sábado, 20 de agosto de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!.

Depois de um período fora, estamos de volta e hoje o post é mais que especial. É sobre o nascimento do nosso filho e o nome do post é:
“A alegria do cristão tem suas raízes em forma de cruz”

Muita gente deve estar pensando: “que estranho, falar do nascimento do filho e falar de cruz ao mesmo tempo”. Bom, então vou explicar: essa frase é de São Josemaria Escrivá e ele dizia, e com toda razão, que o cristão vai estar sempre acompanhado da cruz e mais: que a nossa alegria está intimamente ligada à ela”. Jesus diz: “Quem não toma sua cruz e me segue não é digno de mim”.
Nesse post vai ficar claro e ele vai ser quase inteiro sobre o nascimento do Lucas, em especial sobre meu parto.

Bom, desde muito antes de eu ficar grávida e em especial depois que eu descobri que estava, comecei a pedir muitas coisas a Deus em relação à gravidez especificamente e em especial algumas: que eu tivesse parto normal e que eu conseguisse amamentar bastante e claro: que o meu filho viesse com muita saúde.

O nascimento do Lucas me ensinou muitas coisas, e a primeira delas é que: nós podemos (e devemos) pedir as coisas a Deus (“pedi e recebereis”) mas devemos sempre, sempre, identificar nossa vontade com a dEle, mesmo quando ela não é a nossa.

Então vamos ao que aconteceu: eu comecei a ter contrações no domingo, dia 17/07. A noite fomos ao hospital, eu, o Matt e minha mãe, mas me mandaram embora porque ainda estava muito precoce. No dia seguinte as 16:45hs, as contrações começaram a voltar e dessa vez mais fortes. Fomos de novo ao hospital, me examinaram, falaram que eu já estava em “early labour” mas que era pra eu voltar pra casa e só voltar quando elas estivessem ritmadas e bem intensas.

Aí começou meu drama. Meia-noite eu saí do meu quarto e fui para o quarto do Lucas e passei a anotar as contrações. Elas já estavam bem fortes. As 5 da manhã eu cheguei ao meu limite, acordei o Matt e minha mãe e fomos ao hospital. Chegando lá, depois de me examinarem, nós comemoramos: já estava com 4 centímetros de dilatação! Mal sabia eu que cada centímetro é conquistado com muito suor e lágrimas.

Fiquei numa sala de monitoramento até as 7hs e depois fui pra sala de parto. As 10 hs da manhã eu já estava com muita dor e perguntei pra midwife se estava perto de ter o Lucas. Ela respondeu: “Não... acho que você não vai dar a luz no meu turno”. Depois ela me contou que o turno dela terminaria apenas as 15:30hs... desespero total!

Pra resumir e não ficar tão maçante: para aliviar a dor eu usei o gás, duas peridurais (a primeira não pegou) e uma solução salina que injetaram nas minhas costas e foi uma das piores dores que eu senti na vida. Foi a única hora que eu chorei de dor.

Quando eu estava lá tendo minhas contrações, pensei em Jesus na hora da sua Paixão. Apesar de o sofrimento de Nosso Senhor ser infinitamente maior que o meu, eu consegui me ver como ele: seminua (“ e repartiram suas vestes”) , com medo (“Pai, afasta de mim esse cálice”) e com muita dor...eu pude oferecer ao Pai nesse dia o meu próprio corpo, a minha própria dor. Como eu já disse em outros posts, diariamente eu cumpro meu plano de vida, as normas de piedade que eu aprendi no Opus Dei: a missa, o terço, oração mental, visita ao Santissimo, etc,  O dia em que o Lucas nasceu foi o dia que eu menos pude fazer as normas do meu plano de vida, mas foi o dia em que eu mais fiz oração. Nesse dia minha penitência foi minha oração e minha oração foi minha penitência.

E incrível como Deus age em relação à nossa vida e em especial às nossas dores. Há uma cena lindíssima (e muito triste) do filme “a Paixão de Cristo” do Mel Gibson que mostra isso de forma bem clara. É quando Jesus caminhando em direção ao calvário, já flagelado e cambaleante, encontro sua mãe Maria Santíssima. Mãe e filho se olham e diante de todo aquele sofrimento, Nosso Senhor diz à ela: “Vê, mãe, como eu renovo todas as coisas”. A cena é tocante e mostra que somente Deus é capaz de transformar a dor em alegria, o sofrimento em redenção. (quem tiver curiosidade, coloque no youtube pra assistir porque vale a pena).

Então continuando: mais ou menos umas 15:15, as midwifes começaram a olhar com preocupação para o exame que fica emitindo os batimentos cardíacos do bebê. Uma delas me falou: “pode ser que você tenha que fazer uma cesárea”. Nessa hora eu ainda pensava que isso não aconteceria e tinha muita esperança de que o Lucas ainda viria de parto normal como eu tanto queria. Mas a midwife chamou então o chefe dos obstetras, um alemão com um olhar bem distante e quando ele chegou na sala de parto ele olhou pra mim e disse: “Você deve entrar pra cesárea agora”. Me deu um misto de tristeza e alívio. Tristeza porque definitivamente não era esse meu plano, mas alívio porque já fazia quase 25 horas que eu estava com muita dor e não via a hora de ver a carinha do meu filho.

Resumindo: fui pra sala de operações, chorando e com medo.

Nessa hora pensei algumas coisas: em primeiro, da minha inocência em achar que algo está nas minhas mãos, sob meu controle. Nada, absolutamente NADA está nas nossas mãos.
São Josemaria, quando soube do falecimento de sua querida mãe, teve um primeiro ímpeto de contestar a vontade de Deus. Então ele se dirige ao Sacrário e diz: “faça-se, cumpra-se, seja louvada e eternamente glorificada a santíssima e amabilíssima vontade de Deus sobre todas as coisas”. Eu então comecei a repetir essa jaculatória.

Na sala de cirurgias, me prepararam de forma rápida e as 17:23hs o Lucas saiu do meu ventre!!! Assim que ele saiu, o levaram para o lado e eu percebi que ele não havia chorado. Eu sei bem pouco sobre partos, procedimentos de cesárea/ parto normal etc mas sei que o bebê deve chorar e muito assim que sai da barriga da mãe. Que agonia!! Eu pensava: “Chora filho, chora.... por favor meu Deus”....Eu pedi a intercessão de todos os anjos e santos, em especial pra Nossa Senhora: “Maria, tu és mãe... me ajuda”.

Foi então que poucos minutos depois das 17:23hs da tarde do dia 19/07/2016 eu ouvi o chorinho do meu filho pela primeira vez e senti a maior emoção e a maior alegria que eu achei que meu peito jamais seria capaz de suportar. Eu não podia levantar: meu corpo continuou deitado e atado, mas naquela hora minha alma se ajoelhou e se prostrou diante da tamanha grandiosidade e bondade de Deus. Obrigada Senhor!!

Por hoje é só.
Mil beijos e fiquem com Deus!