domingo, 10 de dezembro de 2017

“As pingas que eu tomo e os tombos que eu levo”

Eu cresci ouvindo meu pai falar esse ditado:  “o povo só vê as pingas que eu tomo. Ninguém vê os tombos que eu levo”....kkk

Dez entre dez pessoas com quem eu converso falam: “você mora na Australia? Que máximo!”. É  claro que eu entendo porque eles falam isso: o Brasil está muito mal economicamente, politicamente e tudo o mais. Emprego ta difícil, as coisas continuam caras (e cada vez mais), muita violência, etc. O negocio é que muita gente acha que morar no exterior é puro glamour. E não é. E pra terminar esse paragrafo, como dizia tom Jobim: “morar fora é bom, mas é uma bosta. Morar no Brasil é uma bosta mas é bom”.

Bom, a minha opinião é que morar aqui na Austrália é realmente muito bom mas zero glamour: aqui todo mundo, inclusive os ricos, lavam sua própria privada, cortam a grama das suas casas, cozinham e cuidam dos filhos. Muitas famílias no Brasil não precisam fazer tudo isso porque a força de trabalho é barata e é fácil conseguir ajuda.. enfim...

Então pra começar a falar sobre esse post: o problema pra mim não é ter que fazer tudo isso: cozinhar (adoro!), faxinar, lavar roupa, fazer supermercado, e a melhor incumbência da minha vida:  cuidar do Lucas- que é o maior privilegio de poder ficar em casa: poder brincar com ele todo dia, levá-lo no parque, na biblioteca, vê-lo descobrir o mundo, dar “papá”- saber se ele ta comendo bem ou não,etc.  O problema é ter que fazer tudo isso quando eu  não estou  bem de saúde.

Então é disso que vou falar: sobre as minhas ultimas 7 ou 8 semanas. No final de setembro eu descobri que estava gravida, bem no comecinho. Foi aquela alegria e comemoração! Uma nova vida se desenvolvia dentro de mim, um irmãozinho ou irmasinha pro Lucas... eu sabia que provavelmente eu iria passar mal, muito mal talvez, como eu passei na primeira gravidez mas não sabia que viria tão rápido e tão forte.

No dia 17 de outubro, uma terça-feira,  ironicamente no dia em que eu e o Matt comemoraríamos 2 anos de casados, eu amanheci super bem e tudo estava indo super tranquilo como de costume. A hora que eu estava colocado o lucas pra dormir a sonequinha da manhã me veio uma vontade enorme de vomitar. Fui pro banheiro e vomitei. Depois daquilo foi só ladeira abaixo. Eu fui deitar e fiquei deitada até a hora que ele acordou. A hora que ele acordou eu pensei: “meu Deus, e agora?” Eu estava muito mal.... De tarde eu liguei pro Matt e pedi pra ele voltar mais cedo do trabalho. Pra resumir e não ficar chato: no dia seguinte o Matt não foi nem trabalhar. Na quinta-feira ele tinha que ir e eu já estava super tensa porque eu continuava muito mal  e sabia que não estava melhorando. Dito e feito: umas 11 da manhã eu liguei pro Matt e pedi pra ele me levar pro hospital. A nossa querida amiga Isabela veio pra ajudar a ficar com o Lucas lá no hospital enquanto o Matt me acompanhava. O maior dos meus dramas era: o que eu vou fazer com o meu filho de 1 ano e 3 meses estando nessa situação? E eu ainda estava no começo do primeiro trismetre....o cenário não era dos melhores..

Nos chegamos ao hospital por volta das 13 horas. A minha cabeça estava prestes a explodir por causa da desidratação, eu não conseguia parar de vomitar e eu tremia muito de frio. Eu estava péssima. Eles me colocaram no soro e eu fiquei lá varias horas. Por volta das 5 da tarde uma enfermeira muito boazinha entrou no quarto e falou: “você está pronta pro ultrassom?”. Eu só consegui responder: “isso é realmente necessário? Porque eu ainda estou super mal”. Ela falou: “hum... sinto muito mas é. Eles querem checar se esta tudo bem com o bebê porque você esta muito desidratada”.

Então eles me passaram pra outra maca e começaram a me empurrar pelo hospital. Finalmente nos chegamos até a sala de ultrassom, ela passou aquela geleia na minha barriga e começou a olhar pro monitor.  Depois de alguns segundos eu escutei ela falando pro Matt: “ta vendo papai? Olha o bebê aí! E que batida de coração forte”!!!. Então aí, no meio daquele calvário, meu coração experimentou uma alegria que eu senti poucas vezes na vida.....eu só conseguia pensar: “Obrigada Senhor! Obrigada Nossa Senhora!!”... depois de mais de 48 horas vomitando meu bebe continua fortão... Deus é maravilhoso!

Eu não vou dizer que essas ultimas semanas foram “fun” e que eu adorei passar por elas. Mas eu posso dizer do fundo do meu coração que eu senti Deus muito perto de mim esse tempo inteiro. Varias coisas maravilhosas ocorreram depois disso e por causa disso: a minha mãe conseguiu chegar somente  5 dias depois da minha internação  e ainda esta aqui conosco e esse por si só já foi o maior presente.  Além disso nós todos como família crescemos muito em paciência, em oração, em fé...
Realmente a única coisa que pode nos afastar de Deus, como a Igreja diz, são nossos próprios pecados: nosso orgulho, nossa preguiça, nosso egoísmo, vaidade, etc.  As dificuldades podem e devem nos levar pra mais próximo de  Deus. Como São josemaria costumava dizer: “não há alegria? Então pensa: há um obstáculo entre Deus e eu. Quase sempre acertaras”.

a primeira foto sou eu no hospital me sentindo "um pouco" mal... na segunda foto é nosso baby #2 fortão e com o coraçãosinho a todo vapor...



É isso por hoje. Muitos beijos e até mais!

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