PRIORIDADES
Quando eu era criança, na véspera
do meu aniversário meu pai, que sempre foi um piadista, falou pra mim: “Filha, amanhã é seu
aniversário. Eu vou te dar um abraço de presente, ta bom?” e eu respondi: “Ta bom, mas eu quero embrulhado”....
Eu comecei o post com essa
história bobinha porque eu quero falar sobre “prioridades”. Tenho certeza que
não só eu, como a maioria das pessoas hoje, independente da profissão e vocação,
concordam que os dias são muito corridos e é cada vez mais difícil saber, em
cada momento do dia e mais ainda, da vida, qual é a prioridade, o que nós
devemos fazer em detrimento de outras atividades, de outros encontros, etc
Desde que Lucas nasceu, nunca mais
(nunca!) eu dormi com a sensação de que fiz tudo que “achava que devia ter
feito”. E eu escrevi propositalmente o verbo “achar” porque as vezes nós
achamos que deveríamos ter feito um número infindável de outras coisas mas que
na verdade, elas eram todas desnecessárias, e o contrário também infelizmente é
verdade: muitas vezes deixamos de fazer coisas que eram essenciais..
Edith Stein, uma judia convertida
ao catolicismo que morreu em Auchwitz, fala sobre isso: ela recomenda às
mulheres que se possível, assistam à Missa todas as manhãs e perguntem a Jesus,
depois de recebê-lo na Eucaristia, como quer que passem o dia. Com o passar das
horas e o acúmulo de novas preocupações e problemas, devemos fazer uma pausa na
hora do almoço para nos religarmos a Deus. O trabalho e os problemas,
continuarão, diz ela, mas permaneceremos em paz.
Cresci com meu pai falando sobre
esse pensamento que já reinava na Grécia Antiga: a ordem que devemos fazer pra nos
guiar nos nossos afazeres: “essencial, importante,
supérfluo, nocivo”.
Graças a Deus nós temos um guia,
Nosso Senhor, que através do Espirito Santo nos comunica, em nossa alma em
graça, o que devemos fazer a cada momento. Jesus disse: “Buscai primeiro o
reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais vos será acrescentado”. Já falei
sobre isso aqui mas acho que nunca é demais relembrar: como eu aprendi com meus
ex diretores espirituais do Opus Dei: o “amor ordenado” nos leva a priorizar
não só as atividades, mas as pessoas que nós devemos priorizar. Como uma mulher
casada, eu sei que depois de Deus, o Matt é a pessoa logo em seguida que deve
mais ocupar meus pensamentos e energias nas jornadas que se iniciam a cada manhã...
E hoje em dia eu penso que devo
ser também esperta pra notar o que é essencial pra ele, o que ele espera de mim
como sua esposa, melhor amiga, confidente, mão do nosso filho, etc. São muitas
facetas e as vezes pode ser um desafio, muito gostoso de viver, mas ainda assim
um desafio. Esses dias nós estávamos jantando e eu comentei com o Matt sobre o
filme “Jackie” e que eu gostaria que nós assistíssemos. Aí começamos a falar do
assassinato do Kenedy nos EUA. Aí, como eu sei que o Matt é uma enciclopédia
ambulante, eu pedi pra ele me explicar mais sobre o assassinato, a guerra do
Vietnã, o fato de ele ter sido um dos únicos presidentes católicos dos EUA,
etc. Lá pelas tantas, ele falou: “mas
mataram o cara que matou o Kennedy”. Aí eu falei: “quem era?”. Aí ele me disse
um nome e eu achei que era o assassino do Kennedy quando na verdade era o cara
que matou o cara que matou o Kennedy...kkkk. Bom, acho que ficou meio confuso
mas tudo isso é pra falar do meu momento de epifania aquele dia. Eu pensei: “Elisa,
você nunca poderá se dar ao luxo de se alienar das questões do mundo”...rs
Sobre isso tem um filme que eu
amo de paixão e que na minha opinião é um dos melhores romances ever e que tem
uma cena que eu AMO e que mostra um pouco sobre isso que eu estou falando. É o
filme: “O espelho tem duas faces”. Nele, o maravilhoso Jeff Bridges interpreta
um professor de matemática meio coroa mas mega charmosão e com nenhum “social
skills”...kkkk. Ele pula de namorada em
namorada porque seus romances sempre são superficiais e se apoiam basicamente
na atração física. Por outro lado, a sensacional Barbra Streisand interpreta uma professora de Literatura super
querida mas sem muita autoestima e também sem muita esperança de encontrar um
amor...eles acabam se conhecendo por uma espécie de “blind date” armado pela
irmã dela e vão a um jantar. Aí se desenrola uma cena fenomenal: eles estão no
meio da refeição quando ele começa a explicar sobre um problema matemático
super específico (e que devia ser chatíssimo de ouvir...rs). quando ele termina
de falar, ela, pra total surpresa dele, da um feedback super inteligente!
Pronto!! A partir de então ele começa a ver nela uma possível companheira...
Por que eu falei sobre essa cena?
Porque ela mostra o que realmente importa em cada situação, e também, em cada
relacionamento.
Hoje em dia quando eu vou para o
Brasil de férias, eu noto uma tendência cada vez mais presente e também meio
triste: a obsessão das mulheres pela aparência física. Infelizmente quando o
relacionamento começa a balançar, as mulheres começam a tentar mapear o que
está errado com a aparência delas, com a ideia- muitas vezes errada- de que o
problema reside ali. Isso me faz lembrar também da minha época de solteira, os
dez anos a procura do meu José, e como a cada final de relacionamento
frustrante, eu buscava justificar na minha aparência uma possível causa do
insucesso no amor...
É claro que eu acho importante, pra não dizer
essencial, que nossos cônjuges nos achem atraentes mas muitas vezes a água
começa a escapar por outro ralo... Penso que nesses casos seria muito mais
importante investir no diálogo, na mudança da rotina e também e principalmente
na oração. Fico pensando se de todos esses casais que brigam e que se separam,
se quando a coisa começasse a ficar difícil eles redobrassem o cuidado com a
oração, o resultado não seria muito diferente....Recorrer a Nossa
Senhora, que foi mãe e esposa, e que é “vida, doçura e esperança nossa”, é
sempre um ótimo caminho. Se diz, com toda razão, que ninguém volta de mãos
vazias quando recorre a nossa mãesinha do céu...
É isso.
Um bom resto de semana a todos e
fiquem com Deus!
Elisa, boa noite! Engraçado vc falar sobre a importância que a aparência física tem para as brasileiras. Eu me encaixo bastante no que vc falou. Meu noivo comenta, "se vc se importasse mais com tal virtude o tanto que vc se importa com seu corpo, vc já teria a alcançado!" E é verdade, mas penso, há algo de errado a gente querer ser melhor não só para eles, mas para nós tbm? Será que querer se sentir bem é ruim? Ou caber nas antigas roupas ou então se sentir mais bonita é errado? As vezes converso sobre isso com o Tiago mas nunca chego a uma conclusão! Acho que vc poderia explorar mais essa questão, que tal? bjs
ResponderExcluiroi minha querida!! Super te entendo e por isso falei que acho não só importante, como essencial, nós nos cuidarmos. O problema é esse excesso e todo excesso de preocupação com um assunto geralmente causa um descuido com outro talvez até mais importante. se o seu noivo já deu essa dica talvez seria legal vc pensar sobre esse assunto e levar pra oração. Sei lá, as vezes ele prefere que vc seja mais pontual, pergunte mais sobre o dia dele, não sei... to conjecturando mas sem a menor ideia da situação...
ResponderExcluirmas com certeza vou fazer a continuação do post falando sobre isso
obrigada pelo carinho de sempre Helosita! Bjãoo
Elisa, obrigada pela resposta!!! Espero os próximos posts!!! Com certeza vou colocar essa questão em oração e tirar o peso do peso! heheheheh e sobre as suas conjecturas, acho que seu anjo deu as "dicas" bem no que é preciso melhorar mesmo!!!! um beijo querida!!!!!
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