sexta-feira, 25 de maio de 2018


“Adolescência”

Bom dia/ boa noite pessoal!

Hoje o post vai ser um meio diferente porque eu resolvi falar um pouco sobre minha adolescência e também sobre a adolescência de forma geral. Fiz isso porque eu queria discutir um pouco sobre essa fase tão importante e ao mesmo tempo meio perigosa que são os anos “teen”. Infelizmente eu tenho ouvido muitas noticias ruins do Brasil, aqui na Australia e no mundo inteiro sobre jovens com depressão, síndrome do pânico, transtornos diversos e também sobre aqueles casos ainda mais tristes de jovens que tiram a própria vida... mas já aviso que não será um post triste. Pelo contrario, ao refletir sobre essa minha fase eu relembrei de fatos bem engraçados e relacionei com o post... espero que gostem.  Aqui vai:

Bom, depois dessas noticias eu ouvi varias pessoas, entre elas amigos e também especialistas tentando dar a resposta, os “por quês” de tantos jovens com esse tipo de problema. Ouvi varias coisas que pra mim fazem sentido (outras nem tanto) então vou começar a falar sobre elas e tentar dar a minha opinião. Sempre claro, com as minhas próprias historias.

Uma das respostas mais frequentes que ouvi foi o tal do bullying e a questão da autoestima. Aí fiquei pensando sobre como eu passei a minha adolescência em relação a isso. A resposta é: pessimamente! Kkkkkk. Já na 5ª serie eu era do tamanho que eu sou hoje (1,77m) , usava aparelho nos dentes e tinha mais cabelo que qualquer mortal....eu acho que a autoestima  de um jovem/ adolescente deve estar mais ou menos uns 90% relacionada com a sua aparência. Então por ai da pra imaginar como era a minha....kkkk.  O engraçado é que muita gente fala pra mim: “sério? Mas parecia que você era tão feliz!”. E eu repondo: “parecia não, eu era”... e  realmente isso é curioso. Então isso foi a primeira coisa que me fez pensar: “como que eu era tão feliz?” e a resposta é claro, um pouco complexa, mas o fator preponderante  (do ponto de vista humano e não sobrenatural) é um: por causa da minha família. Se na escola e nos outros meios sociais eu não me sentia a bonitona da bala chita, em casa eu sempre encontrava meu oásis de alegria e paz. Pode parecer pouca coisa mas não é. Voltar pra casa da escola sempre foi uma alegria e acho que meus irmãos e meus pais ajudavam muito. Então aqui vai a primeira historia que mostra um pouco isso:

Esses dias fui ao medico numa consulta de rotina da gravidez  e o médico, que é um senhor sensacional e super figura, sempre me da parabéns por causa da minha pressão (que sempre foi super baixa) e porque ele fala que eu estou tendo uma gravidez saudável. Ai esses dias ele perguntou: “você era atleta??”. Aí o Matt respondeu cascando o bico: “sim, especialmente de tênis”. É o seguinte: quando eu tinha uns 14 anos, eu comecei a fazer tênis.  Eu era péssima mas não tinha tanta noção disso até me inscrever no primeiro torneio da escola em que eu fazia as aulas. O jogo ia acontecer num sábado de manhã e meu pai, a Vi e a Lu minha irmãs foram  assistir  (péssima ideia! kkk).  Resumo da ópera: eu perdi de zero! Zeroooo. Não fiz nenhum ponto!!kkkk. Mas o mais bonitinho é que meu pai ficava na arquibancada gritando: “vai filha! Vai!!! Não tem problema, vamos lá...”
É claro que eu contei essa historia pro meu marido e que ele me zoa até...kkkk. Mas o importante é uma coisa: meus pais sempre incentivaram muito a gente e sempre fizeram a gente acreditar  no nosso potencial... mesmo quando nós estávamos perdendo de zero.... então a estrutura familiar,  os pais e tudo que se refere a isso, são MUITO importantes!

Outra coisa que eu ouvi muito e que concordo: os jovens não sabem ou pelo menos têm dificuldade em lidar com frustrações

Então outra historia: Quando eu estava na 8ª serie eu me mudei pra um colégio novo: o Sabinho. Era uma escola nova que eu gostei muito e como uma escola nova, todos os dias nós tínhamos que levar o crachá de identificação (e o bedel ficava passando pra checar). Eu sempre esquecia o crachá e o cara até teve paciência comigo até que um dia ele falou que eu não ia poder assistir aula sem o crachá. Eu fiquei super brava e respondi pra ele super mal educada e desrespeitosa. A diretora da escola ligou pros meus pais e disse o que tinha acontecido. O que eles fizeram? Além de terem ficado super decepcionados, me falaram que no dia seguinte eles iriam na escola comigo e que eu ia pedir desculpas pro bedel na frente deles e da professora. Eu queria MORRER!! Chorei, esperneei mas não teve jeito: no dia seguinte pela manhã estava eu lá na escola pagando o maior mico na frente de todo mundo... mas seviu a lição: aos 14 anos meus pais me fizeram entender várias coisas em um gesto só: a respeitar a todos, independentemente de quem seja, de nunca faltar com a caridade e acho que mais importante que tudo: que quando nós erramos, devemos ser humildes e reconhecer. Um coração humilde agrada muito a Deus.

E finalmente para o post de hoje, algo que eu acho que se deteriorou e se perdeu: a conquista das virtudes. Sempre elas e não tem como não citá-las. “A felicidade é a recompensa das virtudes” eu li no livro do Andrew Mullins que já citei no post passado. Então eu penso que à parte, obviamente, as pessoas que estão doentes, com algum problema psíquico, é esse o caminho pra criar jovens felizes e passarem ilesos pela adolescência. As gerações atuais, se por um lado estão cheias de jovens extremamente ambiciosos, com uma energia interminável pra fazer dinheiro e crescer profissionalmente, por outro eu também  tenho a impressão de  que estão menos virtuosos (e a minha geração se inclui aí): mais egoístas, mais focados em seu próprio trabalho e realizações, mais emocionalmente imaturos e mais promíscuos... essa combinação nunca podia resultar em algo bom.
Um estudo feito pela Universidade de San Diego que foi amplamente divulgado no ano passado mostra que os jovens nunca saíram tão tarde de casa, embora se tenha tanta “liberdade”, nunca foram tão depressivos, embora o acesso a remédios e terapias esteja também tão avançado e ironia das ironias: nunca fizeram tão pouco sexo, embora seja uma época tão liberal...o que isso mostra pra gente? As pessoas dessas gerações estão estafadas, descobriram que tudo isso não as preenche, que nada disso traz uma felicidade genuína.

São Josemaria Escriva em um ponto de Caminho diz: “a minha alegria e a minha paz.... nunca poderei ter alegria se não tiver paz... e o que é a paz? A paz é algo de muito relacionado com a guerra. A paz é consequência da vitória. A paz exige de mim uma continua luta. Sem luta, não poderei ter paz.”. Essa luta a que São Josemaria se refere é a luta pela conquista das virtudes, a luta contra nós mesmos, contra nossos defeitos e misérias.

E isso leva a conclusão sempre obvia: “que embora pareçam esforçar-se em busca de ideais passageiros, têm no fundo uma sede insaciável de Deus, e procuram Deus mesmo não o sabendo”...Dom Alvaro del Portillo disse isso em uma homilia uma vez. Tão verdadeiro!
Mas isso é papo pro próximo post em que eu vou falar do lado sobrenatural, da fé que pode ajudar tantas pessoas, inclusive tantos jovens a encontrarem um sentido tão maravilhoso pras suas vidas, pras suas vocações de filhos tão amados de Deus.

Por hoje é só.
Mil beijos e fiquem com Deus!


2 comentários:

  1. Oi, Elisa. Sua postagem me fez lembrar de um livro que li recentemente, "Garotos à deriva, garotos no limite" de Leonard Sax (comprei pela Quadrante). Apesar de algumas discordâncias, achei um livro muito interessante que trata das diferenças entre rapazes e moças especialmente na fase da adolescência, e o autor traz várias informações muito interessantes.
    Acho que um dos pontos abordados é uma falta de contato consigo mesmo e com o mundo real. Uma imagem muito boa é de que hoje não é tão comum escrever um diário como era há tempos atrás. Mas se está escrevendo em outro lugar, nas redes sociais. Nelas em geral as mulheres são levadas a dedicar pouco tempo no que realmente sentem ou querem ou pensam, mas a publicar o que parece fazer sucesso, conseguir atenção. Perdendo essa dimensão pessoal, não me surpreende que não desenvolvam tão bem um autoconhecimento e ferramentas para lidar com situações difíceis.
    Nos rapazes, muitas vezes a troca do real se dá pelo virtual, em jogos e video-games. Nisso, também se está perdendo o desenvolvimento de habilidades importantes para a vida, como a paciência. Acho que hoje os jogos tendem a ser muito dinâmicos; tão dinâmicos que muitas vezes não é preciso pensar muito, e mais agir e ter habilidade manual, enquanto antigamente muitos jogos exigiam paciência, estratégia.
    Daria para falar mais, mas está ficando muito longo. Acho que hoje temos um problema das facilidades - que não se tornam más por isso - muitas vezes não permitirem que se desenvolva essa dimensão interior. Também hoje os pais, para cuidarem bem dos filhos, precisam lidar com situações que não existiam em seu tempo, como perigo dentro de casa no computador, ou em jogos e celular. Se quiser, a gente conversa mais ou eu te mando o fichamento que fiz. Gosto muito das suas postagens

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    1. OI Luquita!
      Tudo bem? Nossa, adorei suas considerações. Super concordo.
      Mande seu fichamento sim, pf. Vou elaborar minha resposta e depois te mando pq tb tenho algumas considerações. (vou ver sobre esse livro tb)
      Obrigada! bjs

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