Bom dia/ boa noite pessoal!
O tema do blog hoje é: “O irmão ajudado pelo irmão é como uma cidade
amuralhada”
Eu resolvi falar sobre esse tema,
que é uma frase da Bíblia e fala muito sobre a caridade e sobre como é
importante ajudar- mas também aceitar ser ajudado. E também como nós podemos usar todos os
momentos e circunstâncias das nossas vidas pra rezar e pra servir e amar a Deus
e ao próximo (mesmo aqueles momentos mais atarefados como a chegada de um
bebê).
Então vamos lá:
Antes de o Lucas nascer eu achava
que ia conseguir fazer muitas coisas, inclusive sozinha. Ledo engano!! Já nos
primeiros dias de volta em casa com ele eu comecei a perceber como é desafiador criar um filho e como nós precisamos de ajuda (eu pelo menos preciso e muito).
Você volta pra casa com aquele
serzinho todo frágil, 100% dependente de você, que chora mas não fala por que
está chorando e você está com dor (o corte da cesárea fica doendo por semanas),
com medo, e cheia de dúvidas. Então, depois que o Lucas nasceu eu comecei a ver
como Deus vai nos moldando através dos fatos, aparando as nossas arestas (as
arestas dos nossos defeitos e pecados) e Ele fez e está fazendo isso comigo
maravilhosamente. Por que? Porque eu tinha mania de ser muito autossuficiente,
independente, querer tudo do meu jeito. E quando você começa a ter que pedir
ajuda até pra ir ao banheiro (sim, porque seu bebê pode chorar bem nessa hora),
qualquer resquício de autossuficiência vai por água abaixo.
Eu tenho uma amiga de Ribeirão
que sempre me falava: “Pára com essa sua mania de excesso de independência”. A
maternidade deu um xeque-mate no meu excesso de independência. Se tem uma fase
da vida da mulher em que ela vai precisar- e MUITO- de ajuda é quando ela volta
pra casa do hospital com um bebê recém-nascido.
É claro que é bom ser
independente: ter pensamento próprio, independência financeira, ter atitude,
etc. Mas quando nós temos “excesso” de independência, isso pode estar
mascarando alguns defeitos/pecados, como era no meu caso: impaciência, falta de
caridade e claro, um bom tanto de soberba, que no fim é a raiz de todos os
outros pecados.
A outra consequência maravilhosa
de passar por uma fase dessas, é que nós percebemos que o ser humano só é feliz
se ajuda e se deixa ser ajudado. Isso é
a base do princípio da caridade, que por sua vez é a maior mensagem de Cristo:
“amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a ti mesmo”. E por sua vez, a caridade traz uma enorme
alegria a quem a põe em pratica.
Um dos meus filmes preferidos “Um
grande garoto” fala bastante sobre isso.
Nele o ator Hugh Grant interpreta o tipo “bom vivant”: um homem dos 30/40 anos, bonitão, mulherengo, cheio da
grana e zero de virtudes: não trabalha, não ajuda ninguém e se envolve com
todas as mulheres possíveis (apenas fisicamente e nunca psicologicamente). Ele
vive dos royalties de um jingle que ele fez há um tempão e que fez muito
sucesso. No começo do filme ele diz um pensamento seu: “o homem é uma ilha”.
Ele acha que o ser humano deve viver isolado e não precisa de ajuda e também
não precisa ajudar ninguém. Então no filme ele conhece esse garoto todo problemático
cuja mãe é depressiva-suicida e que sofre muito bullying na escola. O menino meio que começa a perseguir o Hugh
Grant e desses encontros nasce uma amizade totalmente improvável. O mais bonito
do filme é que o personagem do Hugh Grant acaba ajudando o menino mas o menino,
contrariando todas as expectativas, o ajuda incrivelmente, especialmente
fazendo vê-lo que, como diz na Bíblia: “há mais alegria em dar que receber”.
As primeiras semanas com o Lucas-
Timolino (esse é o apelido que dei a ele e pegou..rs) foram muito intensas. E
eu agradeço a Deus não ter tido apenas ajuda física mas também espiritual.
Eu comecei a entender (e não me
entendam mal) por que alguns casais começam a brigar depois da chegada
de um filho (e acho que em especial o primeiro). Algo que deveria ser- e É- a
maior bênção na vida de um casal, pode
acabar trazendo brigas. O cansaço é extremo, as dúvidas, as inseguranças...
tudo isso pode afetar a vida dos dois. Mas a boa notícia é que, com oração e a
ajuda de Deus, tudo passa e depois que passa, você percebe que o amor entre o
casal fica ainda maior e melhor. Hoje eu olho pro Matt trocando fralda, fazendo
o Lucas dormir, se desdobrando de cuidados com a gente e eu não acredito que o
meu amor por ele pode ter ficado ainda maior que antes... e com certeza ficou!!
Eu posso dizer também com toda a
certeza, que no plano humano, a ajuda que eu recebi e continuo recebendo foi
maravilhoso mas também e PRINCIPLAMENTE, a ajuda que eu recebi e recebo no
plano espiritual. As minhas normas de piedade (meu plano de vida: oração,
terço, leitura, ect) me ajudaram muito a passar por essa fase e crescer e
amadurecer com ela. No começo eu ficava um pouco frustrada porque eu já não
tinha mais aquele tempo sossegado pra fazer minhas normas, mas aí Deus me mostrou-
também pela oração- que o que Ele queria de mim agora era justamente isso: que
eu tentasse fazer minhas orações mesmo cansada, com o Timolino muitas vezes
pendurado em mim.... por exemplo eu comecei a rezar o terço de madrugada
enquanto eu o amamento. Uma madrugada de quarta-afeira pra quinta-feira eu
estava rezando os mistérios gozosos e cochilei...kkk. Depois eu não lembrava
mais onde eu havia parado...kkk. Então eu primeiramente caí na tentação de
abandonar e não rezar mais meus tercinhos de madrugada...
Foi então que eu peguei o livro “Saxum”-
que estou lendo agora- e fala sobre a vida de Dom Alvaro e o autor diz que Dom
Alvaro logo no início do Opus Dei estava tendo uma vida muito agitada mas como
ele era muito santo, ele queria continuar tendo as atividades de formação.
Então ele chegou um dia de viagem exausto e foi assistir ao recolhimento que
São Josemaria estava pregando. Acontece que ele dormiu o tempo inteiro. As pessoas
que estavam assistindo ao recolhimento ficaram muito incomodadas mas São
Josemaria disse que aquela meia hora que ele havia passado dormindo havia
subido ao céu também em forma de oração... ah que lindo! Eu então entendi que
essas orações feitas de madrugada, meio dormindo, meio acordada, também chegam
a Deus e eu com certeza vou saber, talvez em breve, talvez só no céu, quantas
graças elas me renderam...
Por hoje é só.
Mil beijos e fiquem com Deus!
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