quarta-feira, 11 de maio de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!
Conforme prometido: o blog segue em frente! Uhuuuu

Muito, muito obrigada por todas as mensagens e feedbacks maravilhosos! Vibro com cada um e com certeza me ajudaram a continuar.

Eu pensei muito sobre o que falar nos próximos posts e cheguei à conclusão dos temas, em especial desse tema de hoje, porque ele também é relacionado diretamente com o “nosso milagre” e também porque falar do milagre é falar do processo que levou a ele, em tudo que eu recebi de ensinamentos de pessoas maravilhosas, de livros, de retiros, convívios, romarias, etc. Porque finalmente, como diz o título de um dos livros do Scott Hahn: “todos os caminhos levam a Roma”.

Então, cada post a partir de agora vai ter um tema, tipo um capítulo.
O capítulo de hoje se chama: “Meu temperamento: meu caminho de santificação”

Essa história começou há muitos e muitos anos quando minha família inteira, meus pais, meus quatro irmãos e eu fazíamos direção espiritual com o mesmo sacerdote: o famoso padre Zé Lino.

O meu pai e o padre Zé Lino se davam muito bem provavelmente porque tinham duas coisas em comum: a descendência espanhola e o temperamento forte.  Um dia conversando com meu pai, o padre Zé Lino falou: “Betão, nosso temperamento é nosso caminho de santificação”.

O meu pai nesse dia chegou em casa contando essa história mas na época eu não entendi muito bem. Muitos anos depois, quando eu comecei a me aprofundar na direção espiritual e descobrir meus próprios defeitos, e quem diria, o temperamento parecido com o do meu pai, eu comecei a entender porque o padre Zé Lino havia falado isso.

Explicando: as vezes para nós de temperamento forte, é muito, muito difícil conter a impetuosidade, a resposta brusca e até mesmo a falta de educação. Por isso o padre Zé Lino falou que pra quem tem esse tipo de temperamento, ele é o próprio caminho de santificação: porque é um esforço diário e as vezes bem grande melhorar e não faltar com a caridade com o próximo e não azedar o ambiente. O meu pai é um homem maravilhoso e admirável, extremamente virtuoso, trabalhador e generoso, mas é também um espanholsão osso duro de roer...

Então agora vou contar duas histórias sobre ele e depois vou explicar por que as contei: a primeira aconteceu no ano passado, um pouco antes do meu casamento.

Meu pai não gosta de comprar roupa e nem adianta dar de presente porque ele também não usa. Ele tem apenas um terno, cinza (rs), que segundo o namorado da minha irmã, é tão velho que já voltou até a ser moda...kkkk (deve ter no mínimo uns 20 anos, chutando baixo). Então, um pouco antes do meu casamento, lá em casa nós começamos a conjecturar se meu pai ia comprar um terno novo. Claro que a gente achava que sim. Um dia, uma das minhas irmãs perguntou no almoço como quem não quer nada: “pai, você já comprou um terno para o casamento da Elisa?”. E ele respondeu na maior: “terno? Mas eu tenho meu super terno cinza!!”...kkkkk. Resumo da ópera: ele foi ao meu casamento com o famoso terno cinza e entrou na igreja se achando!!

A segunda história é de quando nós éramos pequenos. Meu pai não deixava a gente assistir novela porque ele falava, e com toda razão, que novela só tem coisa ruim e é moralmente péssimo, especialmente pra crianças e adolescentes. Além de uma terrível perda de tempo. Acontece que eu, a Vi e a Lu minhas irmãs éramos adolescentes, crianças que adoravam uma novelinha escondida. Então, as vezes, quando meus pais não estavam em casa, nós assistíamos. Num desses dias, era uma sexta-feira a noite e estava no ar uma novela chamada “A próxima vítima” (quem tem mais de 30 anos vai se lembrar). E a rede Globo fez a maior propaganda pra saber quem era o assassino. O último capítulo ia ser na sexta-feira como sempre e nós esquematizamos tudo pra assistir porque meus pais iam sair pra jantar (kkk). Assim que eles chamaram o elevador nós já corremos pra tv. Mas a gente acha que consegue enganar pai e mãe! Que ingenuidade! De repente, nós estávamos lá assistindo e começamos a escutar os passos do meu pai no corredor. Ferrou! Uma olhou pra cara da outra em desespero total, tipo assim: agora a gente vai pra guilhotina!! kkkkkk Resumindo: meu pai pegou a gente no pulo! O que ele fez no dia seguinte? Aposto que ninguém ia adivinhar: tirou TODAS as televisões de casa! Não sobrou nem uma única pra ele assistir o palmeiras amado.

Por que eu contei essas duas histórias? Porque na minha opinião, uma delas mostra um lado negativo do temperamento forte porém a outra mostra um lado positivo. Ser teimoso e não comprar um terno novo pro meu casamento não causou nenhum estrago, mas as vezes, essa teimosia de quem tem um temperamento muito forte e opiniões muito arraigadas, pode ser problemático, em especial no convívio familiar (mas também no convívio social, profissional, etc)

A segunda história, a meu ver, mostra o lado positivo de quem tem um temperamento forte e é muito decidido nas suas opiniões. Ter tirado as televisões de casa e nos proibido de assistir o lixo moral que são as novelas foi algo maravilhoso que meu pai fez por nós. Muita gente acha que meu pai é radical. Até meu finado vô Pedrão, o próprio pai dele falava: “o Betão? O Betão é radicar”...KKK. Mas uma coisa ninguém pode falar: que ele não foi coerente com os valores que ele e minha mãe estavam tentando nos passar. E, além disso, eu devo ao meu pai todas as horas a mais que eu passei brincando, lendo, conversando com a minha família e amigos porque eu não estava assistindo novela.

Mas então continuando: o padre Francisco Faus, maravilhoso, em seu site fala sobre isso.  "Existem iras com razão?" Sim.  As vezes nos indignamos com toda razão perante um ato cruel, uma injustiça, uma mentira deslavada, uma ofensa a Deus ou à sua Igreja, uma série de crimes impunes... Essa indignação é boa. A indiferença diante desses males seria uma indecorosa falta de solidariedade com os injustiçados e de senso moral". E cita São João Crisóstomo: "Quem não se indigna, quando há motivo, peca". a falta de indignação ante o mal semeia vícios, alimenta a negligência e facilita que não só os maus, como também os bons, pratiquem o mal".

Eu comecei a meditar sobre isso quando percebi que queria de verdade um dia ser esposa e mãe e comecei a analisar as famílias e os lares que eu admirava. As mães, e entre elas especialmente a minha,  tinham algo em comum: eram, embora mulheres fortes e de valores muito bem definidos, também muito amáveis, tinham grande inteligência emocional, e sabiam sempre perdoar, sorrir, ouvir e calar (essa última característica tão em desuso na nossa sociedade moderna que acha que se calar é sinônimo de fraqueza quando na verdade demonstra uma fortaleza muito grande de quem o faz). Todas essas características- saber perdoar, sorrir, ouvir, calar- são próprias de quem tem a virtude da mansidão, a virtude contrária ao defeito do temperamento forte e irascível.

Então eu comecei a pensar no meu temperamento e nas minhas atitudes. Como já diziam os gregos há muitos e muitos séculos: “Conhece-te a ti mesmo”. É sempre bom nos analisarmos e vermos onde nós erramos mais frequentemente e por fim, qual a virtude, oposta a esse defeito, que eu devo melhorar. Dando exemplos de outros defeitos: se eu sou preguiçosa, preciso melhorar na virtude da diligência, se eu sou egoísta, preciso melhorar na generosidade, e assim por diante. E eu cheguei a conclusão, há muitos anos que se eu quisesse um dia não só ser esposa e mãe, mas também ser uma boa esposa e mãe, eu teria que melhorar urgentemente meu temperamento. Caso contrário, eu só causaria sofrimento a mim e à minha família.

O Scott Hahn, que eu citei acima,  diz em seu livro “Signs of life”: “nada machuca mais os nossos relacionamentos e a nossa saúde mental tanto quanto o fardo do pecado e da nossa culpa”. Isso é muito verdadeiro. Se analisarmos os núcleos familiares, chegaremos facilmente a conclusão de que as brigas, desavenças e em casos mais graves, as separações, são geralmente fruto de que as pessoas desse lar deveriam melhorar nas virtudes. "Tudo depende do coração, do amor, da bondade e das virtudes que nele se enraÍzam. Boas virtudes são geradoras de paz. Defeitos habituais, não corrigidos, são provocadores de guerra."  diz Francisco Faus.

Mas pra quem está pensando: mas e eu que não tenho um temperamento forte mas sou obrigada a conviver diariamente com uma pessoa que tem? (marido, esposa, irmãos, pais, colegas de trabalho..). Então, pra todas essas pessoas, a primeira coisa a ter em mente é a seguinte: se pra quem tem temperamento forte, o próprio gênio é o caminho de santificação, o de vocês é a pessoa com quem vocês convivem. É na paciência, no saber relevar, no saber perdoar as pessoas de gênio difícil que convivem conosco que Deus nos espera para o imitarmos. Disse Jesus: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.

E finalmente pra quem pensa: “mas eu convivo com essa pessoa há tanto tempo e ela parece nunca melhorar”!! Bom, esse é o tipo de luta pra uma vida inteira. São Josemaria Escrivá falava muito sabiamente que nós convivemos com nossos maiores defeitos/pecados até o fim da vida porque caso contrário, se nós nos livrássemos deles, perderíamos a humildade.

É isso por hoje.
Domingo celebraremos o Pentecostes, uma ótima ocasião para pedirmos ao Espírito Santo o dom da mansidão para nós e para todos que convivem conosco!

Mil beijos, fiquem com Deus! E a pedidos, fotinhos do casamento!

Sites de referência:
Fransciso Faus: “fé, verdade e caridade”
http://www.padrefaus.org/




3 comentários:

  1. Obrigada minha querida! Saudades de vc! bjãoo

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  2. Elisa, adorei seu blog e esse texto caiu como uma luva pra mim, sou espanhola... ������ parabéns!

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