sábado, 3 de setembro de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!

O tema do blog hoje é:  “O irmão ajudado pelo irmão é como uma cidade amuralhada”

Eu resolvi falar sobre esse tema, que é uma frase da Bíblia e fala muito sobre a caridade e sobre como é importante ajudar- mas também aceitar ser ajudado.  E também como nós podemos usar todos os momentos e circunstâncias das nossas vidas pra rezar e pra servir e amar a Deus e ao próximo (mesmo aqueles momentos mais atarefados como a chegada de um bebê).
Então vamos lá:

Antes de o Lucas nascer eu achava que ia conseguir fazer muitas coisas, inclusive sozinha. Ledo engano!! Já nos primeiros dias de volta em casa com ele eu comecei a perceber como é desafiador criar um filho e como nós precisamos de ajuda (eu pelo menos preciso e muito).

Você volta pra casa com aquele serzinho todo frágil, 100% dependente de você, que chora mas não fala por que está chorando e você está com dor (o corte da cesárea fica doendo por semanas), com medo, e cheia de dúvidas. Então, depois que o Lucas nasceu eu comecei a ver como Deus vai nos moldando através dos fatos, aparando as nossas arestas (as arestas dos nossos defeitos e pecados) e Ele fez e está fazendo isso comigo maravilhosamente. Por que? Porque eu tinha mania de ser muito autossuficiente, independente, querer tudo do meu jeito. E quando você começa a ter que pedir ajuda até pra ir ao banheiro (sim, porque seu bebê pode chorar bem nessa hora), qualquer resquício de autossuficiência vai por água abaixo.

Eu tenho uma amiga de Ribeirão que sempre me falava: “Pára com essa sua mania de excesso de independência”. A maternidade deu um xeque-mate no meu excesso de independência. Se tem uma fase da vida da mulher em que ela vai precisar- e MUITO- de ajuda é quando ela volta pra casa do hospital com um bebê recém-nascido.

É claro que é bom ser independente: ter pensamento próprio, independência financeira, ter atitude, etc. Mas quando nós temos “excesso” de independência, isso pode estar mascarando alguns defeitos/pecados, como era no meu caso: impaciência, falta de caridade e claro, um bom tanto de soberba, que no fim é a raiz de todos os outros pecados.

A outra consequência maravilhosa de passar por uma fase dessas, é que nós percebemos que o ser humano só é feliz se  ajuda e se deixa ser ajudado. Isso é a base do princípio da caridade, que por sua vez é a maior mensagem de Cristo: “amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a ti mesmo”.  E por sua vez, a caridade traz uma enorme alegria a quem a põe em pratica.

Um dos meus filmes preferidos “Um grande garoto” fala bastante sobre isso.  Nele o ator Hugh Grant interpreta o tipo “bom vivant”: um homem dos 30/40 anos, bonitão, mulherengo, cheio da grana e zero de virtudes: não trabalha, não ajuda ninguém e se envolve com todas as mulheres possíveis (apenas fisicamente e nunca psicologicamente). Ele vive dos royalties de um jingle que ele fez há um tempão e que fez muito sucesso. No começo do filme ele diz um pensamento seu: “o homem é uma ilha”. Ele acha que o ser humano deve viver isolado e não precisa de ajuda e também não precisa ajudar ninguém. Então no filme ele conhece esse garoto todo problemático cuja mãe é depressiva-suicida e que sofre muito bullying na escola. O menino meio que começa a perseguir o Hugh Grant e desses encontros nasce uma amizade totalmente improvável. O mais bonito do filme é que o personagem do Hugh Grant acaba ajudando o menino mas o menino, contrariando todas as expectativas, o ajuda incrivelmente, especialmente fazendo vê-lo que, como diz na Bíblia:  “há mais alegria em dar que receber”.

As primeiras semanas com o Lucas- Timolino (esse é o apelido que dei a ele e pegou..rs) foram muito intensas. E eu agradeço a Deus não ter tido apenas ajuda física mas também espiritual.

Eu comecei a entender (e não me entendam mal) por que alguns casais começam a brigar depois da chegada de um filho (e acho que em especial o primeiro). Algo que deveria ser- e É- a maior bênção na vida de um casal,  pode acabar trazendo brigas. O cansaço é extremo, as dúvidas, as inseguranças... tudo isso pode afetar a vida dos dois. Mas a boa notícia é que, com oração e a ajuda de Deus, tudo passa e depois que passa, você percebe que o amor entre o casal fica ainda maior e melhor. Hoje eu olho pro Matt trocando fralda, fazendo o Lucas dormir, se desdobrando de cuidados com a gente e eu não acredito que o meu amor por ele pode ter ficado ainda maior que antes... e com certeza ficou!!

Eu posso dizer também com toda a certeza, que no plano humano, a ajuda que eu recebi e continuo recebendo foi maravilhoso mas também e PRINCIPLAMENTE, a ajuda que eu recebi e recebo no plano espiritual. As minhas normas de piedade (meu plano de vida: oração, terço, leitura, ect) me ajudaram muito a passar por essa fase e crescer e amadurecer com ela. No começo eu ficava um pouco frustrada porque eu já não tinha mais aquele tempo sossegado pra fazer minhas normas, mas aí Deus me mostrou- também pela oração- que o que Ele queria de mim agora era justamente isso: que eu tentasse fazer minhas orações mesmo cansada, com o Timolino muitas vezes pendurado em mim.... por exemplo eu comecei a rezar o terço de madrugada enquanto eu o amamento. Uma madrugada de quarta-afeira pra quinta-feira eu estava rezando os mistérios gozosos e cochilei...kkk. Depois eu não lembrava mais onde eu havia parado...kkk. Então eu primeiramente caí na tentação de abandonar e não rezar mais meus tercinhos de madrugada...

Foi então que eu peguei o livro “Saxum”- que estou lendo agora- e fala sobre a vida de Dom Alvaro e o autor diz que Dom Alvaro logo no início do Opus Dei estava tendo uma vida muito agitada mas como ele era muito santo, ele queria continuar tendo as atividades de formação. Então ele chegou um dia de viagem exausto e foi assistir ao recolhimento que São Josemaria estava pregando. Acontece que ele dormiu o tempo inteiro. As pessoas que estavam assistindo ao recolhimento ficaram muito incomodadas mas São Josemaria disse que aquela meia hora que ele havia passado dormindo havia subido ao céu também em forma de oração... ah que lindo! Eu então entendi que essas orações feitas de madrugada, meio dormindo, meio acordada, também chegam a Deus e eu com certeza vou saber, talvez em breve, talvez só no céu, quantas graças elas me renderam...

Por hoje é só.

Mil beijos e fiquem com Deus!

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