Prioridades - parte II
Vou fazer o papel da advogada do
diabo nesse post porque não quero fechar um raciocínio e já aviso que vai ser
uma mistureba de ideias mas vou tentar costurá-las pra mostrar que elas têm
ligação...kkk
A pedidos eu vou falar mais sobre
“prioridades” e sobre vários conselhos que recebi antes e depois de me casar e
também histórias que eu acho que falam bastante sobre isso. Entretanto, acho
que é sempre legal lembrar que relacionar-se é uma arte. Ir de encontro às expectativas,
anseios e desejos da pessoa que se ama nem sempre é fácil mas como eu disse no
último post: é um dos desafios mais gostosos de
viver!
Pra começar algo que aconteceu
comigo há vários anos: eu e uma amiga
que na época também estava solteira fomos a um barzinho em Ribeirão que era
estrategicamente posicionado do lado de uma academia badaladinha. De repente
nós estávamos na calçada tomando uns drinks e ela aponta um cara que estava
passando e me fala que achava ele super bonitão! Eu olhei e não aguentei. Eu
falei: “você ta me zuando?”. O cara era gigante, tipo halterofilista viciado em
shake de proteína. Já adianto que não tenho nada contra só não acho o máximo
como várias mulheres acham...enfim, era o próprio e ela me falou de como achava
lindo homens assim. Como diz o ditado: “ainda bem que nem todo mundo gosta do
amarelo”.
Eu comecei a pensar e a entender
sobre prioridades quando passei por uma fase bem difícil financeira. O negócio
em casa ficou feio e o pouco dinheiro que eu tinha pra passar uma semana tinha
que render e muito. O problema é que essa fase aconteceu bem na época que eu estava
super a procura do meu José. Então as vezes eu ficava num dilema: sair pra
aumentar as minhas chances de conhecer um paquerinha em potencial e gastar esse
dinheiro na minha saída que as vezes podia ser super falida ou ser mais
prudente e guardar esse dinheiro que ia fazer falta pra mim ao longo da semana.
Eu sempre ficava em dúvida sobre o que
era prioridade e pra uma pessoa que é bem indecisa como eu, isso as vezes pode
se tornar um problema.
Enfim, então agora começando de
fato o post..kkk
Assim que eu me mudei pra
Australia depois de me casar algo começou a me intrigar: eu olhava aquelas
famílias com três, quatro ou mais filhos e as mães sem nenhuma ajuda, tipo: uma
pessoa pra limpar a casa, uma babá, ou alguém pelo menos pra passar a roupa e
eu comecei a ficar muito intrigada e a me perguntar: “como elas fazem??”. Pois
bem, hoje, depois de quase dois anos eu achei a resposta: elas não fazem! Pois
é, a hora de trabalho aqui é muito cara então quase ninguém tem ajuda mesmo.
Então as mães fazem o que dá e como o dia tem apenas 24 horas, as casas em
geral funcionam assim: sem aquela neura por arrumação, comida saudável e fresquinha,
roupas super bem passadas e etc. Pode parecer algo secundário mas não é.
Agora aplicando a minha vida:
isso não funciona 100% comigo. Eu acho que nós carregamos aquilo que a gente
aprende mais os nossos temperamentos e eu acho bem importante uma casa limpa.
Porém, como a minha realidade agora é essa eu vi que precisaria pelo menos
tentar me adaptar.
Quando perguntaram ao papa
emérito Bento XVI quando ele ainda era o cardeal Ratzinger, quantos caminhos
existem, ao todo, para Deus, Bento foi rápido: “tantos quanto há pessoas”. O
nosso caminho para Deus está nessas atividades diárias que ocupam nossas
jornadas. São Josemaria Escrivá costumava dizer algo mais ou menos assim: “se
não souberes encontrar Deus na tua vida diária, não O encontrareis nunca”.
Então eu comecei a rezar sobre
esse assunto pra poder entender o que Deus queria de mim. Em primeiro lugar,
Ele me disse que o principal, a “thumb rule” como dizem os australianos, é
nunca perder a caridade. Sim, porque em tudo que fazemos temos que pensar se
isso está me ajudando a amar mais a Deus e ao próximo ou se , ao contrário,
está me afastando desse ideal supremo. Eu percebi então que geralmente quando eu acordo e vejo aquela casa
que parece que passou um furacão durante a noite, mesmo eu tendo arrumado mil
vezes no dia anterior, eu fico muito mau humorada. E quem sofre mais?
Geralmente quem está mais perto e nesse caso é meu marido e isso é PÉSSIMO!
Me contaram uma historia esses
dias que me faz pensar nisso, aliás filosoficamente, é um conceito da Igreja,
sobre o “mau maior e o mau menor”. A história é a seguinte: um dia, Dom Javier
Echevarria, que foi prelado do Opus Dei durante vários anos, terminou de
celebrar uma missa e foi fazer alguns minutos de ação de graças. Ele sabia que
era importantíssimo agradecer Jesus por vir até nós na sagrada Comunhão.
Entretanto, assim que ele começou a rezar em silêncio, um sacerdote veio conversar
com ele. As pessoas que viram a cena dizem que puderam notar claramente no seu
semblante um rompante de ira que veio quase sem avisar. Com certeza se ele não
tivesse sido um homem com uma formação espiritual muito sólida, teria faltado
com a caridade mas depois de alguns segundos seu semblante mudou e ele tratou o
amigo de sacerdócio com o maior carinho. Portanto, essa cena me ajuda a lembrar
de que: caridade em primeiro lugar.
Aí em segundo lugar: ver se o que
você está fazendo não está tomando lugar de coisas mais importantes. Já disse
isso outras vezes mas acho que é importante lembrar: as vezes nós estamos
gastando milhões de horas em uma atividade que não nos trará proveito e que não
é da vontade de Deus que nós a façamos.... sei lá. Isso me lembra outra
historia hilária. Eu tive a maravilhosa oportunidade de assistir uma palestra
com a personal stylist Bia Kawasaki antes de me casar. Ela é uma mulher super inspiradora e que ajuda vários clientes a se
vestirem e se sentirem melhor. Ela contou que um dia uma mulher entrou em
contato com ela pedindo ajuda pra se vestir melhor, saber combinar, etc. Ela então foi à casa da pessoa e sem querer
viu a gaveta de langeries da mulher...ela era casada há bastante tempo e
segundo a Bia, tinha que mudar aquela “seleção” de langeries urgentemente!kkk. Elas foram comprar novas peças e a moça ficou
super feliz. Alguns dias depois o celular da Bia tocou e era o marido da moça ligando
pra ela pra falar muito obrigada!! Kkkkk. “Prioridades!
Como eu disse, a prioridade pode
mudar muito de casal pra casal. O Tolkien, um filólogo brilhante e famoso autor
cristão, é um exemplo disso. Ele foi uma das “cabeças” do século XX e sua
esposa passou a maior parte da vida em casa cuidando dos filhos. Ele costumava
dizer que fazia muito bem a ele chegar a casa e escutar sobre como foi o dia da
esposa e dos filhos e que era exatamente isso que ele esperava dela. Ele foi famoso também por ter sido um pai e
esposo devoto e apaixonado ( e talvez
seja essa o fato que mais agradou a Deus).
É isso por hoje.
Mil beijos e fiquem com Deus!
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