com o Matt e que me deixava muito feliz é de como foi uma fase de muita tranquilidade. Eu me lembrava de paqueras antigos que me deixavam totalmente angustiada, grudada no celular o tempo inteiro. Com o Matt não teve nada disso. Eu simplesmente pensava: “meu namorado é super legal, gato, inteligente, interessante, e etc. Há com certeza várias mulheres que não se importariam nem um pouco de ir pra cama com ele apenas por uma aventura. Se ele está comigo, vivendo um namoro correto e puro, é porque ele realmente me ama”. A castidade em minha opinião poderia ser bem resumida a isso: união entre a sexualidade e o amor verdadeiro.

Hoje, algum tempo depois e já casada, eu vejo ainda mais os infinitos benefícios de se viver a castidade, além do maior que, claro, é ter uma vida agradável a Deus.  Outra coisa é que viver a castidade supõe exercitar a fortaleza, uma virtude que começa a se mostrar essencial já nos primeiros dias depois do casamento.  Como diz uma amiga minha, mãe de cinco filhos e que viveu e vive uma vida muito reta e santa com o marido: “eu vivi dez anos cheirando regurgito de neném.  Se não fosse a castidade, não sei onde e como nós dois estaríamos”. Eu sempre me lembro dessa amiga, em especial hoje que eu sou dona de casa e que meu marido sai todos os dias de manhã pra trabalhar de roupa social, banho tomado, barba feita,  e etc... Pra finalizar, eu penso que como Deu sabe que é um desafio para os casais viverem a castidade, Ele derrama inúmeras graças a quem decide vive-la.

Voltando: eu li o email  do Martin e claro que entendi que ele estava tentando “juntar” nós dois. Vieram-me vários pensamentos à mente e um deles foi: meio platônico, né? O cara que eu nem conheço e ainda por cima mora literalmente do outro lado do mundo!! Bendita (ou maldita) atitude que nós temos de achar tudo difícil e esquecer que para Deus não há impossíveis. “Eis que vos digo que para os homens isso é impossível, mas para Deus nada é impossível”.

Mas aí, o que eu fiz? Pensei: vamos dar uma bisoiada nesse moço...pesquisei ele na internet e cada coisa que eu ia lendo, pensava: “que cara animal!! Meu número!! Kkkk. Então eu agradeci o contato e falei que claro, podia dar meus dados (só não mandei o tipo sanguíneo porque achei desnecessário naquele momento...kkkkk).

Quatro dias depois o Matt me adicionou no facebook e nós começamos a conversar!!!

Falei demais de novo!
Por hoje é só.

Uma abençoada Semana Santa a todos, beijos e fiquem com Deus!

segunda-feira, 7 de março de 2016

Bom, já chegamos ao ponto em que a jornada para conhecer o Matt está para se iniciar!!!!

E como diz o próprio nome do blog: nós consideramos o nosso encontro um grande milagre.

Porém, queria ressaltar antes de dar sequência, que nós não devemos buscar milagres toda hora.. eles acontecem com frequência mas eu gosto muito da opinião de São Josemaria Escrivá sobre os eles. Ele dizia: “a mim, bastam os milagres do Evangelho”. É claro que nós ficamos embasbacados quando vemos milagres maravilhosos, como o de Santo Antonio de Padua, quando confrontado por pagãos que não acreditavam que a Eucaristia era o próprio corpo de Jesus,  coloca um pouco de feno e a hóstia consagrada em frente ao burrinho e ele não apenas vai para o lado da Sagrada Eucaristia como ajoelha-se em frente à ela....porém nós devemos sempre ter em conta as maravilhas da vida ordinária, onde se forjam as virtudes, e finalmente a santidade.

Então vamos lá

Tudo começou no início de 2014 (fevereiro ou março) quando eu fiquei sabendo que Dom Alvaro del Portillo, o primeiro sucessor de São Josemaria Escrivá no Opus Dei, seria beatificado na Espanha em setembro daquele ano. Na hora em que eu fiquei sabendo, pensei duas coisas: na grande alegria que aquilo representava pra toda a Igreja e em como eu gostaria de ir.

Eu acho que todo católico tem uma listinha de santos preferidos e na minha D Alvaro está lá no comecinho. Ele foi um santo contemporâneo (morreu em 1994) e levou uma vida de imenso amor a Deus e às almas. Além disso, na minha família nós recorríamos à intercessão dele frequentemente.

Porém, como a situação financeira da minha família estava bem complicada (como eu disse no outro post), eu nem sonhava em fazer uma viagem internacional. Porém, fiquei com aquela pulguinha atrás da orelha,  morrendo de vontade de ir...

Entretanto, as coisas começaram a melhorar e lá por junho eu comecei a ver uma remota possibilidade de ir.

Resolvi falar pros meus pais do meu desejo de ir à cerimônia de beatificação. Eles me deram a maior força. Meus pais, sempre muito generosos, me ensinaram isso quando se trata de Deus: “para Ele, o melhor”, não se regateia com Deus.

E aqui eu gostaria de contar alguns detalhes de, como me ensinou uma grande amiga minha, “Deus não se deixa ganhar em generosidade”.  Eu gastei R$2.640,00 com a minha passagem e pelos meus cálculos, eu teria que fazer uma ginástica bem grande pra poder pagá-la (mais as acomodações).  Eu não tinha bolsa do mestrado porque a minha colocação não era das melhores. Porém, em agosto eu comecei o programa de monitoria didática e me mandaram um email da Pós Graduação da FEA dizendo que eu havia sido contemplada com a bolsa do programa. Seriam 5 meses de R$520,00.  5 x 520,00??? R$2.600,00. Deus não fala, Ele escancara!! Mas se engana quem pensa que essa foi a única forma de Deus me presentear... Ele me deu com essa viagem o maior presente que eu poderia ter ganhado.

Eu tenho certeza que Deus paga com juros super “acruados” quem dá com generosidade. Sobre isso o Matt sempre gosta de contar sobre um casal de amigos dele que são super generosos e que tiveram sete filhos e o pai (o amigo do Matt) recebeu sete promoções no trabalho, mais ou menos na época em que cada filho nasceu.

Voltando: então eu embarquei para Madri e cheguei lá dia 26/09, em cima da hora da cerimônia que seria dia 27/09 de manhã.

Peguei o metrô no sábado de manhã, sem saber falar nada de espanhol. No caminho, bem antes de chegar ao local, já comecei a chorar de emoção com tudo que eu ia vendo: a cidade estava simplesmente tomada pelos peregrinos.  Várias pessoas rezando o terço pelo caminho, várias famílias, idosos, e muitos, muitos jovens, inclusive de voluntários da organização. Eu só tinha um pensamento: Glória a Deus!!! Obrigada Senhor pela vida do seu servo fiel D Alvaro!!!

Então a cerimônia começou e terminou em 2 horas. Qualquer coisa que eu fale da celebração em si seria inútil, pois foi simplesmente indescritível!

Quando terminou, eu estava sozinha e havia me perdido de todos os amigos brasileiros que eu sabia que estariam lá e pra piorar estava sem wifi...quem sobrevive sem wifi hoje em dia???
Então fomos saindo, eu e aquela multidão de gente e no meio do caminho até os ônibus, resolvi parar em um dos inúmeros cafés que haviam montado lá para ir ao banheiro e comprar uma água.
Quando eu saio, dou de cara com um senhor de uns 60 anos, grisalho, altão e bem parecido com o meu pai. Ele estava andando de um lado para o outro falando em inglês e tentando se comunicar. Eu parei do lado dele e perguntei se ele precisava de ajuda. Ele ficou super feliz porque eu perguntei em inglês e ele achou que eu falasse inglês e espanhol e que eu os salvaria, ele e a esposa.... Kkkk, mal sabia ele que eu não falo nada de espanhol!

O resumo da ópera é que: esse homem se chama Martin Hanson e é um australiano que estava lá com a esposa, a Janet, e nós passamos o dia inteiro juntos: nos perdemos, paramos pra tomar café, conhecemos (involuntariamente) algumas partes de Madri e batemos muito, muito papo!
A certa altura, eles me perguntaram se eu era casada e eu, por graça do Espírito Santo, disse o que eu dizia pra todo mundo (kkk): “não, eu sou solteira, mas entre outras coisas, vim pedir esse milagre a D. Alvaro: conhecer um marido santo!!!”

Ahhh, bendita hora que eu falei isso pra ele!! Kkkkk

Como eu já disse em outro post sobre o que eu peço pro meu filho, eu pedia a mesma coisa sobre meu futuro marido: que ele fosse muito santo. Quando a pessoa está nos “trilhos da santidade”, ou seja, tentando melhorar todos os dias pra atingir esse objetivo, as outras inúmeras maravilhosas qualidades vêm por acréscimo.

Eu também já disse que havia dez anos que eu rezava muito pelo meu futuro marido. E essa foi simplesmente a melhor coisa que eu fiz. O Matt fazia a mesma coisa por mim. Um dia nós estávamos voltando pra casa aqui em Brisbane e nós passamos em frente a uma igreja que tem adoração ao Santíssimo 24 horas por dia. Ele apontou a igreja e me disse: “é aqui que eu vinha às sextas-feiras rezar por você antes de te conhecer”.....

Então, nesses anos todos, eu ia recebendo infinitas orações dele e ele de mim. Esse é o melhor conselho que eu posso dar a todas as meninas que estão procurando o seu “José”. E se algum menino estiver lendo e pensando que essa é uma tarefa apenas das mulheres, enganam-se. 
Também contando outra história do Matt, ele conta que um dia estava em um bar esperando os amigos pra um happy hour  e uma menina o abordou e pediu o celular dele emprestado. E ele emprestou (os gringos fazem isso!!). Aí ela colocou o número de telefone dela e ele entendeu a deixa...rgggg. Aí, ele que não é bobo nem nada, perguntou pra ela se ela frequentava alguma igreja aqui na cidade (claro, ele queria saber se ela tinha fé e se a praticava). Aí ela respondeu: “eu frequento a Igreja de ....” e disse o nome dela. Ele não entendeu nada e ela explicou que ela achava que nós somos nossa própria igreja e que temos que nos preocupar primeiro conosco... em resumo, ela era adepta dessas teorias modernosas que pregam o “eu”, o “meu”... nada mais contrário aos ensinamentos de Jesus... enfim, uma doideira só. Ele fala que pensou: “o que é isso? Que maluquice é essa? To fora”. Pois é, todos nós temos que rezar pra encontrar pessoas boas...

Falei demais!  Continuarei no próximo post.

Mil beijos e fiquem com Deus!

E as dicas de hoje são dois livros que me ajudaram muito nessa época de busca pelo meu José:

1-      “How to find your soulmate without losing your soul”- Jason e Crystalina Evert (não sei se existe a versão em português). Muito bom!

2-      “As crises conjugais”- Rafael Llano Cifuentes. Sensacional também!