domingo, 23 de outubro de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!

Esse é provavelmente o último post do ano antes de umas merecidas férias no Brasil e como o ano foi indiscutivelmente marcado pelo nascimento do meu Timolino, fiz esse post sobre as coisas que aprendi com a maternidade e são todas, claro, relacionadas à fé.

Então segue:

1-      “Ninguém é feliz nessa vida até decidir a não sê-lo”. Essa frase de São Josemaria Escrivá mostra um dos maiores- talvez o maior- paradoxo do cristianismo e também da maternidade: é preciso aniquilar-se, esquecer-se de si próprio para ser feliz. A Bíblia diz que “se o grão de trigo não morre, fica só”. E Jesus completa o raciocínio: “Quem não toma sua cruz e me segue, não é digno de mim”

Peter Zewald, um dos autores que já citei aqui, fala que seu irmão, um ateu convicto, diz que há muitos paradoxos no cristianismo. E ele emenda: “meu irmão está totalmente certo”.
E ter filhos é isso: esquecer-se de ser feliz para fazer outro feliz e assim ganha-se a maior felicidade-humanamente falado- que se pode ter.

E quem tem filhos, não aniquila-se apenas por eles mas também, e antes destes, pelo esposo/esposa. “Amar é servir, servir é reinar”. Não é fácil, mas é o Caminho.

E sobre isso, uma história: eu tenho uma amiga muito santa que é casada com um homem também muito santo e eles têm uma família linda. Só tem um problema: ele tem um gênio do cão! Kkkkk. É verdade, ele é um cara muito legal e virtuoso mas daqueles que quando ficam bravos, sai de baixo. Nós tivemos o mesmo diretor espiritual durante uma época: o padre Saldanha, um sacerdote indiano muito santo e que sabia muito sobre família. Um dia essa minha amiga disse que foi desabafar e pedir conselhos ao padre Saldanha dizendo: “poxa padre Saldanha, meu marido geralmente está errado e eu sempre que tenho que procurá-lo pra fazer as pazes e ainda por cima pedir desculpas (geralmente ela estava mais certa que ele). Ao que ele respondeu: “Eu te entendo filha, não é fácil, mas você está muito mais perto de Deus que ele”. (ahhh que lindo!). O padre Saldanha estava muito certo: embora não seja fácil engolir nosso orgulho, nossos ressentimentos e nossas mágoas, quando nós o fazemos, estamos muito perto de Deus, que ama os humildes. E pra completar, essa minha amiga me disse: “hoje, depois de anos de casadas e vendo meu marido, meus filhos, minha família unida, eu vejo que valeu a pena.”

Todo sacrifício que fazemos pela nossa família, em especial os que fazemos livremente, valem a pena. Outra coisa que podemos fazer nesse sentido para nos ajudar a levar nosso casamento e nossa família em frente são as mortificações voluntárias (já falei sobre elas em algum post anterior) São pequenos sacrifícios que oferecemos a Deus e em troca pedimos por essas intenções, em especial por nossas famílias. São por exemplo: comer um pouquinho mais do que gostamos menos e um pouquinho menos do que gostamos mais, subir um lance de escadas em vez de pegar o elevador, sorrir para os inoportunos, etc

Então sobre isso mais uma história: depois que o Lucas nasceu, eu tive que parar de comer um monte de coisas por causa das cólicas dele. Eu comia todos os dias basicamente a mesma coisa. Então uma sexta-feira, que é um dia em que a Igreja pede uma especial atenção para as mortificações, eu pensei em fazer uma mortificação pequena mas aí pensei: “ah, não vou fazer, né? Já estou me privando de tanta coisa...”. aí me lembrei da história de Bosco Gutierrez. Ele é um mexicano, católico piedoso, pai de oito filhos que foi sequestrado na década de 80 ou 90 (não lembro). Ele conta que passou nove meses em cativeiro e quando já fazia vários meses que ele estava lá, um dos seus algozes disse que ele podia escolher algo de especial, já que era dia de uma grande festa no México. Ele pensou e pediu então um copo de uísque que ele adora. Quando os algozes lhe trouxeram o copo, ele disse que ouviu de Deus: “Me dê esse uísque!”. Ele disse que então começou uma batalha com Deus: “como pode o Senhor me pedir isso? Já estou privado de ver minha família, amigos, da minha liberdade...”. e Deus diz a ele: “Mas isso tudo não depende de ti. Me dê algo livremente, algo que dependa de ti”. Ele diz então que após uma grande batalha, foi no canto do quarto onde estava preso e jogou o uísque fora. Após aquilo, ele diz que sentiu uma enorme liberdade e que percebeu que nada poderia tirar a alegria dele....então nesse dia, percebi que Deus quer que O ofereçamos não só as penas e contrariedades que nos acontecem sem que nós queiramos, mas também pequenos (ou grandes) sacrifícios feitos livremente por amor a Ele.

2-       “Catarina, cuida das minhas coisas que eu cuido das suas”.
Depois que o Lucas nasceu eu fiquei meio perdida para fazer meu plano de vida- as normas de piedade das quais já falei aqui que faço todos os dias: missa, terço, oração, etc. Aí um dia eu estava mega conturbada com as coisas do Lucas e da casa e pensei em deixar uma das normas de lado e me lembrei de quando li essa frase de Santa Catarina de Sena (uma das minhas três santas preferidas, junto com Santa Tersa D`avila e Santa Terseinha do menino Jesus).

Santa Catarina conta que um dia super tumultuada com suas  tarefas pensou em abandonar também uma de suas normas de oração falando pra Deus: “Senhor, não tenho tempo hoje, preciso cuidar de tal coisa, e outra, e outra...” e Jesus diz a ela: “Catarina, cuida das minhas coisas que Eu cuido das suas”. E convenhamos: nada melhor que ter o Todo Poderoso cuidando das nossas coisas...

3-      É ter completa responsabilidade pela vida de outra pessoa.

E isso não é apenas em sentido literal- como nós mães que alimentamos os nossos bebês, mas mais ainda no sentido do exemplo para a construção do caráter e das virtudes dos filhos. No livro: “Deus e os filhos” o autor Jesus Urteaga fala: “o professor por antonomásia é tu, pai, e tu, mãe, a melhor professora que Deus deu aos teus filhos”.
E para que os filhos aprendam de nós, e a coisa mais importante para um casal cristão é que os filhos aprendam a rezar e ter uma vida piedosa, nós temos que lembrar que os filhos são como um espelho de nós mesmos (“a palavra comove, o exemplo arrasta”). E se nós os ensinamos não apenas rezar mas a ter uma atitude otimista e feliz perante a vida, mostrar a importância da caridade, do trabalho, etc, é muito mais provável que eles o terão...

4-      É confiar e abandonar-se totalmente em Deus.
Uma grande amiga da minha mãe, católica piedosa, disse um dia pra mim que quando os filhos dela iam pra balada ou pra qualquer lugar que ela sabia ser perigoso (e não só para o corpo mas também e principalmente para a alma) ela dizia pra Nossa Senhora: “Maria, vai com eles aonde eu não posso ir”. Essa confiança em Deus e em Nossa Senhora é imprescindível para quem tem filhos, já que nas palavras de um amigo meu: ter filhos é passar uma procuração assinada em branco para outra pessoa... só tendo fé é que se consegue ter paz nesse caso..

Santa Teresa d´Avila conta que um dia, já velha e cansada, pensou em desistir de duas das fundações que ela havia se proposto a começar. Fazendo oração, ela escutou de Jesus: “Por que temes Teresa? Quando te faltei eu?”. Isso é uma grande lição para todos nós, pais ou não, que estejamos preocupados e mesmo fatigados, desesperançados, achando que o caminhar está muito difícil e que as vezes não temos mais de onde tirar força . Talvez seja a hora de nos colocarmos em oração para ouvir do Mestre: “quando te faltei eu??”


Por hoje é só.

Mil beijos e fiquem com Deus!

sábado, 24 de setembro de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!

O tema do blog de hoje é: “Jolie- Pitt, Bonner- Bernardes e a falta que Deus nos faz...”

Eu queria falar sobre a falta tamanha que Deus faz nas nossas vidas quando O colocamos de lado e em como, no dizer de uma autora que li ainda hoje, a civilização ocidental está cada vez mais tirando a importância da religião e da família das suas vidas...
Dessa forma então, eu vou voltar mais para o tema “casamento, família, filhos” mas acho que dá pra aplicar em qualquer situação da vida

Dividi em tópicos como em outros pra ficar mais fácil também...
Então aqui vai:

1-      Nem tudo são flores
Depois que eu li nessa semana que mais um “super” casal: Angelina Jolie e Brad Pitt tinham se separado, comecei a pensar que as pessoas hoje se casam achando que tudo vai ser um conto de fadas e que o casamento é um “test-drive”- se der certo bem, se não der.... Nem o casamento nem nada na vida que é nobre vem fácil. Basta pensar nas coisas que nós fizemos na nossa vida que nos dão orgulho: desde aprender a falar, nadar, andar de bicicleta, passar na faculdade, arrumar um bom emprego e se manter nele, passar no mestrado/ doutorado, cultivar as amizades... tudo isso dá trabalho e com o casamento não é diferente... Gostoso mesmo é sentar em frente ao mar e ficar tomando uma caipirinha na brisa... mas fica fazendo só isso na sua vida pra ver onde você chega...

No dia em que o Lucas nasceu (que já contei no outro post), eu passai aquele perrengue todo e depois que a cesárea acabou e eu voltei pro quarto, veio aquela alegria e alívio em todo mundo. Aí o Matt começou a tirar milhões de fotos... quando ele me mostrou a foto que ele tinha tirado de mim eu não acreditei!! Eu pensei: “Gente do céu, que coisa medonha é essa???”. Eu estava desfigurada. Depois de um tempo, quando eu já estava em casa eu olhei de novo aquela foto e pensei: “essa foto representa uma das facetas do casamento: ele não é apenas aquela foto mara de nós dois no dia em que recebemos o sacramento. O dia em que eu passei 5 horar no salão esticando meu cabelo, passando maquiagem, colocando um vestido lindo. O casamento também é essa cara horrorosa...” e que bom que a gente já percebeu...rs

2-      Deus arruma aquilo que a gente fez de errado
Filho não vem com manual de instrução. Isso é bem verdade e significa que nós, mães e pais, vamos errar (talvez muito) na criação deles, apesar de todo nosso amor e da nossa boa vontade. A boa notícia é que quando se coloca Deus no meio de tudo, e também na criação dos filhos, Deus vai concertando aquilo que fazemos de errado. 

Agora uma história: quando eu tinha uns 20 anos, eu fui a um churrasco com o pessoal que tinha estudado comigo no Sabin em Ribeirão. Eu morava na casa antiga e tinha um bebedouro lá fora. Antes de sair, eu fui lá beber água e meu pai estava lá fora e eu fui dar tchau. Eu estava com uma sainha mega curta (e ridícula por sinal) e meu pai falou pra mim: “Eu vou aumentar a sua mesada”. Eu não entendi e falei: “o que pai?”. Aí ele continuou: “Eu vou aumentar a sua mesada pra você comprar uma roupa com mais pano...”. Antes de ele terminar de falar eu já comecei a engolir o choro... claro que eu entendi o que ele queria dizer: que ele, como pai (e de quatro filhas), queria que eu encontrasse um dia um homem que me amasse não pela minha anatomia mas pelas minhas ideias, valores, temperamento...rs (o Matt ama meu temperamento latino...kkk, #sqn). Meu pai não deu esse feedback pra mim da forma, digamos, mais “ortodoxa”, e eu poderia até ter ficado bem traumatizada. Mas Deus, na sua infinita bondade, sabe que ele é um homem bom, que reza, que pede... então Deus “consertou” o jeito que ele falou pra mim e hoje eu sei muito bem o valor do pudor e da modéstia...e amo meu pai infinitamente...

O autor John Coverdale, em seu livro biografia sobre o beato Dom Alvaro, diz que um pai de família um dia pergunta a Dom Alvaro como tratar os filhos ao mesmo tempo com fortaleza e afeto. Dom Alvaro responde: “ Que eles te vejam sorrir... quando tiveres que os corrigir, não ponhas uma cara séria. Diz o que tens de dizer com um sorriso e não te preocupes...quando as pessoas sabem que as amamos, podemos dizer-lhes tudo, por muito que custe ouvir”

3-      Deus me ajuda a passar para os meus filhos o que eu tenho de melhor
Uma vez eu li uma frase que me deixou intrigada: “Os defeitos dos filhos são os erros dos pais”. Apesar de não concordar 100% com ela, sei que tem um fundinho de verdade.
Uma tarde depois que o Lucas nasceu, eu e o Matt resolvemos assistir o filme “Forrest Gump” de novo. Eu e ele amamos esse filme! Eu já assisti um milhão de vezes mas dessa vez eu prestei muita atenção em uma cena específica: é uma das últimas cenas do filme quando o Forrest vai visitar a Jane e tem um menininho na sala e ela diz a ele que o menino é seu filho. Assim que ela diz isso, o semblante dele muda e ele quase chorando começa a perguntar: “Is he... is he??”. Ele quer saber se o filho herdou a sua limitação intelectual (não fica claro no filme qual é o problema dele mas diz que o Forrest tinha um QI abaixo da média). O pavor dele era o menino sofrer todo o bullying que ele sofreu quando criança. Ela responde então que ele não se preocupasse pois o menino era um dos melhores alunos da escola. Na hora em que a Jane diz isso, a feição dele muda de forma esplêndida e o Tom Hanks (amo!) o interpreta com maestria....

Então a última história: quando o Lucas tinha umas quatro semanas, ele começou a ficar empipocadinho. Era uma alergia bem comum em bebês mas eu comecei a ler sobre isso no google (nem sempre é bom fazer isso) e vieram várias histórias bizarras. Comecei a ficar bem preocupada, só pensava naquilo, etc. Eis que fui então fazer minha oração e Deus me falou, através do Espírito Santo: “Por que te preocupas? Você não sabe que eu sou teu Pai e que não permito nada que não seja para o seu bem?”. Aí eu percebi como minha fé estava fraca e como eu havia me esquecido do mais importante...

Há um episódio da vida de Jesus com os apóstolos que nos diz bastante sobre isso. É quando Nosso Senhor aparece pra eles na barca e diz pra Pedro: “Vem”. Jesus testa a fé de São Pedro pedindo que ele andasse sobre as águas. São Pedro, em atenção à palavra do Mestre, começa a caminhar. Ele sabia que Jesus era o Filho do Homem, que podia tudo. Então ele começa a avançar pelas águas mas logo começa a fundar. E um dia me falaram: “por que Pedro começa a afundar?” Porque ele parou de olhar pra Jesus...quando nós desviamos o olhar do Mestre, quando nossa fé fraqueja, quando o peso das preocupações começa a nos sufocar, olhemos pra Jesus e Ele nos ajudará a caminhar até o final.

Por hoje é só. Mil beijos e fiquem com Deus!


sábado, 3 de setembro de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!

O tema do blog hoje é:  “O irmão ajudado pelo irmão é como uma cidade amuralhada”

Eu resolvi falar sobre esse tema, que é uma frase da Bíblia e fala muito sobre a caridade e sobre como é importante ajudar- mas também aceitar ser ajudado.  E também como nós podemos usar todos os momentos e circunstâncias das nossas vidas pra rezar e pra servir e amar a Deus e ao próximo (mesmo aqueles momentos mais atarefados como a chegada de um bebê).
Então vamos lá:

Antes de o Lucas nascer eu achava que ia conseguir fazer muitas coisas, inclusive sozinha. Ledo engano!! Já nos primeiros dias de volta em casa com ele eu comecei a perceber como é desafiador criar um filho e como nós precisamos de ajuda (eu pelo menos preciso e muito).

Você volta pra casa com aquele serzinho todo frágil, 100% dependente de você, que chora mas não fala por que está chorando e você está com dor (o corte da cesárea fica doendo por semanas), com medo, e cheia de dúvidas. Então, depois que o Lucas nasceu eu comecei a ver como Deus vai nos moldando através dos fatos, aparando as nossas arestas (as arestas dos nossos defeitos e pecados) e Ele fez e está fazendo isso comigo maravilhosamente. Por que? Porque eu tinha mania de ser muito autossuficiente, independente, querer tudo do meu jeito. E quando você começa a ter que pedir ajuda até pra ir ao banheiro (sim, porque seu bebê pode chorar bem nessa hora), qualquer resquício de autossuficiência vai por água abaixo.

Eu tenho uma amiga de Ribeirão que sempre me falava: “Pára com essa sua mania de excesso de independência”. A maternidade deu um xeque-mate no meu excesso de independência. Se tem uma fase da vida da mulher em que ela vai precisar- e MUITO- de ajuda é quando ela volta pra casa do hospital com um bebê recém-nascido.

É claro que é bom ser independente: ter pensamento próprio, independência financeira, ter atitude, etc. Mas quando nós temos “excesso” de independência, isso pode estar mascarando alguns defeitos/pecados, como era no meu caso: impaciência, falta de caridade e claro, um bom tanto de soberba, que no fim é a raiz de todos os outros pecados.

A outra consequência maravilhosa de passar por uma fase dessas, é que nós percebemos que o ser humano só é feliz se  ajuda e se deixa ser ajudado. Isso é a base do princípio da caridade, que por sua vez é a maior mensagem de Cristo: “amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a ti mesmo”.  E por sua vez, a caridade traz uma enorme alegria a quem a põe em pratica.

Um dos meus filmes preferidos “Um grande garoto” fala bastante sobre isso.  Nele o ator Hugh Grant interpreta o tipo “bom vivant”: um homem dos 30/40 anos, bonitão, mulherengo, cheio da grana e zero de virtudes: não trabalha, não ajuda ninguém e se envolve com todas as mulheres possíveis (apenas fisicamente e nunca psicologicamente). Ele vive dos royalties de um jingle que ele fez há um tempão e que fez muito sucesso. No começo do filme ele diz um pensamento seu: “o homem é uma ilha”. Ele acha que o ser humano deve viver isolado e não precisa de ajuda e também não precisa ajudar ninguém. Então no filme ele conhece esse garoto todo problemático cuja mãe é depressiva-suicida e que sofre muito bullying na escola. O menino meio que começa a perseguir o Hugh Grant e desses encontros nasce uma amizade totalmente improvável. O mais bonito do filme é que o personagem do Hugh Grant acaba ajudando o menino mas o menino, contrariando todas as expectativas, o ajuda incrivelmente, especialmente fazendo vê-lo que, como diz na Bíblia:  “há mais alegria em dar que receber”.

As primeiras semanas com o Lucas- Timolino (esse é o apelido que dei a ele e pegou..rs) foram muito intensas. E eu agradeço a Deus não ter tido apenas ajuda física mas também espiritual.

Eu comecei a entender (e não me entendam mal) por que alguns casais começam a brigar depois da chegada de um filho (e acho que em especial o primeiro). Algo que deveria ser- e É- a maior bênção na vida de um casal,  pode acabar trazendo brigas. O cansaço é extremo, as dúvidas, as inseguranças... tudo isso pode afetar a vida dos dois. Mas a boa notícia é que, com oração e a ajuda de Deus, tudo passa e depois que passa, você percebe que o amor entre o casal fica ainda maior e melhor. Hoje eu olho pro Matt trocando fralda, fazendo o Lucas dormir, se desdobrando de cuidados com a gente e eu não acredito que o meu amor por ele pode ter ficado ainda maior que antes... e com certeza ficou!!

Eu posso dizer também com toda a certeza, que no plano humano, a ajuda que eu recebi e continuo recebendo foi maravilhoso mas também e PRINCIPLAMENTE, a ajuda que eu recebi e recebo no plano espiritual. As minhas normas de piedade (meu plano de vida: oração, terço, leitura, ect) me ajudaram muito a passar por essa fase e crescer e amadurecer com ela. No começo eu ficava um pouco frustrada porque eu já não tinha mais aquele tempo sossegado pra fazer minhas normas, mas aí Deus me mostrou- também pela oração- que o que Ele queria de mim agora era justamente isso: que eu tentasse fazer minhas orações mesmo cansada, com o Timolino muitas vezes pendurado em mim.... por exemplo eu comecei a rezar o terço de madrugada enquanto eu o amamento. Uma madrugada de quarta-afeira pra quinta-feira eu estava rezando os mistérios gozosos e cochilei...kkk. Depois eu não lembrava mais onde eu havia parado...kkk. Então eu primeiramente caí na tentação de abandonar e não rezar mais meus tercinhos de madrugada...

Foi então que eu peguei o livro “Saxum”- que estou lendo agora- e fala sobre a vida de Dom Alvaro e o autor diz que Dom Alvaro logo no início do Opus Dei estava tendo uma vida muito agitada mas como ele era muito santo, ele queria continuar tendo as atividades de formação. Então ele chegou um dia de viagem exausto e foi assistir ao recolhimento que São Josemaria estava pregando. Acontece que ele dormiu o tempo inteiro. As pessoas que estavam assistindo ao recolhimento ficaram muito incomodadas mas São Josemaria disse que aquela meia hora que ele havia passado dormindo havia subido ao céu também em forma de oração... ah que lindo! Eu então entendi que essas orações feitas de madrugada, meio dormindo, meio acordada, também chegam a Deus e eu com certeza vou saber, talvez em breve, talvez só no céu, quantas graças elas me renderam...

Por hoje é só.

Mil beijos e fiquem com Deus!

sábado, 20 de agosto de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!.

Depois de um período fora, estamos de volta e hoje o post é mais que especial. É sobre o nascimento do nosso filho e o nome do post é:
“A alegria do cristão tem suas raízes em forma de cruz”

Muita gente deve estar pensando: “que estranho, falar do nascimento do filho e falar de cruz ao mesmo tempo”. Bom, então vou explicar: essa frase é de São Josemaria Escrivá e ele dizia, e com toda razão, que o cristão vai estar sempre acompanhado da cruz e mais: que a nossa alegria está intimamente ligada à ela”. Jesus diz: “Quem não toma sua cruz e me segue não é digno de mim”.
Nesse post vai ficar claro e ele vai ser quase inteiro sobre o nascimento do Lucas, em especial sobre meu parto.

Bom, desde muito antes de eu ficar grávida e em especial depois que eu descobri que estava, comecei a pedir muitas coisas a Deus em relação à gravidez especificamente e em especial algumas: que eu tivesse parto normal e que eu conseguisse amamentar bastante e claro: que o meu filho viesse com muita saúde.

O nascimento do Lucas me ensinou muitas coisas, e a primeira delas é que: nós podemos (e devemos) pedir as coisas a Deus (“pedi e recebereis”) mas devemos sempre, sempre, identificar nossa vontade com a dEle, mesmo quando ela não é a nossa.

Então vamos ao que aconteceu: eu comecei a ter contrações no domingo, dia 17/07. A noite fomos ao hospital, eu, o Matt e minha mãe, mas me mandaram embora porque ainda estava muito precoce. No dia seguinte as 16:45hs, as contrações começaram a voltar e dessa vez mais fortes. Fomos de novo ao hospital, me examinaram, falaram que eu já estava em “early labour” mas que era pra eu voltar pra casa e só voltar quando elas estivessem ritmadas e bem intensas.

Aí começou meu drama. Meia-noite eu saí do meu quarto e fui para o quarto do Lucas e passei a anotar as contrações. Elas já estavam bem fortes. As 5 da manhã eu cheguei ao meu limite, acordei o Matt e minha mãe e fomos ao hospital. Chegando lá, depois de me examinarem, nós comemoramos: já estava com 4 centímetros de dilatação! Mal sabia eu que cada centímetro é conquistado com muito suor e lágrimas.

Fiquei numa sala de monitoramento até as 7hs e depois fui pra sala de parto. As 10 hs da manhã eu já estava com muita dor e perguntei pra midwife se estava perto de ter o Lucas. Ela respondeu: “Não... acho que você não vai dar a luz no meu turno”. Depois ela me contou que o turno dela terminaria apenas as 15:30hs... desespero total!

Pra resumir e não ficar tão maçante: para aliviar a dor eu usei o gás, duas peridurais (a primeira não pegou) e uma solução salina que injetaram nas minhas costas e foi uma das piores dores que eu senti na vida. Foi a única hora que eu chorei de dor.

Quando eu estava lá tendo minhas contrações, pensei em Jesus na hora da sua Paixão. Apesar de o sofrimento de Nosso Senhor ser infinitamente maior que o meu, eu consegui me ver como ele: seminua (“ e repartiram suas vestes”) , com medo (“Pai, afasta de mim esse cálice”) e com muita dor...eu pude oferecer ao Pai nesse dia o meu próprio corpo, a minha própria dor. Como eu já disse em outros posts, diariamente eu cumpro meu plano de vida, as normas de piedade que eu aprendi no Opus Dei: a missa, o terço, oração mental, visita ao Santissimo, etc,  O dia em que o Lucas nasceu foi o dia que eu menos pude fazer as normas do meu plano de vida, mas foi o dia em que eu mais fiz oração. Nesse dia minha penitência foi minha oração e minha oração foi minha penitência.

E incrível como Deus age em relação à nossa vida e em especial às nossas dores. Há uma cena lindíssima (e muito triste) do filme “a Paixão de Cristo” do Mel Gibson que mostra isso de forma bem clara. É quando Jesus caminhando em direção ao calvário, já flagelado e cambaleante, encontro sua mãe Maria Santíssima. Mãe e filho se olham e diante de todo aquele sofrimento, Nosso Senhor diz à ela: “Vê, mãe, como eu renovo todas as coisas”. A cena é tocante e mostra que somente Deus é capaz de transformar a dor em alegria, o sofrimento em redenção. (quem tiver curiosidade, coloque no youtube pra assistir porque vale a pena).

Então continuando: mais ou menos umas 15:15, as midwifes começaram a olhar com preocupação para o exame que fica emitindo os batimentos cardíacos do bebê. Uma delas me falou: “pode ser que você tenha que fazer uma cesárea”. Nessa hora eu ainda pensava que isso não aconteceria e tinha muita esperança de que o Lucas ainda viria de parto normal como eu tanto queria. Mas a midwife chamou então o chefe dos obstetras, um alemão com um olhar bem distante e quando ele chegou na sala de parto ele olhou pra mim e disse: “Você deve entrar pra cesárea agora”. Me deu um misto de tristeza e alívio. Tristeza porque definitivamente não era esse meu plano, mas alívio porque já fazia quase 25 horas que eu estava com muita dor e não via a hora de ver a carinha do meu filho.

Resumindo: fui pra sala de operações, chorando e com medo.

Nessa hora pensei algumas coisas: em primeiro, da minha inocência em achar que algo está nas minhas mãos, sob meu controle. Nada, absolutamente NADA está nas nossas mãos.
São Josemaria, quando soube do falecimento de sua querida mãe, teve um primeiro ímpeto de contestar a vontade de Deus. Então ele se dirige ao Sacrário e diz: “faça-se, cumpra-se, seja louvada e eternamente glorificada a santíssima e amabilíssima vontade de Deus sobre todas as coisas”. Eu então comecei a repetir essa jaculatória.

Na sala de cirurgias, me prepararam de forma rápida e as 17:23hs o Lucas saiu do meu ventre!!! Assim que ele saiu, o levaram para o lado e eu percebi que ele não havia chorado. Eu sei bem pouco sobre partos, procedimentos de cesárea/ parto normal etc mas sei que o bebê deve chorar e muito assim que sai da barriga da mãe. Que agonia!! Eu pensava: “Chora filho, chora.... por favor meu Deus”....Eu pedi a intercessão de todos os anjos e santos, em especial pra Nossa Senhora: “Maria, tu és mãe... me ajuda”.

Foi então que poucos minutos depois das 17:23hs da tarde do dia 19/07/2016 eu ouvi o chorinho do meu filho pela primeira vez e senti a maior emoção e a maior alegria que eu achei que meu peito jamais seria capaz de suportar. Eu não podia levantar: meu corpo continuou deitado e atado, mas naquela hora minha alma se ajoelhou e se prostrou diante da tamanha grandiosidade e bondade de Deus. Obrigada Senhor!!

Por hoje é só.
Mil beijos e fiquem com Deus!


sexta-feira, 8 de julho de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!
O tema de hoje, que de certa forma é uma continuação do anterior, tem como tema:
“Ser cristão”

Então, como em alguns, fiz em tópicos pra ficar mais fácil. É muita responsabilidade falar (e tentar resumir) o que é ser cristão, mas coloquei alguns itens e talvez em algum post mais pra frente eu volte a falar mais sobre isso. Tem uma frase de São Josemaria Escrivá que diz: “Que procures a Cristo, que encontres a Cristo, que ames a Cristo”. Esse é um belo resumo do que é ser cristão então vou tentar falar sobre eles:

1-      A filiação divina
O cristão sabe-se filho e filho muito amado de Deus. Santa Teresa d´Avila dizia que “quem não se sabe filho de Deus não conhece sua verdade mais íntima”. E saber-se filho, e filho muito amado por Deus é maravilhoso! Em termos práticos, o que isso quer dizer? Muitas coisas e principalmente: que tudo que acontece com a gente tem um propósito, um por quê. Nada é à toa.

Einstein dizia: “Deus não joga dados com o Universo”. Embora o Deus que Einstein acreditava tem características diferentes do Deus Cristão (as 3 pessoas da santíssima trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo), ele admite, com toda sua genialidade que Ele existe. Em outra ocasião disseram a ele brincando: “Por que você não tem um filho com a Marilyn Monroe?” claramente sugerindo que assim seria feito o “ser humano perfeito”- física e intelectualmente. E ele responde: “Não, vai que esse bebê nasce com a minha beleza e a inteligência dela”. Nessa frase, na minha opinião, ele complementa o raciocínio da anterior e admite que nem tudo pode ser manipulado  e que  existe uma lógica por trás de todos os acontecimentos que a inteligência humana, por mais genial que seja, não pode prever...

2-      Viver as virtudes
Amar e imitar Cristo é viver as virtudes, pois Ele foi o modelo de todas elas.  Elas são divididas em virtudes teologais- fé, esperança e caridade e as virtudes humanas. Dentre as virtudes humanas, há quatro que se chamam “cardeais”, porque todas as outras se formam ao redor delas. Essas quatro são: prudência, justiça, temperança e fortaleza. E as que derivam delas são muitas: alegria, generosidade, amizade, constância, mansidão, etc.

No último retiro que eu fiz (e que comentei no último post), todas nós éramos casadas então o padre Peter pôde focar bastante nesse tema. Em uma das meditações ele fez como que um exame de consciência pra nós, como um “teaser” no meio da meditação e nos perguntou:

Vocês podem dizer com sinceridade: a minha casa, o meu lar, reflete as minhas virtudes? Por exemplo: a minha “ordem”: eu procuro deixa-la um lugar limpo e aconchegante com algum detalhe de carinho? A minha “pontualidade”: eu pelo menos procuro que meu marido/esposa e filhos tenham horários pra levantar, fazer as refeições juntos sempre que possível ou é aquele entra e sai como se fosse um hotel, um lugar impessoal? Um neurologista de Ribeirão que é amigo da minha família tem um estudo que mostra que pais que não fazem pelo menos uma das refeições em casa com os filhos, estes têm maiores dificuldades de aprendizado e são mais vulneráveis a doenças. Continuando: ela reflete a minha o meu “espírito de serviço” e a minha “alegria” (talvez o mais importante): eu procuro sempre ter uma palavra de estímulo, de afeto, de encorajamento para com todos, em especial se percebo que alguém da família está triste, apreensivo ou passando por alguma dificuldade? Eu procuro ajudar aqueles que na minha família estão mais cansados e sobrecarregados? 

Na Stigmatinos, uma igreja que eu adorava ir em Ribeirão, de vez em quando eles cantavam uma música na hora da Comunhão que dizia: “que o meu cansaço, a outros descanse..”. Achava lindo. E por fim, isso é imitar muito a Cristo que disse aos apóstolos: “as raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”.  

E só pra finalizar esse raciocínio, em 2005 eu fiz um mba em marketing em Ribeirão e eu tinha uma amiga que fazia em gestão de negócios. Um dia ela me contou que no primeiro dia de aula, o professor na intenção de integrar a classe e conhecer melhor o perfil dos alunos, perguntou a eles o que os levou a procurar um curso de mba. Minha amiga me disse que foram várias as respostas: reciclagem de conceitos, network, novos aprendizados mas que algumas pessoas responderam: “pra ficar mais tempo  longe da família”. Eu  achei muito triste! A nossa família, o nosso lar deve ser o melhor lugar do mundo pra nós, aquele que nós ficamos morrendo de saudade e de vontade de voltar ao final do dia e pra isso é fundamental, entre outras coisas, que nós vivamos as virtudes. Quanto mais virtuosa uma pessoa –alegre, sacrificada, generosa, cordial, etc, mais as pessoas da família dela, como todas as outras, vão querer estar perto dela.

3-      Não julgar- e não compactuar com o erro
A Igreja condena o pecado, nunca o pecador. Por outro lado, jamais diz que o errado é certo.
Todo cristão é livre e faz a escolha de amar e seguir a Cristo livremente, até porque sem liberdade não há amor. Isso na prática implica em seguir a Verdade (com letra maiúscula porque representa seguir o próprio Cristo) naquilo que nos foi revelado e também significa ser livre para escolher em relação ao que não é dogma ou Verdade de fé. O cristão, por exemplo, é livre para escolher o time de futebol (rs), o lugar onde vai morar,  o partido político, a escola dos filhos, entre muitas outras coisas... desde que isso não vá contra a fé. Por exemplo, seria contraditório um cristão escolher um partido político que é claramente a favor do aborto ou uma escola para os filhos que se sabe que ensina algumas coisas confusas para as crianças. Em relação a isso Santo Agostinho diz: “In necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus caritas” que quer dizer: “Nos assuntos necessários: unidade, nos de livre opinião: liberdade, em todos: caridade”.

4-      Ir contra a maré
Ser cristão, em todos os tempos, e hoje não é diferente, é muitas vezes ir contra a maré, contra os modismos. Não é muito difícil perceber que estamos passando por períodos meio confusos, com doutrinas muito erradas. Jesus já disse isso quando nos alertou sobre os “falsos profetas”. Mas não precisamos estranhar: a Igreja sempre foi perseguida. Se hoje o cristão tem que levantar a mão contra algumas coisas como a defesa da sacralidade do matrimônio, a defesa da vida em qualquer estágio, a dignidade de homem e mulher, em outras épocas  foram outros problemas, mas eles sempre existiram.

Jesus disse no Sermão das Montanhas (uma das coisas mais lindas já ditas): “Bem aventurados sereis vós quando vos perseguirem e injuriarem e disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos, pois será grande a vossa recompensa nos céus”.

5-      Devoção à Nossa Senhora
Não existe católico sem devoção à Nossa Senhora. Um dos presentes mais lindos que Jesus nos deu foi a sua mãe como nossa mãe quando estava já pregado na cruz, e diz a São João, o apóstolo amado: “Eia aí tua mãe.” E logo em seguida diz a Maria: “Eis aí teu filho”.
Maria nos ajuda sem cessar. É bonito meditar sobre as aparições de Nossa Senhora, entre elas as mais famosas que são Fátima (Portugal), Lourdes (França) e Guadalupe (México). Quando ela aparece em Guadalupe para o índio Juan Diego, ele está aflito para ir encontrar o tio que estava morrendo e Nossa Senhora diz: “Não estou eu aqui? Eu que sou sua mãe?”.

Foi por causa dela que ocorreu o primeiro milagre: a transformação da água em vinho nas bodas de Caná.  Sobre isso, uma história: quando eu estava na minha busca pelo meu José, um dia eu estava conversando com a minha mãe e falei: “ah mãe, não sei não, acho que talvez não esteja nos planos de Deus que eu me case... já está demorando tanto, só conheço gente nada a ver..”. Aí minha mãe falou: “filha, lembra do milagre das bodas de Caná? Lembra que Jesus fala aos homens que estavam servindo o vinho: “Enchei as talhas” e o Evangelho diz que eles encheram “até a boca” e Maria disse a eles: “fazei tudo o que Ele vos disser”. Então, para que os milagres aconteçam, é preciso que nós enchamos as talhas até o final, até a última mudança que Deus quer na nossa alma para que nós possamos receber o milagre”...

Por hoje é só.
Mil beijos e fiquem com Deus!


quinta-feira, 23 de junho de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal
O capítulo de hoje se chama: “O Opus Dei e eu”.

Eu decidi falar sobre ele por vários motivos: primeiro porque o “nosso milagre” aconteceu por intercessão de Dom Alvaro- o primeiro sucessor de São Josemaria Escrivá no Opus Dei. Depois porque estamos na semana em que se comemora o dia do fundador (26 de junho) e finalmente porque muita gente me manda perguntas sobre o que é essa tal de direção espiritual que eu venho falando no blog, onde eu aprendi essas coisas sobre fé, etc. E não tem como falar da minha vida de fé sem falar da Obra (que é como chamamos o Opus Dei no Brasil)...

Então pra ficar mais fácil, resolvi falar por tópicos das coisas que aprendi na Obra, como no capítulo da “Abertura à vida”:

1)      Deus em primeiro lugar- Em uma das primeiras meditações que eu assisti com o padre Xavier, o sacerdote da Obra de quem já falei lá em outros posts, ele estava contando sobre a primeira coisa que ele aprendeu quando entrou num centro do Opus Dei pela primeira vez- ir no sacrário e cumprimentar Jesus, de preferência fazendo uma genuflexão. Esse item- Deus em primeiro lugar- engloba inúmeras coisas então vou ter que resumir. Mas o que é importante saber: que a primeira regra da nossa vida deve ser fazer a vontade de Deus sempre. Dante Alighieri na “A divina comédia” diz: “está na Sua vontade a nossa paz”.

Também implica ter o “amor ordenado”, algo que eu aprendi na Obra e que me é TÃO útil! O amor ordenado significa saber priorizar meus afetos, preocupações e ocupações de maneira correta. Em primeiro lugar, e essa regra vale para todos, em qualquer situação: devemos amar a Deus antes de tudo. Esse é o primeiro mandamento. Depois, essa regra muda conforme a situação das pessoas. Por exemplo, para pessoas casadas, depois de Deus vem o cônjuge, depois os filhos e assim por diante. Parece óbvio, mas isso é um grande motivo de confusão. Por exemplo, quando um pai de família sabe que depois do trabalho ele tem o jogo de futebol do filho e que isso é importante para o filho e ao invés disso ele vai a um happy hour com os amigos, ele está amando de forma desordenada (claro que é um exemplo “por cima” e eu não quero entrar em casuísticas, mas serve pra ilustrar). Ou também quando colocamos todo nosso coração em coisas como a carreira, o prestígio profissional, a saúde, o bem-estar físico. Essas coisas, todas boas, devem se ordenar para amar mais a Deus e ao próximo, não para que coloquemos nelas um valor maior do que elas têm. Em resumo: não colocar no que é passageiro um valor absoluto. 
Há um autor espiritual que comenta sobre isso falando da vida de Bertrand Russel, o matemático e filósofo ateu que viveu no século XIX/XX. Um dia ele estava caminhando e pensou: “Não amo mais minha esposa. Vou me separar”. E esse autor espiritual diz: “o problema não é que ele parou de amar a esposa, é que ele nunca deixou de se amar tanto”. Amor desordenado...

2)      O meu maior ideal é a santidade.
O maior ideal de um cristão deve ser a busca da santidade pessoal. E isso implica automaticamente no fato de que estamos buscando também a felicidade porque todo santo é  extremamente feliz. Dizer que uma pessoa santa é alegre é um pleonasmo, é “chover no molhado”.  Basta ler sobre a vida dos santos e um belo exemplo disso, já que estamos falando dele, é ver um vídeo de São Josemaria Escrivá e observar sua alegria, seu carisma, seu entusiasmo quando falava, quando conversava. E, além disso, alguém consegue convencer outra pessoa tendo uma cara amarrada, triste, mal humorada? Acho impossível.

3)      Plano de vida/ Disciplina
Sabe aquela história de que quem trabalha no Google pode chegar a hora que quer, trabalhar do jeito que quer, não ter hierarquia? Então, acho lindo, mas acho difícil funcionar..... o ser humano precisa de disciplina e eu por exemplo sou nerd de carteirinha e preciso não só de disciplina mas também de horário, de programas e de um diretor espiritual que me cobre das minhas metas. Foi isso uma das primeiras coisas que eu aprendi na Obra: nós precisamos de um “plano de vida”. O que é isso? São atividades que fazemos durante o dia que nos ajudam a ter mais presença de Deus. E o que são essas atividades? São várias e o diretor espiritual de cada um vai dando conforme ele achar melhor. São elas, por exemplo: a missa diária, o terço, a oração mental, o Angelus ao meio-dia, etc. Muita gente pensa: “ah, mas eu sou muito ocupada, tenho uma vida muito corrida, não tenho tempo pra ter um plano de vida!”. E o raciocínio é exatamente o contrário. São Francisco de Salles dizia que se você está ocupado, reze meia hora por dia. Se você está MUITO ocupado, reze uma hora. 

São Josemaria dizia que “Deus multiplica o nosso tempo”. Eu sei bem disso. Se nos esforçamos por cumprir nosso plano de vida, são muitas as graças que Deus nos rende, inclusive materiais. É por exemplo o trânsito que Ele vai fazer diminuir no caminho do trabalho/ faculdade, é aquela reunião que vai demorar menos do que havíamos previsto, aquele documento do órgão público que nós precisamos que chegará a tempo, o tratamento do filho que vai reagir mais rápido a um antibiótico, etc. Deus é senhor de tudo e Ele paga com muita generosidade quem dedica um tempo a Ele. Fora as infinitas graças espirituais. E por que nós fazemos um plano de vida? Por amor. Porque nós amamos a Deus e precisamos da graça e da presença dEle durante todo o dia.

Finalizando o raciocínio: o Ayrton Senna, que na minha opinião foi o maior atleta brasileiro de todos os tempos tinha uma enorme disciplina. Depois que ele morreu, um dia eu li uma reportagem do Nuno Cobra que foi preparador físico dele. O Nuno Cobra era conhecido por ser bem duro com os seus pupilos. Aí ele conta que dava o treino pro Senna de segunda a sábado e domingo era seu dia de folga. Aí um domingo de manhã, super frio e chuva em SP, o Senna liga pra ele e fala: “e aí, vamos dar uma corridinha?”. E ele falou: “Você ta louco Ayrton? Vai dormir! Ta uma friaca aqui em SP e são 6 da manhã!!”..kkkk. Ninguém chega a ser Ayrton Senna à toa. “No pain, no gain”. Na vida espiritual não é diferente.

4)      Trabalho voluntário. “Sair de si” foi também uma das coisas mais bonitas que aprendi na Obra: olhar meu próximo, sentir a dor do outro e não só das pessoas com necessidades físicas: doentes, miseráveis, mas também todos os que carregam feridas na alma. Eu já havia feito trabalho voluntário antes de fazer com as meninas da Obra. Mas eu costumava ir ao CARIB, uma instituição pra crianças vítimas de maus tratos em Ribeirão. Não que não tenha sido bom, todo trabalho voluntário é super valido. Mas eu saía da minha casa, passava umas duas horinhas lá e voltava pra minha realidade. O primeiro trabalho voluntário que eu fiz com o pessoal da Obra foi bem diferente: nós fomos pra uma cidade bem pobre na região de Campinas e fomos pra ficar três dias (as meninas ficaram sete mas eu trabalhava no Itau e consegui ficar  só 3). 
Nós ficamos alojadas em uma escola de improviso e eu morro de rir quando me lembro dessa minha primeira experiência. Eu confesso que eu era bem mimadinha, bem “criadona com a vó”. Então eu cheguei lá na escola, já peguei minha mala, fui pro meu “quarto” (uma sala da escola improvisada bem simples), peguei um banquinho pra colocar as minhas coisas e saquei a minha nécessaire vermelha da Victoria Sectret´s da mala. Pensa na cena: a pessoa vai fazer um trabalho voluntário em uma das regiões mais pobres do estado de SP, ficar alojada em uma escola super humilde e saca uma nécessaire vermelha da bolsa. Kkkkkkkk. Um pouco fora do contexto....mas foi uma experiência e tanto!

Num desses trabalhos voluntários com o pessoal da Obra, nós fomos pro Recife e ficamos em uma escola em Jaboatão dos Guararapes, bem pobre. Nós nos dividíamos em grupos de 3 pra ir visitando as casas e eu me lembro muito bem de uma delas. Estávamos eu, minha prima e uma amiga e nós começamos a conversar com a dona e ela começou a falar que queria ter um “resisto”. E nós não entendemos muito bem. Depois de muita conversa, nós entendemos: essa moça não tinha CPF ou RG. Imaginem? Ela não tinha acesso a nada e teve que ter seus três filhos em casa porque o hospital se negou a atendê-la porque não tinham como registrá-la. Nós ficamos muito tocadas e conseguimos encaminhá-la para tirar seus documentos. Todas essas histórias de pessoas que eu conheci nos trabalhos voluntários me fizeram ver que eu tenho muito mais do que preciso e que como diz minha mãe: “eu só tenho que agradecer todos os dias de joelhos!!”. E eu sei que muita gente pensa que esses trabalhos voluntários isolados não vão mudar o país ou o mundo e que foi só uma gota no oceano, mas como disse Madre Teresa um dia: “sem a minha gota o oceano seria menor”.

5)      A ajuda incrível dos meios de formação.
A Obra oferece diversos meios de formação espiritual: retiros, recolhimentos, cursos para casais, para pais, palestras, direção espiritual, entre tantos outros. Eles nos ajudam incrivelmente. Por exemplo em relação à direção espiritual eu aprendi que como diz o ditado: “Ninguém é bom juiz de si mesmo”. Nós temos uma tendência inegável a nos desculparmos dos nossos próprios erros e o pior: a aumentar os defeitos e erros dos outros e isso pode ser muito prejudicial em todos os nossos relacionamentos.

Há também como eu disse, muitos outros meios de formação e eu posso dizer que meus pais receberam muita ajuda deles, principalmente quando nós estávamos crescendo. Criar uma família é um desafio grande e criar uma família grande com filhos em idades espaçadas é um desafio maior ainda. Eu lembro que quando eu e minha irmã mais velha ficamos adolescentes, meus pais fizeram cursos com o pessoal da Obra e foram excelentes. São várias as coisas que os pais precisam pensar, como por exemplo: como programar as férias se você tem uma filha adolescente e uma criança pequena? Como lidar com perguntas sobre sexo dos adolescentes no meio do almoço quando seu irmão de 3 anos está junto? E nós sabemos que sexualizar as crianças precocemente não é nada bom e muito perigoso e por aí vai. 

Fora a logística: dar conta de todas as atividades, saber escolhê-las pros filhos, ter cada um estudando em uma escola em um canto diferente da cidade.... com relação a esse último item, eu lembro que meu pai uma época teve um monza azul a álcool que nunca pegava no frio. Então as 7 da manhã lá em casa tinha aquele monte de criança com as mochilinhas nas costas e meu pai xingando até a última geração dos fabricantes de Monza...kkkk

E finalmente a ajuda enorme que um casal tem quando os dois fazem direção espiritual. Eu amo e agradeço a Deus pelo fato de eu e o Matt termos direção com o padre Peter, que é um sacerdote do Opus Dei aqui em Brisbane. Pra finalizar, vou contar a última história que mostra como a Obra me ajuda, inclusive e muito especialmente no meu casamento. Esse último fim de semana eu fui pro retiro (um fim de semana por ano que tiramos pra ficar mais recolhidos e em silêncio para ouvir a Deus).  Na sexta-feira, antes de ir, eu arrumei a casa inteira: lavei os banheiros, limpei a sala e cozinha, os quartos, guardei as roupas, etc, Enfim, a casa estava um brinco! Aí na sexta-feira o Matt me deixou no retiro e foi pra cidade da minha sogra. Só que ele voltou no sábado a noite e ficou sozinho em casa de sábado até domingo a tarde quando ele foi me buscar.... Kkkkkk e marido sozinho em casa é problema...kkkkk. 
Quando nós chegamos no domingo a noite e eu fui entrando em casa eu me senti em um filme. Sabe aqueles filmes de guerra em que a câmera vai gravando lentamente a cena depois de uma batalha: os destroços, as coisas no chão? Kkkk, então, esse era o cenário na minha casa. Eu estava quase pra falar algo crítico quando ele parado no balcão da cozinha me fala: “Você viu quanto abacate eu trouxe?”. Ele trouxe vários abacates que a minha cunhada querida deu pra gente porque ele sabe que eu amo... claro que aí meu coração derreteu e eu ouvi do Espírito Santo o que eu tinha acabado de ouvir no retiro: “Você tem certeza que você quer reclamar por causa dessa besteira? Vai azedar o ambiente por causa disso?”. Aí já fui lá agradecer e falar de outras coisas e fiquei pensando como é importante pra não dizer essencial nos mantermos sempre na presença de Deus pra viver melhor tanto as grandes quanto as pequenas coisas, que afinal formam o nosso caminho de santidade.

É isso.

Mil beijos e fiquem com Deus!

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!
O capítulo de hoje se chama: “Obras é que são amores, não as boas razões”.
Já vou explicando o título e depois o resto.

São Josemaria Escrivá, um dos meus santos favoritos, estava em 16 de fevereiro de 1932 dando a sagrada Eucaristia a umas irmãs de Santa Isabel e disse pra Jesus no seu coração: “Jesus, amo-te mais que estas”. E logo ouviu a resposta de Nosso Senhor: “Josemaria, obras é que são amores, não as boas razões”.

São Josemaria, que foi um “santaço” e dedicou toda sua vida a serviço de Deus e das almas, levou esse “puxão de orelha” ... toda vez que releio essa passagem fico pensando na minha vida.
E a pedidos e como prometi, vou continuar contando o decorrer do nosso milagre, que tem tudo a ver com o título de hoje.

Quando eu e o Matt nos despedimos no Rio, no domingo depois do carnaval de 2015, nós só tínhamos uma certeza: de que nós havíamos encontrado o que nós sempre procuramos (e como procuramos!! ) e que nós queríamos passar a vida inteira um do lado do outro, mas ainda era meio nebuloso o jeito que nós faríamos isso acontecer, afinal de contas ele morava do outro lado do mundo. Além disso, 2015 foi pra nós dois o ano mais corrido das nossas vidas. Eu estava trabalhando com meu pai, dando aulas duas noites por semana em Jaboticabal e escrevendo a minha dissertação do mestrado. O Matt também estava bem cheio de coisas no trabalho e fazendo também um mestrado. E somando a isso tudo, tínhamos agora que acertar a logística de namorar e preparar um casamento a distância!! Mas como Deus não dá ponto sem nó, algumas coisas já começaram a clarear bem cedo. O Matt tinha quatro semanas pra tirar no trabalho e ele inicialmente iria pros EUA fazer uma parte do mestrado. Mas como a Elisinha entrou na parada..rs, ele me falou que iria pro Brasil. 

Então foi esse o combinado quando ele foi embora: ele viria em maio e eu iria pra Australia em agosto. E ele sempre falava pra eu não me preocupar porque : “where there is a will, there is a way”.
Eu então voltei pra Ribeirão com aquele sorriso de orelha a orelha e contei pra todo mundo do meu gringo lindo. Nós nos falávamos toda hora e cada vez mais... dois dias depois que ele chegou de volta na Australia ele já comprou a passagem  pro Brasil em maio. E eu fiquei super feliz !!

Mas não foi só isso: a paixonite estava demais. Na semana seguinte à nossa volta do Rio, eu acordei e tinha uma mensagem dele pedindo pra eu entrar no Skype assim que eu pudesse porque ele tinha novidades! Eu saí correndo assim que eu acordei. A hora que nós começamos a conversar o Matt falou pra mim: “Eu tenho boas notícias. Consegui uma passagem pro Brasil com um preço bom e vou na páscoa”!! Inicialmente eu não entendi muito bem, eu falei: “mas só pra páscoa?” e ele falou: “sim, quatro dias, só pra páscoa mesmo”.

Nessa hora eu pensei: “obras é que são amores...”. Gente, na boa, Australia- Brasil não é Ribeirão- São Paulo. Quem já fez essa viagem sabe que ela arrebenta até o organismo da pessoa mais atleta! Eu pulava de alegria e já fui contando pra minha família inteira que o Matt viria também na páscoa pra conhecer todo mundo! Se eu tinha qualquer resquício de dúvida sobre a intenção do Matt e do empenho dele em fazer nosso namoro (e casamento) dar certo, com certeza essas dúvidas se dissiparam ali naquele momento.

Eu entendi também que o amor se prova no sacrifício e na doação. Quanta gente diz pro outro: “eu te amo. Daria a vida por você” mas se você quiser um pedaço do meu sanduiche eu não dou...

A vida de Jesus é um constante convite a nos doarmos, a amarmos com obras, a nos “gastarmos pelas almas”. E o que eu acho mais curioso e triste é que o mundo está andando na contramão disso tudo. As teorias modernas falam cada vez mais do “eu”, do “meu”, da “minha felicidade”. O autor Dietrich Von Hidelbrand fala sobre isso em seu livro “Liturgia e personalidade”. Ele diz: “ironicamente, a sociedade de hoje geralmente mede o valor de um objetivo em termos da auto-realização que ele gera. Esses valores invertidos são os mesmos que levam maridos a deixarem suas esposas, mães deixarem seus filhos, padres e freiras a largarem suas vocações religiosas...” e finaliza: “Platão afirma que a alma ganha asas à medida que cresce nos valores...e esses valores só são alcançados quando um auto-esquecimento é alcançado”.

Quanto mais nós nos doamos, mais seremos felizes. Não há dúvida.

Agora vou contar duas histórias. A primeira é a do padre vietnamita Nguyen Van Tuhan.  Esse padre foi preso pelo regime comunista do Vietnã e passou treze anos preso, a maioria deles na solitária, por não negar sua fé.  A história dele é fascinante. Contam que os soldados que faziam sua guarda tinham que ser trocados de tempos em tempos porque ele convertia a todos. O padre Van Tuhan consciente da sua vocação de sacerdote, sabia que celebrar a missa era sua principal tarefa e sua maior honra. Então ele celebrava a missa dentro da prisão e usava o bolso da sua camisa como tabernáculo e a palma da sua mão como altar para receber Jesus sacramentado.

A segunda história aconteceu esses dias. Eu fui ao hospital onde eu estou fazendo o pré-natal aqui em Brisbane e quando eu passei pelo saguão vi uma maquete. É uma réplica de uma incubadora e dentro tem um bebê de mentira, mas se você olha de longe parece de verdade. Do lado dessa maquete tem uma foto de um bebê de verdade e uns dizeres. Esse bebê nasceu prematuro há alguns anos e morreu depois de alguns dias na UTI neonatal. Os pais decidiram fundar uma instituição pró- vida e de apoio às famílias que passam por esses mesmos problemas. O mais bonito é a carta dos pais fixada ao lado da foto do bebezinho. Eu não lembro exatamente de tudo mas em resumo o pai e a mãe falam do enorme privilégio e da  alegria que foi pra eles terem tido aquele bebezinho na vida deles, mesmo que por pouco tempo. E é claro que eu chorei litros ali no saguão do hospital.

Mas por que eu contei essa duas histórias? Porque elas me mostraram de forma bem clara que ninguém tem desculpa pra não “amar com obras”. Esse bebezinho sem poder andar ou se comunicar e o padre Van Tuhan, enclausurado fizeram tanto bem! Por causa desse bebê, hoje existe uma fundação que apoia crianças e famílias com problemas na gestação e depois do parto e por causa do padre vietnamita muitas pessoas conheceram a fé.

Então voltando: a expectativa quanto à vinda do Matt era muito grande! A gente fazia reunião todo dia a noite lá em casa pra programar a vinda do Matt pra conhecer todo mundo e meus pais me perguntavam todo santo dia qual era a comida preferida dele...kkkk. Minha família tem mania de comida e se vão, por exemplo, quinze pessoas pra almoçar pode ter certeza que eles vão fazer comida pra quarenta...rs.

O Matt chegou na quinta-feira santa de noitão e na sexta-feira da paixão ele foi almoçar lá em casa pra conhecer todo mundo. Eu acho que foi um dos dias mais felizes da minha vida. Sabe quando você tem vontade de congelar aquele momento porque as pessoas que você mais ama estão reunidas num mesmo lugar e festejando? Então, foi esse dia. Foi muito engraçado porque meu pai não fala inglês porém ele olhava pro Matt e falava uma frase com umas dez palavras: nove em português!! Kkkk. O Nino meu irmão falava: “pai, não sei se você percebeu mas o Matt não fala português”...kkkkk

Eu já estou acabando esse post, mas queria completar com mais alguns pensamentos. “Amar com obras” não é só fazer coisas grandes.  Nós também podemos e devemos amar o próximo com as pequenas ações, que aliás as vezes são as que mais podem custar.

E agora então outra história (a última desse post, prometo..rs): quando eu morava em São Paulo, eu conheci uma amiga do Opus Dei com quem eu me encontrava semanalmente. Ela me ajudou muito e foi um grande exemplo pra mim. Eu achava curioso observá-la porque ela foi uma das pessoas mais doces, pacientes e preocupadas com os outros que eu já conheci. E eu convivi com ela durante dois anos e meio e nunca a vi de mau humor ou reclamando de nada. Nada! Convenhamos: é difícil isso, né? Ela estava sempre sorrindo e alegre! Um dia eu não aguentei e perguntei pra ela: “Não tem nada que te tire a paciência, o bom humor? Você está sempre tão de bem com a vida!”. E surpreendentemente ela me respondeu: “Tem. Tem uma coisa que me custa: mudar meus “esquemas””. Aí ela me explicou que ela gostava de planejar muito bem seu dia, desde a manhã até a noite. Mas quando alguém demandava algo muito fora desse esquema, isso lhe custava, porque ela tinha que rearranjar todos os seus compromissos. Mas ela falou pra mim: “mas aí eu sei que é Deus por trás disso tudo querendo que eu seja generosa e coloque o próximo antes dos meus interesses próprios, como nos ensinou Nosso Senhor”.

Então, o ano passado, muitos anos mais tarde, eu estava trabalhando e como disse, 2015 foi um ano muito corrido. Eu tinha que ter meu dia inteiramente planejado pra dar conta de tudo. Um desses dias, eu cronometrei o tempo certinho de sair do trabalho, ir pra natação e chegar no meu compromisso a noite. Quando eu estava quase saindo do trabalho minha mãe me liga pedindo pra eu passar na padaria pra comprar um pãozinho fresco. Na hora eu pensei: “Nããããão!! Não vai dar tempo”. Mas como você vai negar comprar um pãozinho fresco pra sua própria mãe? Aí na hora eu me lembrei da minha amiga de São Paulo....e veio o Espírito Santo me soprando: “Saia do seus “esquemas” Elisa, saia do seu egoísmo, vai te fazer muito feliz”.

Pra terminar, uma frase do nosso maravilhoso papa Francisco na sua homilia nas Filipinas: “Pensemos em São Francisco: deixou tudo, morreu com as mãos vazias, mas com o coração cheio”.

É isso por hoje.

Muitos beijos e fiquem com Deus!

sábado, 21 de maio de 2016

Bom dia/ boa noite pessoal!
Hoje o capítulo se chama: “Abertura à vida”.

Resolvi falar sobre esse tema por vários motivos mas principalmente, porque além de ser um tema importantíssimo, há muita dúvida em relação a ele, inclusive por parte dos católicos.

Essa história de “abertura à vida” na minha vida (rs) começou há muitos anos quando minha mãe teve meus dois irmãos caçulas e nós viramos cinco irmãos. Eu era simplesmente a única pessoa na escola com mais de dois irmãos. Eu acho que todo mundo que passa pela infância/adolescência sabe que a única coisa que você quer é ser igual, ou pelo menos, não tão diferente.  Mas a essa altura, eu ainda não entendia muito bem esse negócio de generosidade no número de filhos, abertura à vida, etc.

Quando eu fiquei mais velha e comecei a entender, e entrar na minha fase “revolts”, eu questionava: “mas se hoje existem tantos métodos pra barrar artificialmente uma gravidez: pílulas anticoncepcionais, camisinha, DIU, até as cirurgias de esterilidade permanente, por que não fazê-lo?”.

Somente muitos anos mais tarde, quando começou meu processo de conversão (do qual já falei bastante nos outros posts) é que eu comecei a ler exaustivamente sobre isso e a entender direito. Felizmente, Deus me deu todas as graças necessárias pra entender o porquê, Ele, que é o autor da vida, quer que nós não nos oponhamos à ela, em nenhuma circunstância. Porém, a forma como Deus me fez entender foi muito além das palavras e dos sábios argumentos que eu encontrei em diversos autores e teólogos. Ele me deu o imenso privilégio de conhecer inúmeras famílias numerosas, que pra minha surpresa, tinham muito mais que “apenas” quatro irmãos, como eu..rs. Essas famílias, e algumas delas estão nas fotos logo abaixo, me deixaram intrigada. Observando-as eu pude ver características muito claras nelas, que eu poderia citar: a união, a alegria, o espírito de serviço, a fé, o companheirismos dos irmãos, a incrível sintonia dos pais... mas pra falar a verdade, o que era mais característico dessas famílias é algo que não se pode dizer com palavras. É como olhar uma obra-prima: a Pietá de Michelangelo ou a Capela Sistina no Vaticano, por exemplo, e alguém te perguntar o que você acha. Não da pra dizer exatamente. Então resumindo, essas famílias me fizeram entender o ditado: “a palavra comove, mas o exemplo arrasta”. Ver o exemplo dessas famílias foi o argumento mais irrefutável a favor da vida.

Então, continuando: a abertura à vida tem vários aspectos e nuances mas acho que pode ser bem resumida como a abertura de todos nós que recebemos a vocação para o sagrado matrimônio à fecundidade que essa vocação supõe. Pela sua própria natureza, o sagrado matrimônio e o amor conjugal estão ordenados à procriação e educação dos filhos, que são o ponto alto da missão dos esposos e também nosso maior presente. Deus ama a vida e Ele ama de paixão. Ele quis preservar a vida de tal modo que instituiu para isso o sagrado matrimônio, para que dentro desse sacramento, solidamente contraído e vivido pelos esposos, fossem geradas novas criaturas. Pode- se dizer então que cada novo filho é como o amor entre os casais que transbordou.

A abertura à vida é, portanto não se opor à essa dádiva divina. Barrar essa fecundidade de forma artificial seria ir contra o valor mais sublime e indissociável do matrimônio: o amor. Segundo Kimberly Hahn: “um amor que seja voluntariamente estéril, não é amor”. (aqui um breve comentário- acho que toda mulher deveria ler esse livro: “Amor que dá a vida”).
Mas então vou falar sobre isso de forma mais prática e ao mesmo tempo misturando com a doutrina da Igreja para ficar mais fácil.

Para isso vou tentar enumerar alguns “mitos e lendas” que ouço sempre à respeito da abertura à vida.
1)    Ser aberto à vida e usar dos métodos permitidos pela Igreja Católica para espaçar gravidezes significa que eu vou ter que ter muitos filhos.
Não. Embora Deus peça aos esposos que sejam generosos, ser aberto à vida não significa necessariamente ter uma família numerosa. Para cada casal Ele tem um plano diferente. Para alguns, ele quer poucos filhos, para outros vários, para outros nenhum. O importante é não se fechar ao que Deus espera de nós e não tomarmos decisões em relação ao número de filhos baseadas apenas em questões puramente humanas ou ainda segundo nosso egoísmo.

2)    Ter que usar da continência distancia o casal e complica o relacionamento bem como ter filhos logo quando se casa.
Nada mais errado e não condizente com a realidade. O casal italiano Angelo e Conceta Filardo, que há trinta anos se dedica a propagar os métodos naturais, diz que Deus colocou no corpo da mulher todos os sinais perfeitos de fertilidade que falam por si para servirem de guia para o planejamento natural.

Portanto, dizer que o uso desses métodos pelos casais atrapalharia o próprio relacionamento entre eles é como dizer que Deus estivesse nos falando: “olha, eu coloquei esse mandamento para vocês -maridos e esposas- mas, é só para atrapalhar vocês, o casamento, o futuro dos filhos, etc”. Não faz o menor sentido! E é muito ao contrário: se assim Deus o quer, é porque Ele, mais que ninguém, mais do que nós mesmos, quer a nossa felicidade e sabe que esse é o caminho.
Para corroborar com esse argumento, basta olhar alguns dados: as taxas de divórcio entre os casais que utilizam o “Planejamento Familiar Natural” é, segundo o relatório JF Kiplling, menor que 5%. Apenas a título de comparação, a taxa de divórcio no Brasil está em alarmantes (e tristes) 50%.

Finalmente, há inúmeros depoimentos de casais que utilizam os métodos de Planejamento Familiar Natural (PFN) que atestam que eles aumentam a intimidade entre os casais, favorece o companheirismo e o diálogo. Segundo a encíclica  Humanae Vitae “mas, esta disciplina, própria da natureza dos esposos, longe de ser nociva ao amor conjugal, confere-lhe pelo contrário um valor humano bem mais elevado. Requer um esforço contínuo, mas, graças ao seu benéfico influxo, os cônjuges desenvolvem integralmente a sua personalidade, enriquecendo-se de valores espirituais: ela acarreta à vida familiar frutos de serenidade e de paz e facilita a solução de outros problemas; favorece as atenções dos cônjuges, um para com o outro, ajuda-os a extirpar o egoísmo, inimigo do verdadeiro amor e enraíza-os no seu sentido de responsabilidade no cumprimento de seus deveres”.

3)    Não vou conseguir dar o melhor para os meus filhos se eu tiver uma família numerosa
Aqui novamente reside um erro. Aquilo que nós sempre ouvimos que “o melhor presente pra um filho é um irmão” é a mais pura verdade. São infinitos os benefícios, desde poder compartilhar as experiências da vida com aqueles que vão ser sempre seus melhores amigos, até saber repartir, pensar nos outros, ter alguém para te defender, e finalmente a alegria da casa mais cheia!

Agora uma história minha, que tenho a imensa felicidade e o privilégio de ter quatro irmãos maravilhosos. Em 2007 eu me mudei pra São Paulo pra trabalhar. Aos fins de semana eu voltava pra Ribeirão e pegava carona com amigos diferentes. Tinha uns meninos que de vez em quando me davam carona que eram umas figuras. Nós íamos batendo papo e dando risada o caminho inteiro. Numa dessas voltas pra SP de domingo a noite, eles passaram em casa pra me buscar, eu entrei no carro e um deles me perguntou: “e aí, foi pra balada esse fim de semana?”. E eu falei: “não”. Aí ele falou: “cinema?”. Eu falei: “também não”. E ele novamente: “bar?” “também não”. Aí finalmente ele falou: “mas então o que você fez esse fim de semana?”. Aí eu fiquei pensando: “Nossa, é mesmo, não sai de casa!!!”. Muitas vezes eu realmente nem saia de casa simplesmente porque a minha casa pra mim era a maior balada de Ribeirão. De todas as coisas que eu tenho saudades do Brasil- e eu tenho muita- com certeza a que eu mais sinto falta é de todo mundo reunido antes dos almoços de sábado e domingo e outras ocasiões. Era simplesmente uma festa. Todo mundo ia chegando, tomando uns aperitivos, batendo papo, dando risada...que saudade!

4)    “Não vou dar conta de tantos filhos”
Se tem uma coisa que nós podemos ter certeza absoluta é a de que o casal que se abre generosamente aos filhos e os acolhe com alegria, Deus dá TODAS as graças- físicas, materiais, espirituais e psicológicas- para cria-los e educa-los.

Isso quer dizer que eu vou ter recursos para fazer festinhas de arromba a cada aniversário, comprar as roupinhas e os presentes mais caros, viajar ao exterior todo ano? Não. E muito provavelmente isso nem seria o melhor para os filhos. Apenas quer dizer que Deus munirá o casal de todas as forças necessárias para criar um lar saudável, luminoso e alegre.
Além do mais, é uma besteira muito grande nós pensarmos que o que fazemos é mérito nosso, ou pelo menos, exclusivamente nosso. Tudo é graça de Deus.

Quando eu e o Matt ficamos noivos, várias pessoas me perguntavam: “mas você não está com medo?” afinal de contas, nossa história é bem sui generis e teria “humanamente falando” vários motivos pra eu ficar receosa. Mas eu sempre respondia a mesma coisa: que não. E não era só porque eu sabia que o Matt era o homem mais virtuoso e maravilhoso que eu já havia conhecido e nem por causa da certeza do amor dele por mim e do meu por ele. Isso já seria muito mas não o suficiente pra me dar tanta paz e tranquilidade. A minha segurança vinha do apoio que eu e ele temos de Deus, e das infinitas graças que nós recebemos, especialmente dos sacramentos- da comunhão diária e da confissão frequente- que nos fortalece e nos prepara para os inúmeros obstáculos da vida matrimonial. Quantos casais lindos e apaixonados que nós conhecemos que depois de um tempo se separam porque confiaram apenas nas suas pobres e limitadas forças? Quantas famílias lindas que desabaram?  A vida é muito longa e os obstáculos muito numerosos para nós nos apoiarmos somente em nós. A Bíblia diz: “infeliz do homem que coloca sua esperança no homem” e “bendito o homem que deposita sua confiança no Senhor”.

5)    Hoje em dia é impossível viver o que a Igreja nos pede em relação à abertura a vida.
Isso também não é verdade e a prova cabal contra esse argumento são as inúmeras famílias que vivem de acordo com a moral cristã no mundo inteiro. Não quer dizer que seja fácil, e que não vai exigir por vezes sacrifícios heroicos por parte das famílias. Só quer dizer que dificuldades sempre existiram. Se hoje ao receber uma nova criança, os pais passam por dificuldades como o medo da falta de segurança, os custos de educação e saúde, a falta de tempo, entre outras, antigamente havia outras inúmeras dificuldades: várias doenças infantis ainda não haviam sido erradicadas, não havia antibióticos, hospitais de primeira linha, os filhos nasciam de parteiras e as vezes em condições muito precárias, as fraldas não eram descartáveis (aliás, até há bem pouco tempo), entre outras tantas.

Viver segundo a fé e os mandamentos que Cristo nos deixou realmente não é fácil. Mas nunca foi. Basta lembrarmo-nos de como Jesus causou escândalo quando falou da indissolubilidade do matrimônio. Os apóstolos ficaram tão chocados inicialmente que alguns disseram: “Se é assim, é melhor não se casar”. Mas Jesus não mudou uma vírgula de sua pregação.

A abertura à vida, portanto requer sacrifício, doação e um “sim” constante da nossa parte. Mas traz consigo uma alegria que o mundo não pode nos dar. Pensemos no “sim” de Maria. Pela sua aceitação irrevogável da vontade do Pai, a humanidade saiu das trevas e conheceu o Salvador. Quantas coisas maravilhosas nós também não faremos se dissermos “sim” aos planos de Deus pras nossas vidas e pras nossas famílias? Jesus disse: “em verdade vos digo, que se acreditares em mim e guardarem a minha palavra, farão coisas ainda maiores que essas”. Vale a pena!

Algumas fotos das famílias que mencionei: Os Yacoub- 6 filhos, os Iorio de Moraes- 11 filhos, os Genovez Braga- 7 filhos e os Soares de Almeida Marin- 5 filhos!
Acho que não precisa de legendas...rs
Mil beijos e fiquem com Deus!