quinta-feira, 20 de abril de 2017

“Uma  mãe sem backup não pode fazer risoto”...kkkk

Esse post é meio que continuação do último e vou explicando o tema mas antes queria contar uma piada que me contaram quando eu entrei em administração na graduação em Araraquara. Um homem estava sendo treinado para ser CEO de uma grande empresa. Então o CEO que estava prestes a se aposentar e que tinha sido muito bom resolveu treiná-lo para o futuro posto. Então ele levou o aspirante a uma fazenda de laranjas e mostrou um enorme campo com muitas laranjas e disse a ele no primeiro dia: “está vendo essa enorme plantação? Então, eu quero que você colha quantas laranjas você conseguir”. Então lá se foi o homem e colheu muitas, muitas laranjas. No segundo dia a mesma coisa e de novo ele colheu muitas laranjas. No terceiro dia novamente. Finalmente no quarto dia o CEO disse a ele: “agora, você está vendo esses três sacos? Então, neste primeiro você coloca as grandes, no segundo as médias e no terceiro as pequenas”. E foi embora. O aspirante pegou a primeira laranja na mão, olhou para ela e pensou: “essa laranja é grande, pequena ou média? Em que saco eu a coloco??”. Moral da história: trabalhar é fácil, tomar decisões é que é difícil.

Por que eu contei essa história? Porque como já sabem os que leem o blog, eu sou “full time wife e mum” e como somos só eu e o Matt aqui em Brisbane, eu brinco que nós não temos "backup" na nossa empresa e uma casa de família é uma empresa. E eu acho BEM difícil tomar decisões todos os dias. Logo depois que eu faço minha oração mental eu sempre peço ajudas pra Deus, do tipo: “e agora que o Lucas está tirando uma sonequinha, eu devo começar a papinha ou colocar as roupas na máquina? Limpar a sala ou responder aquele email importante?” parece brincadeira mas tem hora que eu penso que devia ter feito engenharia de produção para ter mais noção da “logística perfeita”...

Então indo ao título do post:  (kkk), esses dias eu e o Matt íamos ter visita pra jantar e eu resolvi fazer um risotinho delícia que eu sei fazer. O problema é que pra quem já fez risoto alguma vez na vida, deve saber: uma vez começado não pode parar. E tem que ter paciência e ir colocando a água aos poucos... então eu coloquei o Lucas pra dormir e comecei. Eu pensei: “ele dormiu agora há pouco então eu ainda tenho um tempinho”. De repente, eu lá toda-toda mexendo meu risoto e começo a ouvir um chorinho lá de cima. Kkkk. Desespero!! Tem uma Nossa Senhora de Fatima enorme na minha sala e eu converso com Ela o dia inteiro... eu olhei pra Ela e falei: “não brinca Nossa Senhora... ele acabou de dormir!!! O que eu faço com o risoto? E as visitas? Oh céus, oh vida!!”. Pois é, era ele mesmo, eu me embananei toda, fiquei emburrada com Deus  (que tolice!!) e no final do dia fui fazer meu exame de consciência e o Espirito Santo me falou: “ah, minha filha, você é tão bobinha, né? Tantos anos rezando, lendo a vida de tantos santos e você  ainda não se convenceu de que o Caminho até mim é a cruz? Mesmo que ela seja uma cruzinha beeeem leve como essa??”. Toma essa Elisa!!

As vezes eu me esqueço mas logo Deus me lembra de que a vida da maioria das pessoas que querem segui-lo, ou seja, alcançar a santidade é essa: os caminhos ordinários da Terra. (tem as exceções como os mártires, por exemplo).

Esses dias eu e o Matt ganhamos um presente de um amigo super querido e ele escreveu um cartão muito legal e diferente que dizia mais ou menos assim: “marriage. A blessed thing that you guys make seem easy”. E eu pensei: “acho que nós estamos fingindo bem”…kkkk. O problema é que hoje em dia as pessoas confundem o “fácil” com o “bom” e não é nem que são diferentes, geralmente são opostos. Todo mundo que eu admiro, simplesmente 100% dessas pessoas tem uma vida meio difícil. “para ser feliz não é preciso uma vida fácil mas um coração enamorado” dizia São Josemaria Escriva. 

A boa noticia é que Deus está sempre ao nosso lado pronto pra nos ajudar e se ele manda as cruzes e as dificuldades, ele também concede as graças.  “Vinde a mim todos os que estais sobrecarregados e eu os aliviarei porque meu jugo é suave e meu fardo é leve...” disse Nosso Senhor... o que seria de mim se eu não tivesse fé....

E mais do que isso: Deus, de uma forma misteriosa e ao mesmo tempo maravilhosa, nos concede graças para irmos vencendo em pontos que nunca acharíamos capazes por nós mesmos.  O autor Pierre Blanchard diz: “só são grandes aqueles que em nós mantêm a esperança e a alimentam; aqueles que nos obrigam a ir até o fim de nós mesmos, e oferecem ao nosso ardor o único ponto de aplicação digno dele- ponto de fusão- Deus, fogo devorador”.
É isso.

Mil beijos e fiquem com Deus!

terça-feira, 11 de abril de 2017

“Uma mulher com enxaqueca não pode ser mãe”- a maternidade, as cruzes fabricadas e as cruzes permitidas por Deus.

Bom, a primeira parte do título do post  é meio estranha e antes que alguma mulher lendo isso pense: “Como assim? Como uma mulher que tem enxaqueca não pode ser mãe??”, eu vou explicar (e eu tenho enxaqueca desde que me conheço por gente... e uma mulher com enxaqueca pode sim ser mãe...)

Explicando: nos dez anos em que eu passei solteira procurando meu José, algumas vezes eu desanimava da minha busca e começava a ter uns pensamentos estranhos na minha cabeça. Então eu me lembro de algumas vezes pensar: “Já sei porque que Deus não permite que eu encontre meu José, me case e tenha a minha família: porque eu tenho enxaqueca!!”...kkkkk. Sério! Eu cheguei mesmo a pensar isso e mais de uma vez. Pra tentar explicar um pouco melhor: eu tinha crises homéricas de enxaqueca, de ter que ir para o hospital e ficar internada. E toda vez que isso acontecia eu pensava: “ainda bem que eu não tenho filho porque eu não estou dando conta nem de mim...”

Bom, ironia ou não, eu me casei e .... tive filho! Então, em novembro do ano passado nós resolvemos ir pro Brasil pra apresentar o Lucas pra todo mundo e também tirar umas férias. Eu estava MUITO tensa, por todos os motivos. O Lucas não tinha nem 4 meses e a viagem é muito longa. Nós decidimos então ir “quicando” até o  Brasil e fazer uma parada em Buenos Aires e encontrar minha mãe la, depois ir pra São Paulo e dormir mais uma noite e só então chegar em Ribeirão. Bom, foi tudo dando certo até a hora em que nós chegamos em Guarulhos. A hora que a gente passou pela alfândega eu já vi que havia algo de errado. Eu estava com muita dor de cabeça e enjoo. Mas fui indo. A hora que a gente chegou no hotel eu falei pra minha mãe: “fica com o Lucas  que eu preciso vomitar”. Não vou contar mais detalhes porque é meio, digamos, não muito salutar...kkk. Eu só vou falar uma coisa: eu me lembro de estar no banheiro segurando minha cabeça com o braço e pensando: “meu Deus, me ajude”. E o problema maior é que o Lucas só mamava no peito e nunca pegou a mamadeira, ou seja, eu escutava na minha cabeça: “Elisa, pedala!!! Agora não é hora de esmorecer”. Por que eu contei isso? Pra falar que, mesmo com todos os nossos problemas e limitações (que são muitos), Deus nos ajuda e sempre. São Josemaria dizia: “a quem faz o que pode, Deus não nega a sua graça”. E o que eu, como mãe, podia fazer naquela hora? Rezar e confiar em Deus que no final ia dar tudo certo... e deu...

Qual é a outra lição que eu quero tirar e contar aqui no blog? Que muito dos nossos sofrimentos vêm da nossa imaginação, de querermos prever um futuro que ainda não chegou e que muitas vezes nem chegará. São as famosas “cruzes fabricadas”. Porque existem as cruzes permitidas por Deus  (que são boas, nos purificam e nos fortalecem) mas também há aquelas cruzes fabricadas cujo sofrimento é estéril .

Santa Teresa dizia: “A cada dia, basta seu cuidado”..

A outra coisa que eu queria considerar é essa: o fruto que a cruz permitida por Deus traz. Logo depois que eu cheguei no Brasil fui conversar com o querido padre Augusto que foi meu diretor espiritual durante um bom tempo. Assim que nós começamos a conversar ele me perguntou como eu estava e eu falei: “eu to muito feliz mas exausta”...rs. aí ele me contou algo sobre São Josemaria que eu deu muita força e que eu nunca mais vou me esquecer. Ele disse que São Josemaria durante a primeira década depois da fundação do Opus Dei estava exausto, com um desafio imenso pela frente (que era a fundação da Obra e da sua mensagem). Não era nada fácil enfrentar todos os inúmeros obstáculos que ele teve que enfrentar. Então, muitos anos mais tarde ele confessou aos amigos mais íntimos que durante toda essa primeira década, toda noite quando ele ia dormir, ele estava tão cansado que não sabia se ia conseguir se levantar no dia seguinte e toda manhã ao acordar, ele também estava tão exausto que não sabia se ia conseguir chegar até a noite”. Então o padre Augutso concluiu: “Elisa, você está construindo sua família. É um ideal muito nobre e muito grande. Não teria como ser fácil.  Mas Deus não negará a sua graça”. Então: em frente.

Como disse Nosso Senhor a São Paulo em meio a todas as perseguições e sofrimentos: “basta-te a minha graça”.

Por hoje é só.
Mil beijos e fiquem com Deus!