Bom dia/ boa noite pessoal!
Esse é provavelmente o último
post do ano antes de umas merecidas férias no Brasil e como o ano foi indiscutivelmente
marcado pelo nascimento do meu Timolino, fiz esse post sobre as coisas que
aprendi com a maternidade e são todas, claro, relacionadas à fé.
Então segue:
1- “Ninguém
é feliz nessa vida até decidir a não sê-lo”. Essa frase de São Josemaria
Escrivá mostra um dos maiores- talvez o maior- paradoxo do cristianismo e
também da maternidade: é preciso aniquilar-se, esquecer-se de si próprio para
ser feliz. A Bíblia diz que “se o grão de trigo não morre, fica só”. E Jesus
completa o raciocínio: “Quem não toma sua cruz e me segue, não é digno de mim”
Peter Zewald, um dos autores que
já citei aqui, fala que seu irmão, um ateu convicto, diz que há muitos paradoxos
no cristianismo. E ele emenda: “meu irmão está totalmente certo”.
E ter filhos é isso: esquecer-se
de ser feliz para fazer outro feliz e assim ganha-se a maior
felicidade-humanamente falado- que se pode ter.
E quem tem filhos, não aniquila-se
apenas por eles mas também, e antes destes, pelo esposo/esposa. “Amar é servir,
servir é reinar”. Não é fácil, mas é o Caminho.
E sobre isso, uma história: eu
tenho uma amiga muito santa que é casada com um homem também muito santo e eles
têm uma família linda. Só tem um problema: ele tem um gênio do cão! Kkkkk. É
verdade, ele é um cara muito legal e virtuoso mas daqueles que quando ficam
bravos, sai de baixo. Nós tivemos o mesmo diretor espiritual durante uma época:
o padre Saldanha, um sacerdote indiano muito santo e que sabia muito sobre
família. Um dia essa minha amiga disse que foi desabafar e pedir conselhos ao
padre Saldanha dizendo: “poxa padre Saldanha, meu marido geralmente está errado
e eu sempre que tenho que procurá-lo pra fazer as pazes e ainda por cima pedir
desculpas (geralmente ela estava mais certa que ele). Ao que ele respondeu: “Eu
te entendo filha, não é fácil, mas você está muito mais perto de Deus que ele”.
(ahhh que lindo!). O padre Saldanha estava muito certo: embora não seja fácil
engolir nosso orgulho, nossos ressentimentos e nossas mágoas, quando nós o fazemos,
estamos muito perto de Deus, que ama os humildes. E pra completar, essa minha
amiga me disse: “hoje, depois de anos de casadas e vendo meu marido, meus
filhos, minha família unida, eu vejo que valeu a pena.”
Todo sacrifício que fazemos pela
nossa família, em especial os que fazemos livremente, valem a pena. Outra coisa
que podemos fazer nesse sentido para nos ajudar a levar nosso casamento e nossa
família em frente são as mortificações voluntárias (já falei sobre elas em
algum post anterior) São pequenos sacrifícios que oferecemos a Deus e em troca
pedimos por essas intenções, em especial por nossas famílias. São por exemplo:
comer um pouquinho mais do que gostamos menos e um pouquinho menos do que
gostamos mais, subir um lance de escadas em vez de pegar o elevador, sorrir
para os inoportunos, etc
Então sobre isso mais uma
história: depois que o Lucas nasceu, eu tive que parar de comer um monte de
coisas por causa das cólicas dele. Eu comia todos os dias basicamente a mesma
coisa. Então uma sexta-feira, que é um dia em que a Igreja pede uma especial
atenção para as mortificações, eu pensei em fazer uma mortificação pequena mas
aí pensei: “ah, não vou fazer, né? Já estou me privando de tanta coisa...”. aí
me lembrei da história de Bosco Gutierrez. Ele é um mexicano, católico piedoso,
pai de oito filhos que foi sequestrado na década de 80 ou 90 (não lembro). Ele
conta que passou nove meses em cativeiro e quando já fazia vários meses que ele
estava lá, um dos seus algozes disse que ele podia escolher algo de especial,
já que era dia de uma grande festa no México. Ele pensou e pediu então um copo
de uísque que ele adora. Quando os algozes lhe trouxeram o copo, ele disse que
ouviu de Deus: “Me dê esse uísque!”. Ele disse que então começou uma batalha
com Deus: “como pode o Senhor me pedir isso? Já estou privado de ver minha
família, amigos, da minha liberdade...”. e Deus diz a ele: “Mas isso tudo não
depende de ti. Me dê algo livremente, algo que dependa de ti”. Ele diz então que
após uma grande batalha, foi no canto do quarto onde estava preso e jogou o
uísque fora. Após aquilo, ele diz que sentiu uma enorme liberdade e que percebeu
que nada poderia tirar a alegria dele....então nesse dia, percebi que Deus quer
que O ofereçamos não só as penas e contrariedades que nos acontecem sem que nós
queiramos, mas também pequenos (ou grandes) sacrifícios feitos livremente por
amor a Ele.
2- “Catarina, cuida das minhas coisas que eu
cuido das suas”.
Depois que o Lucas nasceu eu
fiquei meio perdida para fazer meu plano de vida- as normas de piedade das
quais já falei aqui que faço todos os dias: missa, terço, oração, etc. Aí um
dia eu estava mega conturbada com as coisas do Lucas e da casa e pensei em
deixar uma das normas de lado e me lembrei de quando li essa frase de Santa
Catarina de Sena (uma das minhas três santas preferidas, junto com Santa Tersa
D`avila e Santa Terseinha do menino Jesus).
Santa Catarina conta que um dia
super tumultuada com suas tarefas pensou
em abandonar também uma de suas normas de oração falando pra Deus: “Senhor, não
tenho tempo hoje, preciso cuidar de tal coisa, e outra, e outra...” e Jesus diz
a ela: “Catarina, cuida das minhas coisas que Eu cuido das suas”. E
convenhamos: nada melhor que ter o Todo Poderoso cuidando das nossas coisas...
3- É
ter completa responsabilidade pela vida de outra pessoa.
E isso não é apenas em sentido literal-
como nós mães que alimentamos os nossos bebês, mas mais ainda no sentido do
exemplo para a construção do caráter e das virtudes dos filhos. No livro: “Deus
e os filhos” o autor Jesus Urteaga fala: “o professor por antonomásia é tu,
pai, e tu, mãe, a melhor professora que Deus deu aos teus filhos”.
E para que os filhos aprendam de
nós, e a coisa mais importante para um casal cristão é que os filhos aprendam a
rezar e ter uma vida piedosa, nós temos que lembrar que os filhos são como um espelho
de nós mesmos (“a palavra comove, o exemplo arrasta”). E se nós os ensinamos não
apenas rezar mas a ter uma atitude otimista e feliz perante a vida, mostrar a
importância da caridade, do trabalho, etc, é muito mais provável que eles o
terão...
4- É
confiar e abandonar-se totalmente em Deus.
Uma grande
amiga da minha mãe, católica piedosa, disse um dia pra mim que quando os filhos
dela iam pra balada ou pra qualquer lugar que ela sabia ser perigoso (e não só
para o corpo mas também e principalmente para a alma) ela dizia pra Nossa
Senhora: “Maria, vai com eles aonde eu não posso ir”. Essa confiança em Deus e em
Nossa Senhora é imprescindível para quem tem filhos, já que nas palavras de um
amigo meu: ter filhos é passar uma procuração assinada em branco para outra
pessoa... só tendo fé é que se consegue ter paz nesse caso..
Santa Teresa
d´Avila conta que um dia, já velha e cansada, pensou em desistir de duas das
fundações que ela havia se proposto a começar. Fazendo oração, ela escutou de
Jesus: “Por que temes Teresa? Quando te faltei eu?”. Isso é uma grande lição
para todos nós, pais ou não, que estejamos preocupados e mesmo fatigados,
desesperançados, achando que o caminhar está muito difícil e que as vezes não
temos mais de onde tirar força . Talvez seja a hora de nos colocarmos em oração
para ouvir do Mestre: “quando te faltei eu??”
Por hoje é só.
Mil beijos e
fiquem com Deus!





