“Há tempo pra plantar, há tempo pra colher. Há tempo pra
chorar, há tempo pra sorrir”...
Bom dia/ boa noite pessoal! Esse post é meio que uma
continuação do último porque achei que aquele ficou incompleto por um motivo:
eu falei que queria fazer do meu lar um lar “luminoso e alegre” mas não disse
exatamente como fazer isso. Então queria dizer que, como aprendi há um tempo,
mesmo ideais grandes devem ter metas pequenas (até porque se não a gente
desanima e não sai do lugar) e por fim porque como dizia São Josemaria: não são
os grandes terremotos que geralmente abalam um edifício mas as pequenas
infiltrações que vão minando as estruturas pouco a pouco (e o contrário
portanto também é verdadeiro).
Então pra compartilhar um pouco dos pensamentos e metas que
eu pensei, vou fazer como quase sempre e escrever em “bullet points”. Devo
dizer que a maioria dos conselhos aqui contidos têm principalmente três fontes:
minha mãe (sempre ela!), meu diretor e ex diretores espirituais do Opus Dei e
algumas amigas que eu sei que têm muito preparo e presença de Deus. E por fim
também alguns conselhos que eu escuto de Deus durante a oração mental.
1)
O primeiro e talvez o mais difícil é como disse
Dom Javier Echevarria, o último prelado do Opus Dei morto em dezembro do ano passado: ter vida de ação e ao mesmo
tempo de oração- ser contemplativos no meio do mundo e dos nossos afazeres
diário, ser Marta e Maria (as irmãs de
Lazaro, amigos de Jesus). Uma coisa não vive sem a outra e um cristão vai estar
fazendo isso errado se ele optar por viver apenas de uma forma negligenciando a
outra. E isso por vezes pode ser difícil. Hoje em dia eu sou uma “full time
mum”: não trabalho fora e tenho pouca ou quase nenhuma ajuda. Desde que o Lucas
nasceu é pra mim um desafio não ficar mal humorada logo que eu acordo de manhã
e vou tropeçando em fralda suja que eu troquei durante a noite, garrafinhas de
água jogadas pelos cantos, roupas, brinquedos, livros, etc. Nessas horas eu
tenho que fazer o maior esforço por ser mais “Maria” e menos “Marta”: saber que
aquelas baguncinhas estão ali porque Deus no mínimo permitiu para que eu cresça
em paciência, espírito de serviço e outras virtudes e que não vale a pena- at
all- brigar e ficar de mau humor por causa disso. Como me ensinou uma amiga
querida: é muito bom que nós mães tenhamos ordem e deixemos a casa sempre limpa
e em ordem mas desde que isso não interfira na paz familiar!!
2)
Esse segundo conselho me foi dado pela minha mãe
e acho que se eu tivesse que dar um único conselho a pessoas recém casadas eu
escolheria esse. Então uma breve história pra explicá-lo: quando eu e o Matt
ainda estávamos namorando, eu discordei dele em relação a um ponto pequeno. Não
era nada de ordem moral mas era algo que eu sabia que no futuro poderia me
incomodar e até trazer brigas. Então eu comecei a contar pra minha mãe com
“aquele drama” (quase não faço isso...kkk) e eu me lembro exatamente do que ela
falou: primeiro ela escutou com toda a calma e por fim ela disse com aquela
sabedoria imensa: “filha, te entendo e consigo ver os dois lados: seu e do Matt
e acho que pode ser que você esteja realmente com a razão. Porém, vamos rezar
por duas intenções: pra que o Matt se convença de que você está certa e também
pra que ele chegue a essa conclusão sem que você tenha que falar nada. Assim
você lucra duas vezes” (e evita o atrito. Minha mãe sabe muito bem que evitar o
atrito no casamento é algo maravilhoso!!)
Gente, que sábio conselho! Não deu outra.
Bom, então passou um tempo e nós nos casamos e eu vim morar na Australia.
Quando fazia apenas alguns meses que nós estávamos casados, eu e o Matt fomos
ao supermercado e ele estava com o carrinho. De repente eu o vejo parar em
frente à bancada de maçã verde e pegar um saquinho e começar a colocar uma maça
verde, duas, três... ele pegou CINCO maçãs verdes! Eu pensei: “gente do céu,
pra que tudo isso de maçã verde??”. Eu acho que eu nunca havia comprado (até
aquele dia) nem uma única maçã verde, quanto menos cinco!! Ainda mais aqui na
Australia onde as frutas são tão caras! Assim que eu vi aquilo fui toda
vaporosa protestar quando o Espírito Santo deu uma travada na minha língua e eu
me lembrei do ensinamento da minha mãe na hora! Resolvi então fazer uma pequena
oração e ir oferecendo pra Deus... sério: não chegou nem no estacionamento e o
Matt olhou pra mim e falou: “acho que eu comprei muita maçã verde, né??”...kkk.
Hoje eu sempre fico pensando quais são minhas “maças verdes” de todos os dias:
coisas que eu posso ir oferecendo pra Deus e esperando que Ele mesmo mostre ao
Matt e que não valem a pena o conflito...
3)
Esperar o tempo de Deus. Depois que o Lucas
nasceu e eu acho que já contei bastante sobre isso aqui, nossa vida- minha e do
Matt- se transformou por completo. Foram seis meses sem dormir (faz uns dez
dias que isso vem mudando!). Quem já passou por isso sabe que não é nada fácil
e por isso esse é o título desse post. Eu me lembro de um dias pensar: “será
que algum dia eu e o Matt vamos voltar a fazer uma refeição juntos e de forma
tranquila?”. Me parecia que a resposta era não. Mas a boa notícia é que tudo
passa.. e até que passa rápido. Hoje, depois de pouco mais de seis meses nós já
conseguimos jantar praticamente todos os dias juntos (e pra isso nós o
colocamos pra dormir cedo pra poder ter um tempo só nosso), tomar um vinho,
rezar o terço, e até assistir um filme inteiro de vez em quando!! E nós somos
dois cinéfilos inveterados. Hoje, depois de todo aquele sufoco, eu fico pensando
que muitos casais devem se separar por não esperar esses tempos conturbados
passarem e até tirarem proveito deles...
Por fim, sobre isso, o Matt uma vez me
contou uma história que aconteceu com um homem da cidade onde ele nasceu aqui
na Astralia. Esse moço tinha um emprego super bom quando veio uma crise no país
e ele perdeu tudo. Ele caiu no desespero e matou a mulher, os três filhos e em
seguida se matou. Mais tarde naquele mesmo ano um tio seu morreu na Inglaterra
e deixou uma herança enorme que o deixaria tranquilo pro resto da vida...isso
me faz pensar que as vezes nós rezamos, rezamos e rezamos durante esses períodos
difíceis e a resposta não vem rápido. Mas Deus está escutando, com certeza. E melhor:
está usando isso para o nosso bem. Como dizia
Guimarães Rosa: “quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo”.
4)
“Multiplicar a alegrias e dividir as penas”. Eu
li sobre isso esses dias e achei muito legal: as famílias devem saber
multiplicar as alegrias e dividir as penas. E nós mães temos um papel
fundamental nesse ponto. Eu me lembro com muita clareza e um pouco de saudade
até, dos dias de dificuldade financeira pela qual eu e minha família passamos
no Brasil por um bom tempo. Eu me lembro que foi muito difícil e sofrido então
a aminha mãe sempre dava um jeito de ir alegrando todo mundo e nos fazendo
esquecer do monte de problema e da pressão pela qual nós estávamos passando. Eu
me lembro que toda sexta-feira ela preparava um lanche gostoso pra gente e
fazia todo mundo feliz. Ela sempre comprava o que um de nós gostava: uma esfirra,
uma cervejinha gelada, um cachorro-quente e todo mundo ia chegando, batendo
papo e de repente a gente já estava esquecendo de todos os problemas.
Nós também podemos lembrar que
podemos- e devemos- oferecer esses momentos difíceis por muitas intenções
nobres e especialmente por aqueles que amamos. No último recolhimento o padre
Peter contou uma história linda sobre Eleisabeth Leseur. Essa mulher era
católica e decidiu abandonar a fé. Depois de dois anos longe de Deus ela
percebeu que havia perdido a alegria e retornou à Igreja. O marido porém era um
baita de um ateu. Depois te um tempo casados ela descobriu que estava com um
câncer terminal que fez sofrer muito e por fim lhe tirou a vida. Depois que ela
faleceu, encontraram seu diário e no rodapé de todas as páginas estavam frases
dela oferecendo toda aquela dor por seu marido. Ele teve uma conversão enorme e
resolveu publicar sua biografia.
5)
Adquirir as virtudes necessárias à vida
conjugal. Esse é um ponto que me faz rir. Quem me conhece sabe o tanto que eu
AMO dormir! Sempre dormi pra caramba e uma amiga minha até me apelidou de
vassourinha porque onde eu encostava eu cochilava. E pra ser sincera, eu
deixava de fazer coisas importantes por causa do meu sono... Então uma vez
conversando com o padre Alexandre, meu antigo diretor espiritual (foi meu
diretor por mais de cinco anos), ele me falou assim: “Elisa, estão precisando
de ajuda no CENARPH. Você não pode ir ajudar?”. O CENARPH é uma instituição em
Ribeirão que ajuda meninas carentes. Eu então falei que poderia e ele, muito
esperto e querendo me ajudar na minha “preguiça matinal” disse: “Ok, muito bom.
É todo sábado as 8 horas da manhã”...kkkkk. Eu falei: “nossa padre Alexandre,
nem pensar!! Eu amo dormir de sábado de manhã! Fico esperando a semana inteira
pra isso...”. Eu me lembro que ele falou:
“Elisa, você acha que as mães podem
dormir até tarde todo sábado de manhã??”. Isso me fez pensar muito sobre o
assunto... até porque já havia um bom tempo que eu rezava pelo meu José e nada
de ele aparecer....
bom, ironia das ironias, meu filho é uma
criança forte e saudável MASSSS me deixou 6 meses sem dormir...feliz de quem
tem um bom diretor espiritual! Aliás, esse seria o segundo conselho que eu
daria aos casais..
6)
Estar sempre “arranjada”. São Josemaria dizia
que a mulher deve estar sempre “arranjada” para o marido. Esse pode parecer um
detalhe ou até besteira mas não é.
Eu tenho amigas que depois que se tornaram mães
falaram que até se esquecem de tomar banho e se arrumar. Eu super compreendo
mas também acho muito perigoso. Nós nos esquecemos que nossos maridos nos
conheceram quando nós costumávamos (pelo menos eu era assim) estar sempre
arrumadas, cheirosas, unha e cabelos feitos, etc. De repente mudar tudo isso é
sacanagem, né? Eu costumo dizer que antes do Lucas nascer eu usava maquiagem
porque eu gostava, agora eu uso porque eu preciso. ..kkkkk. Eu não arrisco sair
de casa sem maquiagem hoje em dia....kkk
A não ser que você sempre tenha
tido um estilo super “low profile”, não caia nessa de desencanar totalmente da
vaidade... fazer um pequeno- ou grande- esforço nesse quesito vale a pena! Por nós
mesmas inclusive. Pra mim as vezes é bem difícil e eu faço uma ginástica enorme
pra conseguir isso. Isso porque o Matt chega todos os dias umas 6pm e é bem na
hora do Lucas tomar banho. Dar banho no meu filho significa ficar descabelada,
encharcada e etc. mas eu tento sempre dar um pulinho em frente ao espelho pra
dar aquela garibada....
Por hoje é só.
Mil beijos e fiquem com Deus!