terça-feira, 24 de abril de 2018


Conforme prometido, essa é a continuação do post anterior

Eu terminei falando que comecei a perceber, aliás há um tempão, como a sanidade e a felicidade de uma família dependem tanto da mãe.  Eu gosto muito de observar as famílias e comecei a perceber que naquelas em que as mães são fortes, generosas,  pacientes, alegres, ou, em resumo: virtuosas, as coisas andam muito melhor. E como andam! Por isso que eu sempre gosto de citar o titulo do livro do Scott Hahn “todos os caminhos levam a Roma” porque trocando em miúdos, o que uma mãe precisa ser? SANTA!!! Kkk, não tem jeito.  E quando surgir a duvida: qual a medida da virtude pra quem quer ser santo? São Josemaria Escriva responde: O heroísmo!!! Viver as virtudes de forma heroica...

Há uns dois anos, eu e o Matt assistimos um filme chamado “The room”. Eu achei muito interessante. É sobre uma mulher jovem que é sequestrada e mantida em cativeiro por um cara (um doente, obviamente) e ela tem um filho com ele. Eles ficam anos presos em um único quarto (the room) vivendo somente os dois. O que eu achei muito interessante é que a mãe consegue, embora nessa situação extrema, manter o filho e ela mesma em um estado de sanidade mental incrível. Na falta de pessoas, ela ensina o filho a dar bom dia pros poucos moveis que há no quarto, porque o filho nunca viu nada nem ninguém além daqueles objetos... enfim, embora não haja muita verossimilhança (naõ acho que isso poderia acontecer na vida real sem enlouquecer as pessoas envolvidas), a analogia é boa: o que uma mãe não consegue fazer pra manter a paz e a alegria mesmo em situações extremas

E recentemente eu comecei a perceber também que eu achava que ser mãe ia ser um pouco mais fácil...kkk. ou pelo menos não tão difícil. Não sei se é porque talvez  o Lucas esteja entrando na fase dos “terrible two”- de quase dois anos- jogando tudo, fazendo manha, etc e eu quase nunca sei como agir. Enfim, estou começando a perceber que tenho que amadurecer em varias virtudes e rezar mais, muito mais...

No final do ano passado eu e o Matt fomos a uma palestra de um cara maravilhoso que escreveu um livro sobre criação dos filhos -o melhor que li até hoje sobre esse assunto por sinal. O que eu achei mais fantástico de tudo, é que o livro funciona como um exame de consciência pra nós pais e mães, porque segundo o sábio autor, se alguma coisa anda errado com os filhos é bom que nós pais nos examinemos com muita sinceridade pra ver se esse problema não está surgindo de nós mesmos. Isso já até virou piada aqui em casa por causa de algo que aconteceu há muitos anos com o meu avô Pedrão que já faleceu. Um dia ele tomou umas duas doses de uísque cowboy e por acaso também comeu uma banana. Depois ele passou mal e falava: “aquela banana não me fez bem...”...kkkk
Então eu contei esse episodio pro Matt e quando um de nós faz alguma coisa e não quer ser lá muito sincero, tipo: não guardei a louça porque o Lucas estava dormindo e ele ia acordar... a gente já fala: “oh, o vô Pedrão...”. porque a gente sabe que na verdade foi uma preguicinha...etc

Então, finalmente, eu listei algumas qualidades que eu cheguei a conclusão que são muito indispensáveis pra uma mãe e as relacionei com algum episodio ocorrido comigo, como sempre...

1-      Generosidade/ Egoísmo- tenho bem claro pra mim que a generosidade é a principal virtude pra uma mãe (ou pelo menos, uma das maiores). Porque ela é o contrario do egiosmo que esta na raiz de quase todo mal que afeta os casais e as famílias. E Deus manda as vezes pequenos acontecimentos pra gente poder exercer nossa generosidade. Então a primeira historia: de domingo nós vamos a missa bem cedo e eu gosto de acordar mais cedo ainda porque eu sou super perua e não saio de casa sem me arrumar e sem passar maquiagem nem pagando. Eu brinco que pode deixar o cheque em cima da mesa que eu não pego: prefiro me enfeitar.

 Aí esses dias nós acordamos atrasados e o Matt sempre precisa só de uns 10 minutos pra tomar banho e ficar pronto( que bom!kkk).  Eu terminei de me arrumar (com exceção da maquiagem)quando  faltavam exatamente 10 minutos pra gente ter que sair e ir pra missa. Eu pensei: ah, o matt nem vai ligar se ele não puder tomar banho, etc. ele é homem. De repente me deu um super peso na consciência! Tipo: Elisa, seja mais generosa, você demora e seu marido não pode nem tomar um banho de gato?

Aí peguei o Lucas e meu estojinho de maquiagem e sentei com ele no quanto dele em frente ao espelho e me maquiei ali. Resumo: ele chegou à missa com gloss na testa e sombra branca no nariz...kkk. Mas eu fiquei feliz por ter deixado, mesmo que numa coisa aparentemente sem significância, meu egoísmo de lado.

2-      Paciência- uma jornalista americana escreveu um artigo com um titulo interessante e engraçado : “Training exotic husbands”, ou: treinando maridos exóticos. Nesse artigo ela conta a própria historia dela e do marido. Todo dia antes de sair pro trabalho ele ficava histérico procurando a chave do carro e ficava berrando que não encontrava. E segundo ela, estava sempre no mesmo lugar: no criado mudo do lado da cama deles. Ela então gritava de volta falando pra ele que devia estar como sempre no mesmo lugar. O problema é que esse comportamento dele destruía a paz da família logo de manhã e deixava todo mundo, inclusive ela, super de mau humor.

Um dia ela resolveu mudar a forma de responder a isso e falou calmamente pra ele quando ele começou a gritar: “olha querido, está aqui. Eu pego pra você”. Resumindo: ele ficou super sem graça e desarmado e parou de fazer isso. Moral da historia que ela mesma conclui: antes de mudar o marido ela teve que mudar a si mesma.  E mudar nosso comportamento e muitas vezes nossos defeitos já arraigados requer muita paciência.

3-      Serenidade:  vou falar de mais um filme que nós assistimos e já virou jargão: chama-se “Bridge of spies”, com o Tom Hanks. É um filme sobre a guerra fria e o Tom Hanks interpreta um americano que tem que defender um espião russo. Esse espião é um ator muito bom (que eu não me lembro do nome) e em uma cena também muito boa, ele está correndo serio perigo de morrer e o Tom Hanks pergunta pra ele algo do tipo: “Você não está com medo?” e ele fala: “would it help?”, ou seja: “ajudaria em alguma coisa eu ficar preocupado?”. Isso também já virou jargão aqui em casa e como eu tenho mania de ficar muito preocupada com qualquer coisa, o Matt sempre fala pra mim: “would it help?”. Se nós analisarmos também com frieza e sinceridade a maioria das coisas que nos preocupam, nós chegaríamos a uma conclusão: muitas delas ainda são fruto da nossa imaginação, coisas que ainda nem aconteceram e que pode ser que nunca acontecerão. Santa teresa dAvila dizia: “a imaginação é a louca da casa”. E se ainda não aconteceu, ainda não temos as graças de deus para lidar com elas...

4-      Senso de humor / alegria- a tristeza é a pior coisa que existe e ela mina qualquer relacionamento, qualquer ambiente.


5-      Fé/ sentido sobrenatural- no ultimo sábado eu ia fazer um pernil assado no almoço. É uma receita do meu pai que é um sucesso. Então na sexta a noite já deixei o pernil temperado na geladeira e no sabado, assim que voltamos da missa, eu já fui pra cozinha colocar no forno. Estava tudo prontinho, quando eu fui pegar o papel alumínio pra cobrir a carne: cadê? Tinha acabado! Foi a “tragédia do papel alumínio”. Eu comecei a ficar super de mau humor mas ai respirei fundo, rezei e pensei: “Deus, furei minha previsão, mas já que é da sua vontade, vamos lá” e resolvemos ir ao supermercado/shopping e já aproveitar pra deixar o Lucas brincar um pouco,etc.  Porém,  bagunçou tudo o que eu tinha programado. Mas depois que terminou o dia, que foi maravilhoso, eu pensei: tudo tem a mão de Deus. Nós tivemos um dia ótimo, super gostoso, que não foi nada do planejado mas que foi tinha que ser..

Eu queria terminar com esse relato porque , diante das mil e uma dificuldades, grandes ou pequenas, que vão surgindo no nosso dia-a-dia, pode ser que surja a tentação de nós pensarmos: “não, seguir todos esses caminhos que a fé demanda é muito difícil”, ou seja, ser generosa, paciente, aceitar as contrariedades por amor a Deus da muito trabalho...mas podemos falar como Pedro depois que várias pessoas debandaram e não seguiam mais Jesus porque Ele havia revelado que daria sua própria carne para nosso sustento. Nosso Senhor então pergunta aos discípulos se eles também queriam ir embora e Pedro responde: ”Senhor, a quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna”. Só em Deus uma família consegue ser perene e verdadeiramente feliz.


quinta-feira, 5 de abril de 2018


“Coisas que aprendi”
Bom dia/ boa noite pessoal!
Depois de um período “out” devido a umas maravilhosas férias no Brasil, estou de volta! E nesse post eu queria escrever sobre as coisas que aprendi nos últimos anos da minha vida. Então eu fiz como ultimamente eu faço: por itens e dividi o post em dois pra não ficar cansativo. Então essa é a primeira parte.
Espero que gostem! Bjs!

1-      “Nom mea voluntas”
Esse primeiro item eu resolvi colocar por causa do que aconteceu recentemente comigo na nossa volta pra Australia há pouco mais de 15 dias e que eu vou contar agora.
Como todo mundo sabe, a viagem Brasil- Australia é uma odisseia.  Serio: é muito longa e cansativa e com uma criança agitada de quase dois anos e estando gravida, vocês já imaginam como fica mais “interessante”. Por isso, nós resolvemos quebrar a viagem e ficar umas horas no Chile e ir pro hotel, descansar, colocar as pernas pra cima (gravidas têm bem mais risco de embolia em avião). E a Vi minha irmã viria comigo (e veio). Tks infinitamente dinda!

Pois bem, fizemos isso. Nós saímos de São Paulo e chegamos no chile umas 2 da tarde e fomos pro hotel. Assim que nós chegamos, nós descemos pro saguão  pra almoçar. Eu estava indo alguns passos a frete e a minha irmà atrás com o Lucas. Foi uma questão de segundos em que eu fui pegar o cardápio pra ver o que eu podia dar a ele e ela foi colocar a mochila pra guardar uma mesa e quando nós olhamos:  “Cadê o Lucas?”. Pois é.  Em segundos nós começamos a olhar pra um lado, pro outro e não o víamos mais.  Eu sai correndo, gritando, chorando e quanto mais as pessoas olhavam pra mim com cara de: “não sei, não vi”, mais desesperada eu ficava. De repente um guarda do hotel (um anjo!) falou: “ele deve estar no elevador!” . O que aconteceu:  ele ama elevador (e escada, e tudo que não pode brincar), então ele entrou no elevador e este devia ter um censor ou timing, sei lá e o elevador fechou. Com a graça de Deus, ele não foi nem pra cima, nem pra baixo. Isso tudo deve ter durado super pouco, uns 3, 4 minutos mas foram os mais longos da minha vida e a consequência disso tudo: eu comecei a ter contração. Acho que juntou o cansaço, o estresse, o susto, etc. Depois que nós o achamos eu pensei: “não vou conseguir chegar na Australia, vou entrar em trabalho de parto daqui a pouco e a coisa vai ficar feia”. Bom, tem vários detalhes mas pra não ficar cansativo: eu entrei em contato com meu medico do Brasil que falou que eu deveria passar por uma avaliação medica (o que era impossível). Eu tinha três opções: ficar la no Chile e esperar, voltar pro Brasil (num primeiro momento me parecia a melhor  opção) ou seguir em frente e enfrentar um voo de 13 horas depois outro de mais 4. Nenhuma opção na verdade era boa...Ai eu pensei uma coisa: “eu só quero rezar”. E esse é o ponto mais importante do meu post de hoje: nas encruzilhadas da vida, que chegam pra qualquer um inexoravelmente, como saber qual caminho é o melhor? Rezando!! E quando a gente reza sem saber o que fazer, essa jaculatória é talvez uma das melhores coisas que podemos dizer a Deus e que foi o que Nosso Senhor disse ao Pai nas horas extremas antes da paixão: “Nom mea voluntas”- ou seja: “não se faça a minha votade” mas a Tua.  A vontade de Deus pra nós é sempre o melhor caminho e o que nos fará  felizes, embora muitas vezes na hora a gente não consiga enxergar...

Depois de uns minutos de oração bem recolhida e vários copos de agua, eu percebi que Deus falava pra mim: “Vai, vai que eu não vou te abandonar”.  E foi o que eu fiz: rezei a viagem inteira, pedindo sempre e como sempre, a ajuda da nossa Mãe Santissima e chegamos todos bem aqui! Obrigada Senhor!

E só pra terminar esse item: essa jaculatória que pode bem ser uma oração pra nós todos os dias não serve só pra quando estivermos em situações mais drásticas como essa. Serve também em todas as situações aparentemente sem relevância do nosso dia, quando não sabemos exatamente a hierarquia de importância das inúmeras coisas que nos temos que fazer e as vezes, qual delas escolher porque não teremos tempo de fazer todas. “Nom mea voluntas, Senhor”, me mostre o que o Senhor quer que eu faça agora, qual caminho seguir...

2-      Ter bons e reais exemplos e lembrar-se de que mesmo nossos melhores exemplos não viverão a nossa vida.

Vou começar contando um episodio que aconteceu há quase dois anos um pouco do Lucas nascer e que além de engraçado, se relaciona com esse item. Meus pais tinham acabado de chegar pela primeira vez na Austalia. Eles chegaram uns dias antes do nascimento e foi aquela alegria. Como os dois têm muita energia, no dia seguinte, mesmo eles estando embaralhados com o fuso e terem quase 70 anos, eles já começaram a me ajudar na casa: meu pai foi pra cozinha fazer almoço (ele cozinha maravilhosamente bem!) e minha mãe foi fazer faxina! Aí eu estava conversando com eles e de repente minha mãe vem da minha “área de serviço” (que na minha casa é na nossa garagem) e fala: “Filha, onde você guarda ferro e tabua de passar roupa? Vou passar essas roupas aqui”. Eu falei: “não sei mãe, eu não passo roupa”. Ela falou: “como assim, você não passa roupa?” e eu respondi: “uai, assim: não passando”....kkkk

Aí meu pai deu aquela risadinha de canto de boca e os dois se olharam, tipo: “quem é esse ET que nós criamos?, onde foi que nós erramos??”....kkk

Pois é, eu expliquei pra minha mãe que aqui na Australia as coisas são diferentes, são mais praticas, são mais caras e que a gente acabou se adaptando assim.

O fato é que os meus pais sempre foram o melhor exemplo pra mim, inclusive de logística de lar. Os dois são muito organizados: meu pai é por natureza mesmo e minha mãe acho que acabou aprendendo e também percebendo que ela teria que ser assim pra dar conta de uma família grande e etc. Enfim, o que eu quero dizer é que, muito embora eles sejam um maravilhoso exemplo pra mim, depois que eu me casei, eu cheguei a uma conclusão um tanto obvia mas também as vezes difícil de perceber (mesmo que inconscientemente): eu e o Matt estamos construindo o nosso lar, a nossa família, com as diferenças que nós temos de todas as outras do mundo. As vezes, talvez por ter meus pais como tão extraordinários, eu ficava achando que tudo da minha casa teria que ser igual a eles, ao jeito deles. E isso não é verdade. Então eu não passo roupa e somos muito felizes...kkk.

Ainda sobre esse item e pra terminar esse post: Deus colocou alguns exemplos maravilhosos de mulheres que eu admiro muitíssimo aqui em Brisbane e que servem muito de farol pra mim. Umas delas é uma amiga que também á católica e ela e o marido estão esperando o quinto filho (e eles são mais novos que eu..rs). Eu gosto muito de cada vez que eu encontro com ela porque ela sempre me ensina. Uma das ultimas vezes em que nós nos vimos, ela disse que a mais novinha das filhas dela (que deve ter uns 22 meses), estava quietinha no canto da sala comendo alguma coisa e ela suspeitou...kkk. A hora que ela chegou perto e viu, era uma barata morta! Kkkk. E eu fiz aquela minha cara de espanto e oerguntei: “você quase desmaiou?” e ela falou: “não, tirei da boca dela e continuei fazendo o que eu estava fazendo”...o exemplo dessa minha amiga, me mostra bem que além de tudo, nós temos que:  “take it easy”... criar uma família não é fácil e eu acho que umas das coisas que eu estou aprendendo também com esses exemplos de mães, esposas  e mulheres maravilhosas que Deus tem posto do meu lado, é que a gente tem que relevar, relaxar, ser muito serenas... a sanidade mental de uma família esta muito relacionada ao comportamento da mãe... e é esse o item do próximo post... mas já escrevi demais por hoje.

Por hoje é só!
Mil beijos e fiquem com Deus!