quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

“Há tempo pra plantar, há tempo pra colher. Há tempo pra chorar, há tempo pra sorrir”...

Bom dia/ boa noite pessoal! Esse post é meio que uma continuação do último porque achei que aquele ficou incompleto por um motivo: eu falei que queria fazer do meu lar um lar “luminoso e alegre” mas não disse exatamente como fazer isso. Então queria dizer que, como aprendi há um tempo, mesmo ideais grandes devem ter metas pequenas (até porque se não a gente desanima e não sai do lugar) e por fim porque como dizia São Josemaria: não são os grandes terremotos que geralmente abalam um edifício mas as pequenas infiltrações que vão minando as estruturas pouco a pouco (e o contrário portanto também é verdadeiro).

Então pra compartilhar um pouco dos pensamentos e metas que eu pensei, vou fazer como quase sempre e escrever em “bullet points”. Devo dizer que a maioria dos conselhos aqui contidos têm principalmente três fontes: minha mãe (sempre ela!), meu diretor e ex diretores espirituais do Opus Dei e algumas amigas que eu sei que têm muito preparo e presença de Deus. E por fim também alguns conselhos que eu escuto de Deus durante a oração mental.

1)      O primeiro e talvez o mais difícil é como disse Dom Javier Echevarria, o último prelado do Opus Dei morto em dezembro  do ano passado: ter vida de ação e ao mesmo tempo de oração- ser contemplativos no meio do mundo e dos nossos afazeres diário,  ser Marta e Maria (as irmãs de Lazaro, amigos de Jesus). Uma coisa não vive sem a outra e um cristão vai estar fazendo isso errado se ele optar por viver apenas de uma forma negligenciando a outra. E isso por vezes pode ser difícil. Hoje em dia eu sou uma “full time mum”: não trabalho fora e tenho pouca ou quase nenhuma ajuda. Desde que o Lucas nasceu é pra mim um desafio não ficar mal humorada logo que eu acordo de manhã e vou tropeçando em fralda suja que eu troquei durante a noite, garrafinhas de água jogadas pelos cantos, roupas, brinquedos, livros, etc. Nessas horas eu tenho que fazer o maior esforço por ser mais “Maria” e menos “Marta”: saber que aquelas baguncinhas estão ali porque Deus no mínimo permitiu para que eu cresça em paciência, espírito de serviço e outras virtudes e que não vale a pena- at all- brigar e ficar de mau humor por causa disso. Como me ensinou uma amiga querida: é muito bom que nós mães tenhamos ordem e deixemos a casa sempre limpa e em ordem mas desde que isso não interfira na paz familiar!!

2)      Esse segundo conselho me foi dado pela minha mãe e acho que se eu tivesse que dar um único conselho a pessoas recém casadas eu escolheria esse. Então uma breve história pra explicá-lo: quando eu e o Matt ainda estávamos namorando, eu discordei dele em relação a um ponto pequeno. Não era nada de ordem moral mas era algo que eu sabia que no futuro poderia me incomodar e até trazer brigas. Então eu comecei a contar pra minha mãe com “aquele drama” (quase não faço isso...kkk) e eu me lembro exatamente do que ela falou: primeiro ela escutou com toda a calma e por fim ela disse com aquela sabedoria imensa: “filha, te entendo e consigo ver os dois lados: seu e do Matt e acho que pode ser que você esteja realmente com a razão. Porém, vamos rezar por duas intenções: pra que o Matt se convença de que você está certa e também pra que ele chegue a essa conclusão sem que você tenha que falar nada. Assim você lucra duas vezes” (e evita o atrito. Minha mãe sabe muito bem que evitar o atrito no casamento é algo maravilhoso!!)

Gente, que sábio conselho! Não deu outra. Bom, então passou um tempo e nós nos casamos e eu vim morar na Australia. Quando fazia apenas alguns meses que nós estávamos casados, eu e o Matt fomos ao supermercado e ele estava com o carrinho. De repente eu o vejo parar em frente à bancada de maçã verde e pegar um saquinho e começar a colocar uma maça verde, duas, três... ele pegou CINCO maçãs verdes! Eu pensei: “gente do céu, pra que tudo isso de maçã verde??”. Eu acho que eu nunca havia comprado (até aquele dia) nem uma única maçã verde, quanto menos cinco!! Ainda mais aqui na Australia onde as frutas são tão caras! Assim que eu vi aquilo fui toda vaporosa protestar quando o Espírito Santo deu uma travada na minha língua e eu me lembrei do ensinamento da minha mãe na hora! Resolvi então fazer uma pequena oração e ir oferecendo pra Deus... sério: não chegou nem no estacionamento e o Matt olhou pra mim e falou: “acho que eu comprei muita maçã verde, né??”...kkk. Hoje eu sempre fico pensando quais são minhas “maças verdes” de todos os dias: coisas que eu posso ir oferecendo pra Deus e esperando que Ele mesmo mostre ao Matt e que não valem a pena o conflito...

3)      Esperar o tempo de Deus. Depois que o Lucas nasceu e eu acho que já contei bastante sobre isso aqui, nossa vida- minha e do Matt- se transformou por completo. Foram seis meses sem dormir (faz uns dez dias que isso vem mudando!). Quem já passou por isso sabe que não é nada fácil e por isso esse é o título desse post. Eu me lembro de um dias pensar: “será que algum dia eu e o Matt vamos voltar a fazer uma refeição juntos e de forma tranquila?”. Me parecia que a resposta era não. Mas a boa notícia é que tudo passa.. e até que passa rápido. Hoje, depois de pouco mais de seis meses nós já conseguimos jantar praticamente todos os dias juntos (e pra isso nós o colocamos pra dormir cedo pra poder ter um tempo só nosso), tomar um vinho, rezar o terço, e até assistir um filme inteiro de vez em quando!! E nós somos dois cinéfilos inveterados. Hoje, depois de todo aquele sufoco, eu fico pensando que muitos casais devem se separar por não esperar esses tempos conturbados passarem e até tirarem proveito deles...

Por fim, sobre isso, o Matt uma vez me contou uma história que aconteceu com um homem da cidade onde ele nasceu aqui na Astralia. Esse moço tinha um emprego super bom quando veio uma crise no país e ele perdeu tudo. Ele caiu no desespero e matou a mulher, os três filhos e em seguida se matou. Mais tarde naquele mesmo ano um tio seu morreu na Inglaterra e deixou uma herança enorme que o deixaria tranquilo pro resto da vida...isso me faz pensar que as vezes nós rezamos, rezamos e rezamos durante esses períodos difíceis e a resposta não vem rápido. Mas Deus está escutando, com certeza. E melhor: está usando isso para  o nosso bem. Como dizia Guimarães Rosa: “quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo”.

4)      “Multiplicar a alegrias e dividir as penas”. Eu li sobre isso esses dias e achei muito legal: as famílias devem saber multiplicar as alegrias e dividir as penas. E nós mães temos um papel fundamental nesse ponto. Eu me lembro com muita clareza e um pouco de saudade até, dos dias de dificuldade financeira pela qual eu e minha família passamos no Brasil por um bom tempo. Eu me lembro que foi muito difícil e sofrido então a aminha mãe sempre dava um jeito de ir alegrando todo mundo e nos fazendo esquecer do monte de problema e da pressão pela qual nós estávamos passando. Eu me lembro que toda sexta-feira ela preparava um lanche gostoso pra gente e fazia todo mundo feliz. Ela sempre comprava o que um de nós gostava: uma esfirra, uma cervejinha gelada, um cachorro-quente e todo mundo ia chegando, batendo papo e de repente a gente já estava esquecendo de todos os problemas.

Nós também podemos lembrar que podemos- e devemos- oferecer esses momentos difíceis por muitas intenções nobres e especialmente por aqueles que amamos. No último recolhimento o padre Peter contou uma história linda sobre Eleisabeth Leseur. Essa mulher era católica e decidiu abandonar a fé. Depois de dois anos longe de Deus ela percebeu que havia perdido a alegria e retornou à Igreja. O marido porém era um baita de um ateu. Depois te um tempo casados ela descobriu que estava com um câncer terminal que fez sofrer muito e por fim lhe tirou a vida. Depois que ela faleceu, encontraram seu diário e no rodapé de todas as páginas estavam frases dela oferecendo toda aquela dor por seu marido. Ele teve uma conversão enorme e resolveu publicar sua biografia.


5)      Adquirir as virtudes necessárias à vida conjugal. Esse é um ponto que me faz rir. Quem me conhece sabe o tanto que eu AMO dormir! Sempre dormi pra caramba e uma amiga minha até me apelidou de vassourinha porque onde eu encostava eu cochilava. E pra ser sincera, eu deixava de fazer coisas importantes por causa do meu sono... Então uma vez conversando com o padre Alexandre, meu antigo diretor espiritual (foi meu diretor por mais de cinco anos), ele me falou assim: “Elisa, estão precisando de ajuda no CENARPH. Você não pode ir ajudar?”. O CENARPH é uma instituição em Ribeirão que ajuda meninas carentes. Eu então falei que poderia e ele, muito esperto e querendo me ajudar na minha “preguiça matinal” disse: “Ok, muito bom. É todo sábado as 8 horas da manhã”...kkkkk. Eu falei: “nossa padre Alexandre, nem pensar!! Eu amo dormir de sábado de manhã! Fico esperando a semana inteira pra isso...”. Eu me lembro que ele falou: 
“Elisa, você acha que as mães podem dormir até tarde todo sábado de manhã??”. Isso me fez pensar muito sobre o assunto... até porque já havia um bom tempo que eu rezava pelo meu José e nada de ele aparecer....
 bom, ironia das ironias, meu filho é uma criança forte e saudável MASSSS me deixou 6 meses sem dormir...feliz de quem tem um bom diretor espiritual! Aliás, esse seria o segundo conselho que eu daria aos casais..

6)      Estar sempre “arranjada”. São Josemaria dizia que a mulher deve estar sempre “arranjada” para o marido. Esse pode parecer um detalhe ou até besteira mas não é.
 Eu tenho amigas que depois que se tornaram mães falaram que até se esquecem de tomar banho e se arrumar. Eu super compreendo mas também acho muito perigoso. Nós nos esquecemos que nossos maridos nos conheceram quando nós costumávamos (pelo menos eu era assim) estar sempre arrumadas, cheirosas, unha e cabelos feitos, etc. De repente mudar tudo isso é sacanagem, né? Eu costumo dizer que antes do Lucas nascer eu usava maquiagem porque eu gostava, agora eu uso porque eu preciso. ..kkkkk. Eu não arrisco sair de casa sem maquiagem hoje em dia....kkk

A não ser que você sempre tenha tido um estilo super “low profile”, não caia nessa de desencanar totalmente da vaidade... fazer um pequeno- ou grande- esforço nesse quesito vale a pena! Por nós mesmas inclusive. Pra mim as vezes é bem difícil e eu faço uma ginástica enorme pra conseguir isso. Isso porque o Matt chega todos os dias umas 6pm e é bem na hora do Lucas tomar banho. Dar banho no meu filho significa ficar descabelada, encharcada e etc. mas eu tento sempre dar um pulinho em frente ao espelho pra dar aquela garibada....

Por hoje é só.
Mil beijos e fiquem com Deus!




2 comentários:

  1. Que post mais bacana, Elisa!!! Adorei! é muito bom saber como funciona todos os ensinamentos que temos na prática! Eu me preocupo demais com o meu sono, sabe? Sou que nem vc era, AMO dormir! tudo o que posso desmarcar, eu desmarco para dormir, dormir, dormir! e fico mau humorado quando durmo pouco (shame on me!) e mesmo assim quero ter filhos... que Deus me ajude a vencer a preguiça! um super beijo!

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  2. amém minha querida!! só agora vi sua msg
    um super beijo e obrigada pelo carinho de sempre!

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